O movimento de Black Friday surpreendeu o varejo gaúcho. Os balanços ainda não forem fechados e as vendas contabilizadas porque as promoções romperam a sexta-feira oficial da campanha de 29 de novembro, mas a avaliação de dirigentes e validação de consumidores mostram que a data esquentou o fechamento do ano. Também, como constatou a coluna Minuto Varejo em centros comerciais de Porto Alegre, a Black serviu também para antecipar presentes e itens para o Natal.
"Compramos para Natal, Ano-Novo e praia", resumiu a dona de casa Daniela Mietlicki e as duas filas Helena e Joana, que deixaram a cidade de Santa Vitória do Palmar, na Região Sul do Estado, para aproveitar as promoções na Capital.
"Não temos shopping na nossa cidade. Quando viemos para a Capital, aproveitamos", resumiu Daniela. A médica Denise Müller avisou: "Resolvi a roupa da formatura", comentou Denise, com as sacolas em mãos, deixando o Iguatemi Porto Alegre.
"Compramos para Natal, Ano-Novo e praia", resumiram Daniela e as filhas Helena (dir) e Joana
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A Linx, do grupo Stone (maquininhas) e que acompanha registro de vendas, apontou vendas do e-commerce na sexta-feira 76% acima da quinta-feira e 4% à frente da Black de 2023. Marketplaces tiveram aumento de 24% no faturamento em relação à campanha do ano passado. Na semana, de 25 a 29 de novembro, a receita teria avançado 45%. Lojas físicas de moda, vestuário, confecção e calçados tiveram alta de 23% nas vendas ante 2023 e 33% frente a qunta-feira.
"Movimento excepcional. A performance tanto de lojas âncoras como satélites foi fantástica. Explodiram, no bom sentido", diagnosticou a gerente-geral do Iguatemi, Nailê Santos. "O fluxo foi excepcional na sexta-feira e seguiu no sábado", anotou Nailê. A executiva fez uma ponderação. "As marcas que investiram em estratégia pesada, com vantagens relevantes e divulgando aos clientes, tiveram sucesso estrondoso, com crescimentos expressivos", credita Nailê.
Loja da Sephora, de cosméticos, ficou tão lotada quem era difícil de entrar e circular
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Lojas de diferentes marcas estavam repletas de clientes. Algumas como na Sephora, de cosméticos e na área onde estão mais grifes internacionais e de luxo do complexo, estava difícil até de entrar devido à lotação. Consumidores com cinco ou mais sacolas nas mãos deixando o empreendimento era regra nesse sábado, quando a coluna conferiu o movimento. A informação era que em outros estabelecimentos também se repetia o fluxo intenso.
Vilson Noer, presidente da Federação AGV, avaliou que a campanha "foi sucesso de vendas". "Uma das melhores dos últimos anos. O crescimento deve ser na base de 7% a 10% sobre 2023", aposta Noer. Uma das alavancas, cita o dirigente, foi a primeira parcela do 13º salário, depositada na sexta-feira, justamente no dia oficial da Black.
Noer observa que, mesmo sendo um clássico na lista de compras do período, pelo nível de descontos e valores, "os bens duráveis foram muito bem, mas produtos não duráveis também surpreenderam nas lojas físicas", constata Noer.
Vendedora Andressa comemorou o movimento para compra de Natal: "Oito a cada dez clientes"
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No Bourbon Ipiranga, do Grupo Zaffari, a vendedora do quiosque da marca de chinelo Havaianas deu a medida: "De cada dez clientes, oito estavam comprando presentes. A temporada de Natal começou bem", aposta Andressa Silva, que não espera demanda esvaziada em dezembro, mas mais vendas.
No Shopping Total, a Black na sexta-feira e ainda largada da campanha natalina, com sorteios e brindes, somaram-se no impulso às vendas. "A promoção já teve início com fluxo de troca de notas bem maior que o normal. Foram 30 mil pessoas aqui só na sexta", atesta a gerente de marketing e comercial do Total, Silvia Rachewsky.
"Muitas lojas registraram alta de 8% a 12% nas vendas em relação à campanha do ano passado. O fluxo foi 16% maior", dimensionou a gerente, que espera mais demanda de Natal.
No Shopping Total, campanha de sorteio e descontos da Black puxaram fluxo desde sexta-feira
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O presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva, reforça que a data promocional teve bom desempenho, puxado, avalia ele, pela reposição itens, seja de quem perdeu na enchente ou de quem doou e esperou a data para comprar produto novo.
Em pesquisa antes da sexta-feira, a entidade tinha detectado que eletrodomésticos e vestuário iam ser os mais buscados. "Edições anteriores da Black Friday tinham mais eletroeletrônicos como mais procurados", cita Piva.
Sobre a antecipação de compras, o presidente da CDL-POA avalia que a Black "não matou o Natal". "Vamos ter demanda para o fim de ano. O importante é que o somatório das duas datas é positivo e consagra o fim de ano como o mais relevante para o setor", analisa Piva, que vê uma trajetória de aquecimento nas vendas, meses após os eventos climáticos de maio. "Não podemos nos queixar."