"Parece um shopping de atacarejo." Esta foi a primeira percepção que supermercadistas do Centro Oeste do País tiveram ao chegar em frente ao atacarejo Cestto, do Grupo Zaffari, na avenida Wenceslau Escobar, na Zona Sul de Porto Alegre, segunda parada do roteiro de visitas técnicas para conhecer modelos de lojas. "E um atacado premium", definiu Fabrício Lopes, que tem loja no segmento em Goiânia.
A agenda
integra a Expoagas 2024, promovida pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). O tamanho da unidade, a
segunda do grupo e que estreou em junho passado, e o painel gigante vermelho da fachada chamaram a atenção em meio à atividade que antecedeu a feira, que começa nesta terça-feira (20) no Centro de Eventos da Fiergs, na Zona Norte da Capital.
No Cestto, varejistas de fora do Estado ficaram surpresos com o perfil "premium" da loja
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Cerca de 60 varejistas jovens do setor, a maioria de fora do Estado, fizeram a incursão pelo Cestto, e pela única filial do grupo Asun em shopping center, com mix único dentro da família da rede, no Pontal Shopping. A Agas Jovem montou o roteiro para dar conta de demandas de cada perfil de negócio entre os participantes do giro de conhecimento. O foco é
Entre os participantes, estavam sucessores de varejos em diversos estados que atuam nas lojas das famílias. Muitas operações em expansão, buscando agregar serviços e ainda tendo de reagir ao avanço de formatos como o dos atacados.
No Asun Pontal, o supervisor Glênio Novakowski detalhou as características da operação, aberta em fim de 2023. Nos mais de 2 mil metros quadrados, a rede combinou mix com forte atenção à padaria, hortigranjeiros, rotisseria, bebidas, com mega adega, e flores, além de café. São apostas que, na combinação do Pontal, não se vê em outras filiais.
Novakowski, do Asun, explicou que porções de refeições atraem público no shopping
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"É uma filial diferenciada por estar em shopping. Temos um movimento muito forte em fins de semana", cita o supervisor. "É um mix mais completo", frisou Novakowski.
De Goiânia, Lucas Cardoso ficou atento a informações sobre como a rede Asun faz a gestão de perdas e um fundo falso no balcão da padaria. "É uma parte decorativa para não ter de ocupar todos os espaços. No fim de semana, a gente remove o painel e enche de itens, pois o movimento é muito maior", esclarece o supervisor.
Ana Laura e Cardoso têm mercado em Goiânia e querem levar referências da rede gaúcha
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Na rotisseria, por exemplo, a quebra é zero e chega a esgotar as opções de comidinhas. "Temos uma perda muito grande, que é muito comum no setor. Nada aqui é perdido e não falta nada", elogiou Cardoso. Em Goiânia, a família dele está mudando o perfil da loja de empório para supermercado de vizinhança e projeta abrir 10 pontos nos próximos anos.
A supermercadista do Espírito Santo Lorena Calvi ficou encantada com o serviço de comidas prontas e quentinhas, para refeição individual, e comas porções de frutas cortadas.
"A gente não trabalha lá com este tipo de produto, achei bem interessante. Vamos avaliar o custo e ver se dá até pra aproveitar algumas frutas", comenta ela. Lorena gostou do ambiente, das cores das áreas e da qualidade.
Lorena, de Vitória (ES), aposta no modelo com rotisseria e cortes de frutas
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"É uma questão de organização e tudo faz a gente repensar um pouquinho a nossa loja", traçou a varejista capixaba, citando que o desafio para pequenas lojas, como a da família, dona do Supermercados Calvi, com quase 50 anos, é agora a concorrência das grandes redes de atacarejo, que estão expandindo para o Estado.
"A gente tem de ir além de preço, já que não conseguimos bater os grandões. Nossos concorrentes fazem a gente pensar um pouquinho fora da caixa e achar novas soluções", comenta Lorena.
João Arthur Falquetto, da rede Falquetto, também do Espírito Santo, viu, no exemplo da rotisseria na loja do Asun, um nicho importante para trabalhar mais serviços nas duas unidades que a família tem no estado. "Acho que a gente atrai um público diferente, ainda mais em uma loja que funciona dentro de um shopping, que é um lugar com custos mais altos", avalia Falquetto.
