Mais de um terço dos negócios que foram fechados pelas cheias históricas de maio no Rio Grande do Sul ainda não voltaram à ativa. O quadro preocupante está na pesquisa mais recente sobre os impactos da enchente que acaba de ser atualizada pelo Sebrae-RS. Além disso, alguns dados do levantamento emitem um alertas a gestores públicos e segmentos empresariais.
Quase 30% das empresas deve levar de três a seis meses para reabrir e 28,6% de um a três meses, 82% precisam de crédito para a retomada e 77% desconhecem as linhas disponíveis. Mas um alento que pode ser resolvido por medidas que vêm sendo acionadas. Quase 70% dos empreendimentos necessitam até R$ 50 mil para se reerguer. O governo estadual lançou Pronampe gaúcho e ainda valor de R$ 1,5 mil para Microempreendedor Individual (MEI).
Em recente entrevista à
coluna Minuto Varejo, o
diretor-superintendente do Sebrae-RS, Ariel Fernando Berti, advertiu que
MEI, micro e pequenas empresas necessitam de recursos a fundo perdido, que é diferente de financiamento, que carrega custos de juros e acaba também comprometendo capacidade de contrair crédito futuro devido ao limite de captação.
O monitoramento captou a condição de 16.816 negócios em cidades que foram atingidas pelas cheias. Mais de 85% da base vai de MEI a Empresa de Pequeno Porte (EPP). Cerca de 4,5 mil ficam em Porto Alegre, seguidas por quase 2 mil em Canoas e mil em São Leopoldo.
O mapa, que é montado com base em respostas voluntárias de empreendedores, traça um panorama de diferentes regiões afetadas. Mais de 50% são operações que faturam até 80 mil.
"O cenário é muito complexo e desafiador e qualquer ajuda pode representar a diferença entre retomar ou fechar o negócio. Apoios tais como o do Sebrae, do governo do Estado, das instituições financeiras, do governo federal precisam ser somados para enfrentamento da crise", defende Berti.
O Serviço de Apoio à Pequena e Microempresa montou um programa emergencial com recursos a fundo perdido. O Sebraetec já repassou R$ 100 milhões. Pelo menos 11,5 mil empreendedores já buscaram o organismo para ter consultoria e o auxílio de até R$ 15 mil para recolocar o negócio em pé ou em condição de reabrir as portas ou voltar a girar o caixa - são R$ 3 mil para MEI, R$ 10 mil para microempresa e R$ 15 mil para pequenas.
A meta é repassar R$ 160 milhões, mas a entidade busca mais fontes para suportar a demanda.
Pela pesquisa, metade das empresas tem até 10 empregados e 32% nenhum contratados, o que indica perfil de MEI. Mesmo na situação, a maioria, 63,4%, não pretende fazer suspensão de contratos de trabalho.
Questionados sobre a prioridade máxima, os empreendedores elencaram na primeira posição o acesso a crédito, seguido por postergação de impostos e dívidas, renegociação de créditos e melhoria na gestão e operação. Sobre recursos, quase 40% disseram que necessitam de R$ 10 mil a R$ 50 mil para reativar as atividades. O prejuízo que 73% das empresas tiveram vai até R$ 50 mil.