O mundo das plataformas de e-commerce está mais perto do Brasil. Além de players gigantes como Amazon, Mercado Livre e Shopee, com operações logísticas dentro do território brasileiro e ampliando, o mercado interno deve ganhar maior projeção (ainda não está entre os dez maiores do mundo em vendas nos canais eletrônicos) com a nova investida do chinês AliExpress, do grupo Alibaba, líder no varejo digital na China (e no mundo).
O marketplace passa a dividir (ou melhor, compartilhar) estruturas de comércio com a varejista Magazine Luiza. Todos estão de olho no potencial local, que ainda tem muito a avançar. Em 2023, estimativas indicam que a receita de e-commerce ficou em US$ 40 bilhões (mais de R$ 200 bilhões). A cifra deixa o Brasil ainda distante dos 10 maiores do mercado mundial, liderado pela China (pouco mais de US$ 3 trilhões ou R$ 16,5 trilhões) e Estados Unidos (US$ 1,2 trilhão ou R$ 6,6 trilhões), segundo projeção do EMarketer, que pesquisa e analisa dados de vendas digitais.
As duas grifes do comércio on-line - a brasileira também no ponto físico -, passaram a operar conjuntamente seus marketplaces, implementando acordo firmado no primeiro semestre deste ano. A largada foi em 13 de outubro, segundo nota do Magalu. "A parceria prevê que o AliExpress venda nos canais digitais do Magalu itens da sua linha Choice (escolha, em inglês), serviço de compras premium que oferece uma curadoria de produtos com o melhor custo-benefício e velocidade de entrega. O Magalu, por sua vez, oferece produtos de estoque próprio (1P) na plataforma brasileira do AliExpress", descreve a varejista que já foi comandada pela empresária Luiza Trajano, hoje à frente do conselho de administração da companhia. A parceria é inédita para as duas frentes: a plataforma chinesa terá produtos em um terceiro no mundo (Magalu), e o braço do Brasil entra como seller (vendedor) em outro marketplace, o chinês. Os produtos do Magalu no AliExpress são identificados com um selo nas categorias como eletrodomésticos, eletroportáteis, móveis e brinquedos. A entrega dos produtos será feita por meio dos centros de distribuição e hubs da varejista brasileira. "Nossas mercadorias são complementares ao portfólio do AliExpress", observa, em nota, Raul Jacob, diretor de marketplace da rede brasileira.
Pelo aplicativo do Magalu, produtos do site chinês nas categorias de eletrônicos, acessórios, casa e decoração, casa inteligente e outros (que os consumidores do Brasil já estão acostumados a comprar) estarão como "Compra Internacional". O processo de envio segue as regras do "Remessa Conforme", instituído em 2023 pelo governo federal em meio à polêmica da isenção de tributos para compras do exterior de até US$ 50,00, que deixou de existir. Um atrativo que as duas marcas apostam é o parcelamento em 10 vezes sem juros, modalidade de pagamento que não costuma ser ofertada no fluxo internacional. Para a largada, Magalu e AliExpress ofereceram também descontos que podiam ser usados nas 1,2 mil lojas físicas da rede no Brasil. O Magalu tem cerca de 36 milhões de clientes ativos. Em 2023, o canal vendeu R$ 63,1 bilhões, sendo R$ 43 bilhões no e-commerce. O marketplace, criado há sete anos, somou R$ 18 bilhões em vendas, alta de 17% frente a 2022. O AliExpress, o braço internacional do Alibaba, existe desde 2010 e está entre os mais populares no mundo. Consumidores de mais 100 países usam o canal para comprar.
10 maiores mercados em 2024 (receita estimada de vendas)
 China: US$ 3,07 trilhões
 Estados Unidos: US$ 1,2 trilhão
 Reino Unido: US$ 220,2 bilhões
 Japão: US$ 169 bilhões
 Coreia do Sul: US$ 136 bilhões
 Índia: US$ 115,7 bilhões
 Alemanha: US$ 98 bilhões
 França: US$ 87,4 bilhões
 Canadá: US$ 83,6 bilhões
 Indonésia: US$ 79,4 bilhões
Fonte: EMarketer