A Black Friday de 2024, sexta-feira, 29 de novembro, vai testar os limites do time comandado pela gerente do único centro de distribuição (CD) da gigante Amazon no Sul do Brasil. "Em outubro, a gente bateu 100% de ocupação. Agora, vamos para a operação de Black com o maior inventário (fluxo de mercadorias) na história do CD", descreve Ana Laura Bueno, enquanto percorre o pavilhão no parque logístico.
A Amazon não divulga números absolutos de quanto é "o maior nível de ocupação da história" do complexo dentro do 3SB Parque Logístico, à margem da BR-386, pouco antes da entrada na cidade de Nova Santa Rita. Ou seja, quantos pacotes são expedidos ou quantidade de itens.
Detalhe: o CD foi inundado em maio, no evento climático histórico que abateu o Rio Grande do Sul e repercutiu mundialmente, foi praticamente remontado, reabriu em 1 de julho, em setembro teve reinauguração e, em outubro, atingiu plena capacidade, conta a gerente.
Na Black, Ana diz que seu time, que alcança quase 900 pessoas, com reforço de quase 400 "associados", como os funcionários são chamados na relação do dia a dia, temporários, mais que dobra o processamento de produtos.
"Dá duas vezes e meia o fluxo normal", compara ela. O ritmo ganha mais aceleração no "esquenta" que a gigante abre nesta sexta-feira (22). Mas a maratona do calendário de descontos abre antes, em 4 de novembro. Produtos começam a ser ofertados, seguindo uma lógica dos mais requeridos.
Estrutura tem estantes com 12 metros de altura onde ficam mercadoria de médio e grande porte
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Internamente, mercadorias chegam nas docas e depois são separadas e alocadas em prateleiras e estantes gigantes para serem buscadas para envio aos consumidores. Ana cita que tem dias com mais venda de fraldas, outro de amaciante de roupas e de bebidas. Parece um grande supermercado ou é mesmo, só que o cliente espera no endereço o item que comprou.
Boa parte das mercadorias que devem ser vendidas na semana (agora não é mais só a última sexta-feira do mês) já está armazenada no CD. "Tem ainda um certo volume (produtos) chegando, mas como já está no Esquenta Black Friday, a gente já conseguiu receber todo esse volume e está preparado", detalha a gerente.
Já o dia D (decisivo), ou F (Friday) ou S (sexta) começa a megaoperação à zero hora do dia 29. "Quem compra nas primeiras horas recebe antes. Quem deixa para mais tarde vai ter pedido mais à frente", avisa a gerente.
O CD atinge a capacidade, mas eroda sem parar, 24 (horas) por sete dias. Este ano o quadro permanente de 500 pessoas ganhou quase 400 mais, que já foram treinadas para as funções logísticas.
Do total de temporários, 70% é alocado na lida com os produtos. Parte dos temporários pode ser absorvida, o que é rotina ano a ano, com maior nível da atividade em Nova Santa Rita.
Ana comanda quase 900 "associados", 400 deles com contrato temporário para Black Friday
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Segundo Ana, a escalada do processamento é ano a ano e campanha a campanha. "A Black de 2023 foi maior que o Prime Day (ação exclusiva da Amazon feita em julho) do ano passado. Este ano será maior (não tivemos o Prime devido à inundação) que a última Black", observa ela.
A semana que vai marcar o recorde de volumes terá também programação para engajar o time e descontrair, devido à carga e o ritmo da temporada premium de vendas do e-commerce. "Tem noite de pijamas, show da Xuxa. Quem coloca a peruca loira sou eu", descontrai Ana.
Mesmo com a capacidade chegando no teto (no pavilhão, os racks (estantes) de paletes tem 12 metros de altura), a Amazon não fala em ter outro CD. Ana comenta que a estrutura pode ganhar mais andares, o que já foi solução em outros CDs da companhia no Brasil. A tendência também no futuro é ter mais recursos automatizados para agilizar o serviço de recepção, separação e empacotamento de itens.
Hoje o CD gaúcho tem sistemas digitais que já indicam tamanho de embalagem conforme os itens comprados. A inteligência artificial (IA) também é usado para rodar a rotina com mais previsibilidade e soluções identificadas em meio à operação, para ajudar os trabalhadores.
O "associado" que fica na estação de trabalho já recebe na tela de um dispositivo do tamanho de um tablete o tamanho da caixa ou envelope certos para cada pedido. Mas a movimentação com carrinhos é feita pelas equipes, levando produtos para as estantes ou buscando o item comprado pelo site.
A coluna Minuto Varejo conheceu um dos CDs mais tecnológicos da gigante nos Estados Unidos, que fica em Mountain Juliet, 30 minutos de Nashville, a capital da música country do país. No MQY1 - o nome do CD se refere ao aeroporto mais próximo (o de Nova Santa Rita é POA1, alusão ao aeroporto de Porto Alegre), há robôs que atuam em transporte de carrinhos com pacotes e para checagem de etiquetas de envio. A atuação visa a reduzir o trabalho mais pesado das equipes e elevar a velocidade de expedição. No Brasil, não há CDs ainda com uso de robótica.
Seja em Mountain Juliet ou em Nova Santa Rita, o foco da Amazon é o mesmo: rapidez no processamento, dando conta do que o consumidor colocou no carrinho de compras da plataforma, e no envio ao destino.
O transporte do CD para o endereço é feito por terceirizados, como nos Estados Unidos. No Rio Grande do Sul, a companhia abriu 200 vagas para prestadores e já colocou em funcionamento a estação de entrega em Canoas, para operar com entrega em tempo mais curto no raio mais perto, na chamada última milha.