"Vamos ter um baita Dia dos Pais." A frase curta, mas tudo que o setor espera, soa como música, vinda do dirigente de uma das principais entidades varejistas do Rio Grande do Sul. Irio Piva, presidente da CDL Porto Alegre (CDL-POA), mostrou-se, em comentário à coluna Minuto Varejo, até surpreso com o bom momento".
"Estamos vivendo um bom momento no varejo incrivelmente, apesar de muitas atividades ainda não terem retornado ou termos lugares ainda com problema", garante o dirigente. "O varejo que está funcionando está vivendo um momento de consumo aquecido. Não sei quanto tempo vai durar isso, mas está bom", completa Piva, indicando que diversos segmentos estão tendo bom desempenho.
Frio mais primeira data promocional que não está sofrendo impactos das inundações embalam o entusiasmo do presidente da CDL-POA.
Lojistas confirmam que o movimento desde a semana passada - e reforçando a temporada de queda nas temperaturas (que há muito não se via), - validam a percepção de Piva.
"Venda boa! Acima da expectativa. Muitos presentes", citou Carlos Klein, que é dono da Via Condotti, de moda masculina, e também é um dos vice-presidentes da CDL-POA e do SindilojasPOA.
Clima (frio) e conveniência (Dia dos Pais) fazem a entrega completa:
"O frio está direcionando o presente para itens com valor maior, como casacos, jaquetas, tricôs e sobretudos, gerando maior tíquete médio", descreve Klein. "A tendência é de ser o melhor Dia dos Pais dos últimos cinco anos, com a combinação de data comemorativa, recuperação econômica e frio!", comemora (literalmente) o varejista/dirigente.
Cinco anos é um número quase mágico, porque abrange justamente o ciclo 2020-2024, de pandemia de Covid-19 à enchente histórica, de maio passado. O dono da Via Condotti não esquece como foi a data em 2023.
"Estava calor. O presente foi camiseta, que tem preço bem menor. Agora, com frio, o valor chega a ser mais de três vezes maior. Vendemos a mesma quantidade de itens, mas com faturamento maior", compara Klein.
"Esperamos crescimento em torno de 14% em relação ano passado", projeta Silvia Rachewsky, gerente de Marketing e Comercial do Shopping Total, reforçando que "o fluxo e as vendas estão bem positivas".
"Tem lojista dizendo que fazia um bom tempo que não tinha Dia dos Pais com frio", reforça Silvia. O shopping center, a exemplo de outros empreendimentos, tem promoção de sorteios.
Fenômenos do momento e médio e longo prazos
Piva analisa ainda que três fenômenos compõem o cenário da largada do segundo semestre no setor. O frio prolongado é decisivo, como já foi citado. "Antes esfriava e no dia seguinte esquentava, o que não motivava as pessoas a comprarem", observa o presidente da CDL-POA.
Outro fator é a reposição pós-cheias. "Muitas pessoas estão comprando para repor as doações que foram feitas. Tem ainda as aquisições para reconstrução. Vemos muitos canteiros de obras, mesmo quem não tem dinheiro precisa recompor a estrutura", conclui o dirigente.
Para completar o trio de influências, tem o auxilio federal de R$ 5,1 mil para os atingidos pelas inundações. "É um dinheiro que vai direto para o consumo", associa Piva.
Mas o momento, como a própria palavra sugere, é de curto prazo. "A preocupação é em como sustentar no médio e longo prazo. Precisamos ter sustentabilidade. Muitas empresas não voltaram ainda. Andamos por Porto Alegre e vemos muita empresa ainda fechadas nas áreas atingidas", preocupa-se o presidente da CDL-POA, que completou 64 anos de atividade nesta sexta-feira (9).