Uma das escassas linhas de crédito para pequenos negócios afetados pelas cheias no Rio Grande do Sul ainda está sendo pouco acessada por quem mais precisa passado um mês e meio da inundação histórica. Pesquisa do Sindilojas Porto Alegre mostra um cenário bem preocupante sobre a busca pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) em sua versão calamidade. Cerca de 200% dos lojistas ouvidos pela entidade disseram que já se habilitaram aos recursos.
O Núcleo de Pesquisa da entidade apurou ainda que 75% dos que já fizeram a solicitação conseguiram contratar o valor. Outros 54% disseram que não buscaram a linha e nem pretendem recorrer ao crédito. O limite de valor é de R$ 150 mil. Já 26% não pediram ainda, mas disseram que solicitarão o auxílio, aponta a pesquisa.
A pesquisa mostra ainda que 100% dos lojistas usará o dinheiro para giro, recursos que vai se distribuir 46,7% para pagar fornecedores, 26,7% para salários e 6,7% para contas diversas, de de luz e água a impostos, cartão de crédito e aluguel do ponto.
Um detalhe que acaba onerando mais o contrato é a cobrança de taxas extras pelas instituições, relatada por 7% dos entrevistados. Já 66,7% disseram que não tiveram qualquer tipo de cobrança extra e 26,6% afirmaram desconhecer esse custo. Os bancos que mais foram buscados foram Banrisul (53,3%),
Caixa Econômica Federal (26,6%), Sicredi (6,7%), Banco do Brasil (6,7%) e Bradesco (6,7%).
A principal razão citada para não conseguir o empréstimo foi burocracia das instituições, apontada por 80% dos lojistas. Já 20% indicou que não conseguiram atender aos requisitos do programa. Sem recursos, a demissão de funcionários foi apontada como caminho por 80% dos entrevistados.
Diante do quadro retratado pela pesquisa, o presidente do SindilojasPOA, Arcione Piva, cobrou, em nota, mais celeridade nas aprovações. Segundo Piva, a linha, mais e conta para pequenos negócios, demorou a ser disponibilizada. "O lojista merecia ter sido atendido com mais celeridade visto o tamanho do prejuízo causado no comércio. Agora é correr atrás para a retomada", observou o dirigente. Entidades do setor vêm alertando para o esgotamento do teto do Pronampe cheias, com condições mais em conta.