Um dos imóveis da maior varejista brasileira, o Carrefour, que chegou a ter hipermercado da bandeira por alguns meses, foi arrematado por um grupo gaúcho que atua na área imobiliária. O prédio, que fica em uma cidade do Vale do Rio Pardo, será ocupado pelo formato mais queridinho entre os grandes supermercadistas: o atacarejo.
O ativo localizado na avenida Paul Harris, em Santa Cruz do Sul, agora é da carteira do grupo Dallasanta, com sede em Porto Alegre. O empreendimento tem 8,1 mil metros quadrados de área de loja e 18,8 mil metros quadrados construídos. "Foi um preço bom", diz o CEO do grupo gaúcho, Cristiano Caetano, que, por regra contratual, não pode revelar a cifra da aquisição.
O Dallasanta têm carteira de
mais de 500 matrículas no mercado imobiliário, entre complexos comerciais (
Paseo Zona Sul, Olaria e Trade Orla, em Porto Alegre, por exemplo), unidades e terrenos locados para empreendimentos de varejo e outros segmentos, além de
incorporações e mega loteamentos.
O Carrefour tem mais ativos à venda, mas o Dallasanta se limitou a esse negócio. "Olhamos os outros e não fechamos", acrescenta Caetano.
A futura operação será da bandeira Fort, do grupo Pereira, sétimo do varejo de autosserviço do País, que locou o ponto dos novos proprietários. Este modelo de implantação é muito comum no ramo supermercadista. Muitos fazem acordo para alugar o terreno e erguer a loja. Em Santa Cruz do Sul, a vantagem é que a unidade está pronta, encurtando prazos para a inauguração.
A cidade, conhecida por ser polo fumageiro, tem ainda outros atacarejos: os gaúchos Stok Center (Comercial Zaffari) e Desco (Imec) e o também catarinense Via.
"É importante ter mais lojas para geração de emprego e renda. A cidade é bem colocada logisticamente e atrai demanda de outras cidades da região. É interessante para o desenvolvimento da economia local", aposta Ricardo Bartz, presidente da CDL de Santa Cruz do Sul.
Com o Pereira, o grupo imobiliário também conversa sobre futuros pontos em Porto Alegre. O vice-presidente da companhia dona do Fort, João Pereira, informou à coluna que a intenção é abrir duas lojas na Capital em 2025. Uma delas deve ser entre as Zonas Leste e Norte.
Há unidades do Carrefour fechadas na Capital, onde foi BIG, na avenida Sertório, na Zona Norte. Em Rio Grande, o imóvel do ex-BIG é do grupo Real, dono das bandeiras que foram vendidas ao português Sonae, que depois transferiu ao norte-americano Walmart, que, na sequência, negociou com o grupo BIG, último dono antes da companhia francesa assumir tudo em 2021.
Será a primeira filial do Fort Atacadista, do grupo Pereira, fora da Região Metropolitana e da Serra. A loja vai ser em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. São 255 postos de trabalho já em seleção que ocorre esta semana em feirão na Câmara de Vereadores, na rua Fernando Abott, 940. A marca também vai inaugurar uma loja em Novo Hamburgo, até fim de novembro, com 250 vagas.
O curto tempo de Carrefour no imóvel de Santa Cruz do Sul - o hipermercado sucedeu um BIG -, coincide com a decisão da varejista de se desfazer de pontos e ativos comprados nos anos recentes. Além de BIG, também unidades do Maxxi Atacado e Nacional entraram na revisão de portfólio.
Em Xangri-Lá, o Nacional foi comprado recentemente pelo Imec, para montar o atacarejo Desco, que deve abrir neste segundo semestre.
O Pereira tem hoje três filiais no Estado, situadas em Canoas, Caxias do Sul e Viamão. A expansão prevê duas novas lojas este ano - além de Santa Cruz do Sul, terá uma em Novo Hamburgo -, e mais seis unidades em 2025.
O ritmo "forte", num trocadilho com o nome da bandeira, deve somar R$ 500 milhões em investimento, segundo o vice-presidente da varejista.
"Quando muitos tiram o pé (acelerador), apostamos em nosso desempenho", explica o empresário, que projeta faturamento bruto de R$ 15 bilhões este ano, com 12 aberturas, três no Estado. A cifra é 13,6% maior do que a de 2023, de R$ 13,2 bilhões. No ano que vem, serão 14 filiais, quase a metade no mercado gaúcho.