Um negócio que não se concretizou há 10 anos acabou dando certo agora mas de um jeito diferente no setor de alimentos que chegam ao mercado. A líder de massas frescas no Rio Grande do Sul acaba de arrematar a marca que já foi de sua maior rival e prepara o retorno dos produtos ao mercado até novembro.
O negócio envolve a Italiany e a Pavioli, conhecida pela massa para pastel, pastelão e pizzas, e que já foi líder do segmento. A empresa gaúcha entrou em recuperação judicial (RJ) em 2013, convertida para falência, após a enchente recente que arrasou o parque fabril em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).
O diretor e um dos donos da Italiany, com sede em Sapiranga, região calçadista do Vale do Sinos, Paulo Taschetto, conta que, em 2014, a empresa tentou comprar a operação da concorrente.
"Fizemos uma aproximação com a família proprietária e formalizamos um contrato de intenção. Mas por questões ligadas à parte trabalhista e tributária, o nosso jurídico recomendou que não valia correr riscos", explica Taschetto, que comanda a empresa junto com o irmão Alessandro.
A Italiany foi criada pela mãe dos diretores, Sueli Almeida Naissinger. Ela começou o negócio fabricando pizzas na garagem de casa, em 1994.
"Acabamos comprando a marca em leilão 10 anos depois e quando nossa empresa completa 30 anos", relaciona o diretor.
O remate custou R$ 650 mil. Pelo menos 11 concorrentes estavam no certame recente, registra Taschetto. "O valor inicial era de R$ 350 mil e tinha muitos lances. Mas demos um salto um pouco maior, o que travou a negociação. Nossa estratégia deu certo e vencemos", comemora ele.
A compra fazia parte do plano de ampliar o portfólio buscado uma nova marca, e a Pavioli entregava um quesito: "admiração do consumidor". "Sempre foi grande referência do setor. Agora nossa missão é seguir o legado e manter a tradição da marca", compromete-se o sócio.
Irmãos Alessandro (esq.) e Paulo Taschetto tentaram comprar a concorrente em 2014
ITALIANY/DIVULGAÇÃO/JC
A volta da Pavioli ao mercado já está definida. Taschetto espera que, em fim de outubro ou começo de novembro, os produtos estejam saindo da fábrica para os pontos de venda. A Italiany aguarda o trâmite judicial, para liberar o uso da marca. Os novos donos ainda não podem fazer nada com a adquirida antes disso. Isso deve levar 30 a 45 dias, projeta o diretor.
"Mas nosso time comercial já está fazendo contatos com redes de varejo e outros pontos de venda. Muitos clientes nossos já estão querendo saber quando a Pavioli volta e se já podem fazer pedido", anima-se o novo dono.
A marca seguirá com o design antes da paralisação da produção. A antiga dona, com mais de 60 anos de operação, tinha feito uma atualização no visual. A linha também terá os mesmo itens, de massa de pastel, macarrão, capeletti, pizza, pastelão e folhado. A Italiany deve testar também a formulação original dos produtos. O salgadinho Paviolito também entrou no pacote de compra.
O primeiro alvo será o mercado gaúcho, mas a ideia é retomar a inserção em Santa Catarina, no Paraná e em São Paulo. A Pavioli foi líder da categoria de massas frescas até começo dos anos 2010. O mercado ganhou mais players.
Para dar conta da "nova marca" no parque fabril, a Italiany vai usar 30% de capacidade ociosa atual. "Mas já estamos fazendo estudos para ampliar a capacidade em 2025", adianta o diretor. A empresa investiu R$ 30 milhões nos últimos cinco anos com nova planta. A capacidade instalada não é revelada. "Questão estratégica", diz Taschetto.
O portfólio da Italiany já teve reforço este ano com linhas de tortei e torteloni. A receita cresce 20% ao ano. O valor nominal não é informado. A empresa tem 250 funcionários e coloca os produtos em 5 mil pontos de venda no Estado e ainda nos outros dois estados do Sul.
Recentemente, a Italiany vendeu a primeira carga de 22 toneladas de massas frescas, incluindo capeletti, para uma rede de atacarejo de Pernambuco.
"Com o calor que faz lá, as pessoas querem capeletti, que á mais consumido como sopa aqui. Lá devem fazer com molhos", comenta Taschetto. "Vamos ver a aceitação, mas queremos vender mais".