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Patrícia Comunello

Patrícia Comunello

Publicada em 09 de Julho de 2024 às 16:30

Clima faz bem ao varejo: frio aquece vendas em julho

Fluxo em shopping aumentou para repor guarda-roupa após doações e pelo frio mais intenso

Fluxo em shopping aumentou para repor guarda-roupa após doações e pelo frio mais intenso

TATIANA BANDEIRA/DIVULGAÇÃO/JC
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Patrícia Comunello
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"Finalmente, o frio chegou!" O desabafo da lojista Karine Kruse, uma das proprietárias da rede Patchwork, com cinco unidades em Porto Alegre, dá o tom do humor dos varejistas que já sofreram - e ainda tentam se recompor -, com a inundação e não aguentavam mais o calorzinho e, claro, chuva, que dominaram junho.
"Finalmente, o frio chegou!" O desabafo da lojista Karine Kruse, uma das proprietárias da rede Patchwork, com cinco unidades em Porto Alegre, dá o tom do humor dos varejistas que já sofreram - e ainda tentam se recompor -, com a inundação e não aguentavam mais o calorzinho e, claro, chuva, que dominaram junho.
O clima, que causou estragos e danos, cujo tempo de recuperação é incerto, agora virou a favor do comércio. Pesquisa do Sindilojas Porto Alegre mostrou que 28% dos comerciantes registram comercialização maior este mês frente a junho. Outros 27% apontam alta ante julho de 2023. Mas mais da metade dos varejistas (54%) ouvidos na sondagem ainda veem um fluxo sem grandes alterações. Outros 18% registram queda.   

A venda em junho foi caótica, muito ruim. Além de pouco movimento na nossa rua, tinham máquinas e  gerador (para energia) fazendo um barulho horrível”, lista Karine, que teve a filial da rua Uruguai, no Centro Histórico, inundada. A produção da marca, na Zona Norte da Capital, também foi afetada. 
A venda voltou a fluir. Não pode ser comparada com outros anos, mas já está melhor que junho! O crescimento é mais de 100%”, compara a lojista, entre os primeiros 10 dias de julho e o mês passado.
O vice-presidente da CDL e também do sindicato, Carlos Klein, ressalta que o movimento é intenso, puxado pelo inverno. Nas ruas do Centro Histórico, nota-se um fluxo mais animador, com pessoas levando sacolas, um calibrador de compras, mesmo que empírico. Vitrines também estampam promoções, com parcelamentos e descontos de até 60% em peças de frio.   
"É muito importante neste momento de retomada. As pessoas voltam aos centros comerciais para resolverem demandas específicas, desde casacos, blusas, calçados, edredons e até aquecedores", elenca Klein. Esse fluxo mais vigoroso ajuda as lojas, que tentam recuperar as perdas de duas datas de peso no varejo - Dia das Mães - ausente nas cidades com enchente este ano -, e Dia dos Namorados, abatido pelo impacto emocional das cheias.
Vitrines estampam roupas mais pesadas e com descontos que chegam a 60% nos modelos | PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Vitrines estampam roupas mais pesadas e com descontos que chegam a 60% nos modelos PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
"O frio em julho virou um grande trunfo. Há demanda reprimida ainda de 2023, que não teve frio típico da estação. Com muito calor, o lojista ficou com produto encalhado, pois o consumidor não comprou", recorda o dirigente do varejo. 

"As vendas estão deixando os lojistas bem felizes", resume a gerente comercial e de marketing do Shopping Total, Silvia Rachewsky. "Falei aqui que o inverno é o Papai Noel de junho/julho", ilustra Silvia. Se não tem frio, não tem inverno e nem Papai Noel fora de época. Também ajuda na demanda em centros comerciais a safra de lançamentos de filmes, diz a gerente.
"O número de pessoas circulando é similar ao de 2019", contrasta Silvia, que comenta a mudança frente ao inverno passado. "Não teve muito frio, e as pessoas acabaram não comprando muito", comenta a gerente, a partir de percepções dos lojistas do Total.
Outra onda de consumo atípica, gerada pela recente cheia e onda de solidariedade, é a compra para repor guarda-roupa que foi esvaziado para ajudar famílias que foram fortemente atingidas pelas inundações. "As doações aliadas ao inverno aumentaram o consumo", completa ela.
"Os consumidores têm necessidade de repor suas roupas, o que faz com que as vendas estejam acima da média com a volta do frio", complementa Klein.
Com mas de 600 lojas, o Pop Center, ex-camelódromo, encara julho e agosto como desafios para recompor o vazio ou vendas em maio (boa parte com o complexo fechado) e junho. Elaine Deboni, CEO do Pop Center, validou que o frio mais intenso virou esperança de "crescimento significativo nas vendas".

Com ponto no complexo, Nivaldo Gonçalves reforça que os primeiros dias de julho já validaram a elevação. "Tem previsão de mais queda da temperatura, o que vai ajudar a recuperar negócios perdidos em maio", acredita Gonçalves, citando ainda que muitos consumidores vêm buscando agasalhos menos pesados. "Tendência de as pessoas buscarem peças que possam continuar usando, mesmo após o inverno, ou reflexo da condição da economia", acrescenta o lojista.

Na Serra, também tem mais movimentação no caixa do varejo. Lojista e vice-presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) de Caxias do Sul  da Fecomércio-RS, Idalice Manchini, diz que o frio “deu uma bela impulsionada nas vendas”. A expectativa, projeta Idalice, é que, com a continuidade das baixas temperaturas, a comercialização nas lojas se mantenha aquecida.
Compras em julho tiveram reação depois de maio e junho com quedas fortes  | PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Compras em julho tiveram reação depois de maio e junho com quedas fortes PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Não há dados de volume de vendas de maio e junho. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileira de Geografia e Estatísticas (IBGE), sai com dois meses de atraso. Maio deve sair nos próximos dias. Indicadores com base em transações com cartão e Pix, como o do Itaú, mostram uma recuperação na largada de julho.
A venda de tecidos, vestuário e calçados subiram cerca de 20% nos primeiros dias deste mês, frente aos últimos de junho. Em junho, as vendas despencaram perto de 30% ou mais. "Dá pra ver que teve uma alta expressiva, em comparação com o mesmo período de 2023. O comportamento provavelmente foi alavancado pelo frio", avalia o economista-chefe da CDL-POA, Oscar Frank.
O humor do comércio pode melhorar mais, se o frio não for embora. Na mesma pesquisa sobre como foi o desempenho até agora, o SindilojasPOA encontrou mais ânimo do setor. Vendas mais elevadas subiram para 36% do grupo ouvido. Já 43% esperam repetir o faturamento do inverno de 2023, e 5% acha que venderão menos. Outros 16% não souberem responder sobre como deve ser o andamento no ponto de venda.
Segundo a entidade, o tíquete médio até agora ficou em R$ 274,00 em roupas e calçados. Os preços são os mesmos de 2023 em 71% dos estabelecimentos. O impacto das cheias ainda é relatado: 59% teve prejuízos nas lojas, que ocorre por meio da queda de movimento (35,5%), clientes comprando apenas o necessário (20,3%) e região ainda afetada/difícil acesso (13,6%).
Mas as cheias geraram outro efeito: cerca de 30% dos comerciantes disseram que clientes estão repondo itens que foram doados, comprando mais em loja não afetada ou para substituir o que perderam com as inundações.
 

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