Falquetto, do Espírito Santo, aponta diversas oportunidades de fidelizar clientes
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Para varejistas de pequeno e médio porte, como o capixaba, a alternativa que vem sendo cada vez mais explorada por outras redes gaúchas - de ofertar porções de refeição pronta -, é um caminho para atrair um cliente que talvez não entraria no super.
"A pessoa que entra para comprar na rotisseria acaba também buscando outra coisa para casa, como um vinho. Resumindo: a rotisseria coloca o cliente dentro da loja todo dia e você pode vender mais coisas por tabela", aposta o sócio do Mercado Falquetto.
Gaúchos Ávila (esq) e Keil citam que a loja entrega serviço em cada metro quadrado
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"É uma loja que entrega muito serviço", reforça o Diego Keil, do supermercado Osana, de Novo Hamburgo.
"A unidade é completa. Cada metro quadrado tem uma surpresa quando se fala em serviço", emenda Andrei Ávila, da rede Ávila e , que tem super e atacado. Os dois jovens destacam é preciso dar conta de clientes que buscam conveniência, compra rápida e porções de acordo com o tamanho da família.
O atacarejo do Zaffari chamou a atenção principalmente de varejistas que são do Centro-Oeste e Sudeste, com maior concentração de grandes bandeiras do formato, como Assaí e mesmo Atacadão, do grupo Carrefour e conhecido dos gaúchos.
"Nas lojas lá (em Goiás), não é assim", confronta Lopes, sobre atacarejo gaúcho e na sua região
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"O modelo é o mesmo, mas a execução é diferente. Os nossos ficam mais no suporte de paletes (prateleiras mega altas com volume de mercadorias). Aqui, eles trabalham forte na iluminação e refrigeração padronizada. Nas lojas lá (em Goiás), não é assim", confrontou Fabrício Lopes, ao atacado Silva, de Goiânia.
"Padaria como tem aqui, não temos lá, não", indicou ele.
A presidente da Agas Jovem, Roberta Barreto, citou que o roteiro fechou a segunda edição do Encontro Nacional de Jovens Supermercadistas (Enajos), que foca a formação e preparação de futuros gestores. A visita combinou dois tipos bem diferentes de formatos. "Eles ficaram impressionados com a qualidade do serviço e as diferenciações de mercado. Cada integrante pode identificar o que se ajusta melhor ao seu negócio", observa ela. Roberta avalia que é possível replicar muitas ideias que eles viram na volta para casa. "A gente tem de pegar um temperinho para colocar nas nossas lojas. Independentemente do porte do negócio, pode ser aplicado", incentiva a dirigente e supermercadista.
"A gente tem de pegar um temperinho para colocar nas nossas lojas", avisa Roberta
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Modelos a serem replicados, diz presidente da Agas Jovem
A presidente da Agas Jovem, Roberta Barreto, que é uma das diretoras da Codebal, rede de Eldorado do Sul e Guaíba, na Região Metropolitana, citou que o roteiro fechou a segunda edição do Encontro Nacional de Jovens Supermercadistas (Enajos), que foca a formação e preparação de futuros gestores e administradores dos negócios.
Na visita deste ano, o foco foi combinar dois tipos bem diferentes de formatos - de vizinhança e atacarejo.
"Eles ficaram impressionados com a qualidade do serviço, as diferenciações de mercado que são muito bem executadas e que buscam a fidelização do cliente", descreve Roberta.
No Cestto, a dirigente lembra que a receita é de volume, preço mais baixo e muita agressividade nas ofertas, mas também com características que seguem o perfil de atuação do Zaffari. A diversidade no giro é estratégica para dar as opções a cada estilo de supermercadista.
Organização e promoções de áreas como de hortifruti são marcas da loja na Zona Sul
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"O grupo é bem diversificado e cada integrante pode identificar o que se ajusta melhor ao seu negócio", observa a presidente da Agas Jovem. Roberta avalia que é possível replicar, copiar mesmo, muitas ideias do que eles viram na volta para casa.
"A gente tem de pegar um temperinho para colocar nas nossas lojas. Independentemente do porte do negócio, pode ser aplicado, pode ser feito", incentiva a dirigente e supermercadista.