Da inteligência artificial (IA), teto do Simples Nacional à inadimplência e concorrência das bets (apostas digitais) que estão tirando o sono de varejistas. O cardápio começou quente na largada da 49ª Convenção Nacional do Comércio Lojista, que atrai quase 3 mil pessoas a Balneário Camboriú, no litoral catarinense, a cidade mais verticalizada do Brasil.
O palco é o Expocentro, um mega complexo, com mais de 33,5 mil metros quadrados de estrutura de causar inveja aos gaúchos, especialmente ao trade de negócios porto-alegrense, que tenta há anos erguer um local para impulsionar o setor de eventos.
O tema é Omnivarejo 2024: uma nova experiência nas relações de consumo, que resume o momento do setor, que une digital e o físico, a cultura da transformação derruba a fronteira entre os dois mundos.
O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que lidera o evento, José César da Costa, resumiu a emergência e impacto das inovações: "A tecnologia que, ao longo dos séculos, foi impulsionada pela necessidade do homem, agora se revela impulsionadora de relacionamentos e negócios", constatou Costa, citando também a demanda de lidar com os fenômenos climáticos.
O Rio Grande do Sul foi lembrado na largada da convenção na noite dessa quinta-feira (19). O presidente da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner, agradeceu ao Brasil por ajudar o Estado. "Tivemos uma primeira inundação que arrasou mais de 300 cidades e uma segunda, que foi a ajuda de todo o Brasil", reconheceu Pioner.
O presidente do Conselho Deliberativo do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, advertiu para a elevação a inadimplência tanto entre empresas como entre consumidores. "Chega a 31% entre pessoas jurídicas e 44% entre pessoas economicamente ativas adultas", citou Pellizzaro, indicando que a alta da Selic, decidida esta semana pelo Banco Central, deve turbinar mais este indicador. "Podemos ter uma explosão de taxas", advertiu.
Onildo Dalbosco Júnior, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL-SC), reforçou que o setor vive uma "nova experiencia nas relações de consumo".
Em meio aos discursos, teve também vaia, quando o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, que é ligado ao PT e foi prefeito de Blumenau, falou de medidas do governo federal, desempenho da economia e metas de programa para desenvolvimento industrial e inovação. Ficou claro que os gritos mostravam mais a oposição catarinense, que virou nos anos recentes polo de apoio a Jair Bolsonaro e outros nomes mais da direita.
Lima falou por vídeo antes de Márcio França, ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que foi ao palco e provocou a plateia sobre a força do setor para conseguir mudanças. França, ex-governador de São Paulo, citou que o Brasil tem mais de 90 milhões de empreendedores e provocou o setor a se mobilizou para ter as mesmas condições de acesso a recursos.
"Queremos as mesmas condições de outros setores e das grandes empresas", comparou o ministro, ciando o setor do agronegócio e de outras áreas da atividade econômica.