"Não desvenda!", apelou o empreendedor em série e fundador da Softbox, comprada pela Magazine Luiza, Ricardo Rocha, gerando certo burburinho no público do Varejo 360, maratona promovida pela Fecomércio-RS nesta terça-feira (29), sobre temas da ordem do dia do setor.
Passaram pelo palco central, com público mega atento ao redor, assuntos como compra digital e no físico, inteligência artificial (IA), gerações de vendedores e de consumidores, futuro da loja, como atuar em equipes e como dar conta do que o consumidor busca.
O evento, com palestrantes regionais e nacionais, foi na sede da federação, que retomou a operação, ainda não completa, no complexo na Zona Norte de Porto Alegre. O presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, exclamou com um "Ufa!" o alívio de estar de volta ao local e destacou que o Varejo 360 valoriza um dos setores que mais contribui para o Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul (PIB).
Fundador da Softbox disse que 9 a cada 10 consumidores decidem no online o que comprar
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
"O evento também é a primeira atividade nossa externa grande", citou Bohn. "O comércio é muito importante e vive momento de grandes desafios", destacou o dirigente.
O pedido, em tom de alerta, de Rocha se dirigiu ao desfecho da compra na loja e confirma o que vem sendo repetido por muitos especialistas. Contrariamente a previsões de que o ponto físico iria acabar com a evolução da digitalização, não morreu, mas mais de 90% da "venda" começa hoje pelo canal online.
"As pessoas já avaliaram a loja, já leram as avaliações. Se elas foram lá (ponto físico) é porque estão certas que podem comprar. Se você (lojista ou vendedor) não atrapalhar, elas compram", cutucou Rocha. "Sai da loja", reforçou o fundador da Softbox, que já criou mais de cinco empresas e vendeu, tem sete agora, sendo uma, a Blips, que tem parte do quadro com robôs virtuais movidos a IA.
Rocha ainda deu gancho para um tema que os colegas de palco iriam tocar muito: "As pessoas dizem que o atendimento faz toda a diferença na hora de comprar". O empreendedor em série também preveniu que os líderes precisam deixar o palco para os liderados. “O papel dele é transmitir, é formar, dar autonomia às pessoas”, recomendou Rocha.
Rocha, da Pmweb, recomendou que o lojista invista no cliente mais fiel à marca
UILLIAN VARGAS/DIVULGAÇÃO/JC
Guto Rocha, vice-presidente de marketing e vendas da Pmweb, recomendou que os empreendedores sejam obcecados pelo cliente e busquem produtos que ele quer e não o que a empresa quer vender.
“Tem gente que falta cinco minutos para fechar a loja, chega cliente e diz que não pode atender", lamenta Guto. Uma tática para ter mais resultados é buscar clientes que mais gastaram num ano para ter recorrência. "Se conseguir que o consumidor mais engajado gaste mais, parabéns, você fez seu trabalho. Aposte nos clientes fiéis e devotos da marca”, orientou.
O coordenador de varejo do Sebrae-RS, Fabiano Zortéa, citou pesquisa da entidade que indica que a maioria das empresas gaúchas quer manter ou expandir os negócios e indicou a atenção às gerações como um item que precisa ser encarado.
"Não é um bom negócio discutir sobre quem está certo ou quem está errado, tem de buscar uma intersecção. Varejo é querer ficar, não é retenção", demarcou ainda Zortéa, lembrando que o temor que muitos varejistas têm de novas tecnologias, como IA, deve ser superado por maior abertura à inovação.
Mas também é fundamental, antes de investir em novas tpecnologias ou aderir a novidades, precisa, por exemplo, fazer um bom atendimento elo WhatsApp, ferramenta que é muito buscada pelos clientes no Brasil, país que lidera o uso do aplicativo de mensagens.
O coordenador do Sebrae-RS falou ainda sobre a tendência de localismos, com valorização das comunidades, o que pode favorecer ainda mais negócios pequenos que consigam ter proximidade com seus públicos.
Loja precisa saber se o que está entregando é o que os clientes buscam, adverte Patricia
UILLIAN VARGAS/DIVULGAÇÃO/JC
A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patricia Palermo, deu um recado bem prático para quem tem de administrar a condição financeira e as mudanças or que passa o varejo, que estão aí, avisou ela. "Tem gente que resiste a mudar de ponto físico, mas se a cidade mudou, vai ficar no mesmo lugar?", provocou a economista.
Patricia destacou que é preciso "se concentrar mais no básico bem feito, no que o varejo está devendo", o que envolve desde a parte de gestão, estoques, como estão resultados e se o que a empresa faz atende o que os clientes buscam.