O Cais Embarcadero, que fica de frente para o Lago Guaíba e tem a posição mais exposta a novas inundações em Porto Alegre, tem pressa. Os empreendedores estão trabalhando para remover os entulhos e muitos mobiliários arrasados pela cheia histórica, mas há uma resposta que vai definir o futuro do complexo, que estreou no primeiro semestre de 2021:
"Precisamos recompor o prazo (do contrato com o Estado). Do atual, já se passaram três anos. Com mais 10 anos, estamos felizes", avisa o diretor da operação, Eugenio Corrêa, da DC SET. O atual prazo para exploração é de 5,5 anos.
Na semana passada, o governo suspendeu a concessão do Cais Mauá, que envolve a área do Embarcadero. Vai reexaminar o processo e o modelo, após o evento climático sem precedentes.
Corrêa calcula entre R$ 5 milhões a R$ 10 milhões os prejuízos, além do que será necessário para restabelecer a infraestrutura. A proposta de extensão do contrato já foi levada ao governo estadual. A Secretaria da Reconstrução Gaúcha e a Procuradoria Geral do Estado (PGE) analisam o pedido, segundo informação apurada pela coluna Minuto Varejo.
Além disso, o empreendimento deve solicitar isenção de outorga por um período, para dar fôlego financeiro à reconstrução. A outorga é paga ao Estado pelo uso da área, como um aluguel.
Corrêa adianta que a empresa deve buscar também financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Estamos trabalhando para a reconstrução e em que condições vamos voltar. Queremos resgatar o cartão postal da cidade. O Cais Embarcadero é importante para o trade de Turismo. Em dias de semana, 40% a 50% do turismo de negócio passava por aqui. O "tira gravata", que virou uma cena clássica nas mesinhas de bares e restaurantes, precisa de apoio para voltar", dá a real o diretor.
"Ele vai voltar. Todo mundo quer voltar: do churros aos negócios de maior faturamento", garante Corrêa.
Eram 40 operações antes da água arrasar 70% das instalações. O empreendimento já trabalha com um prazo de reabertura, admite Corrêa:
"Tenho um sonho: voltar em 20 de setembro, dia da Revolução Farroupilha".
Um dos ocupantes, o grupo Press, quer reabrir, mas a CEO, Carla Tellini, deixa claro a condição:
"Só se tiver a prorrogação do contrato com o Estado. A operação não estava nem paga. Para fazer um investimento de R$ 1 milhão para ficar dois anos, não existe". E a CEO repete:
"Cais Embarcadero só com renovação."