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Patrícia Comunello

Patrícia Comunello

Publicada em 29 de Maio de 2024 às 01:25

Livraria perde 80 mil livros nas enchentes

Na calçada em frente à sede, na avenida Brasil, na Capital, montanhas de livros destruídos

Na calçada em frente à sede, na avenida Brasil, na Capital, montanhas de livros destruídos

LIVRARIA SANTOS/DIVULGAÇÃO/JC
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Patrícia Comunello
A cena é chocante. Uma montanha de livros na calçada em frente à Livraria Santos, no Quarto Distrito, na Zona Norte de Porto Alegre. Se não fosse a inundação que aflige regiões da Capital e milhares de negócios, os livros antes "novos" deveriam estar nas prateleiras, à espera dos leitores: "perdi 80 mil livros. Eles não estão mais à venda, pois ficaram muito tempo em contato com a lama e o esgoto, sem condições de consumo", descreve o proprietário da rede com 17 unidades em diversas cidades gaúchas, Jonatas Santos: "livro quando molha um pouco incha e inviabiliza a leitura. No nosso depósito, entrou mistura de lodo com lama, e os livros ficaram 15 dias sob a água". A situação das empresas e expectativa pela liberação de recursos suficientes à reconstrução e retomada mobilizam empresários do Quarto Distrito, onde fica a livraria. "Monitorávamos todos os dias para tentar entrar, mas a água não baixava. Foi muito agoniante isso", acrescenta ele.
A cena é chocante. Uma montanha de livros na calçada em frente à Livraria Santos, no Quarto Distrito, na Zona Norte de Porto Alegre. Se não fosse a inundação que aflige regiões da Capital e milhares de negócios, os livros antes "novos" deveriam estar nas prateleiras, à espera dos leitores: "perdi 80 mil livros. Eles não estão mais à venda, pois ficaram muito tempo em contato com a lama e o esgoto, sem condições de consumo", descreve o proprietário da rede com 17 unidades em diversas cidades gaúchas, Jonatas Santos: "livro quando molha um pouco incha e inviabiliza a leitura. No nosso depósito, entrou mistura de lodo com lama, e os livros ficaram 15 dias sob a água". A situação das empresas e expectativa pela liberação de recursos suficientes à reconstrução e retomada mobilizam empresários do Quarto Distrito, onde fica a livraria. "Monitorávamos todos os dias para tentar entrar, mas a água não baixava. Foi muito agoniante isso", acrescenta ele.
Duas lojas foram as mais afetadas pela inundação: a da avenida Brasil, na Capital (da montanha de livros na calçada) e do Canoas Shopping, que reabriu no último sábado, após ficar 20 dias fechada. Quem volta ao empreendimento não diz que, dias antes, livros estavam destruídos. A fachada, com entrada em forma de torre de livros, segue o padrão da rede. O shopping fica no bairro Mathias Velho, o maior da cidade e que foi arrasado pelas cheias. Santos conta ainda que a filial do Pontal Shopping, na orla do Guaíba, em Porto Alegre, fechou por uma semana. O livreiro ainda está contabilizando as perdas, mas passou à coluna Minuto Varejo o que é efeito direto das cheias (danos materiais). Segundo ele, são R$ 850 mil em livros (entre as duas lojas) e R$ 450 mil em móveis e estrutura física. O prejuízo total entre livros e estrutura soma R$ 1,3 milhão. Mas a perda financeira também é gerada em outra frente, inserida no contexto geral da atual tragédia climática: "todas as lojas foram afetadas pela baixa venda, muitas ficaram fechadas ou tiveram horários reduzido e funcionários tiveram perdas", lista Santos.
A expectativa agora é por recursos dos governos, tanto federal como estadual. "Acompanhamos todos dizendo que não faltaria ajuda para reconstrução das empresas, que teria Pronampe, como na pandemia", cita o livreiro. Mas o que acabou de ser anunciado para operação de crédito por meio da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil não agradou em nada Santos. "Para nosso desespero, a informação é que o limite máximo seria de R$ 150 mil. Este valor é irrisório, é uma vergonha, diante das perdas que a maioria das empresas teve. Entendemos que seria até 60% do faturamento. Se o teto é o Simples Nacional, que é o meu caso, seria cerca de R$ 2,8 milhões", estima o proprietário da rede. "O que eu vou fazer com R$ 150 mil? Com este dinheiro, não faço nem os meus móveis. A indignação dos empresários é muito grande. O governo federal tem dinheiro para muitas coisas e agora que o Rio Grande do Sul está precisando oferecem esta palhaçada", revolta-se o livreiro: "era uma coisa e o que está vindo é outra. O recurso tem de ser compatível com a realidade do que vamos precisar."

Vitrine

Minuto Varejo - Centro Histórico de Porto Alegre - comércio - loja centro - lanterna-  inundação - clima - comércio

Minuto Varejo - Centro Histórico de Porto Alegre - comércio - loja centro - lanterna- inundação - clima - comércio

/PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Uma das marcas da retomada da operação das lojas no Centro de Porto Alegre é a carência de tudo, principalmente de luz. Na avenida Borges de Medeiros, onde a água não chegou a entrar no piso da loja de lã e itens de armarinho, sem energia, o jeito é usar lanterna para atender os clientes, conferir etiqueta dos produtos e fazer o registro da venda. A tática em tempo de tragédia climática tem dado certo, asseguram as vendedoras. Mesmo assim, a loja não escapou de perder para a água do Guaíba todo o estoque que estava no subsolo.   

Comerciários podem ter suspensão de contrato e redução de salário

O Sindilojas Porto Alegre assinou, nesta terça-feira, acordo com o Sindicato dos Comerciários (Sindec-POA) prevendo suspensão de contratos de funcionários de um até cinco meses. Também tem previsão de redução de salário. A convenção, firmada em 6 de maio, logo após os primeiros efeitos das cheias para as lojas, prevê banco de horas negativo, horas extras excepcionais, antecipação de férias e teletrabalho. Em nota, a entidade patronal explica que, no período de suspensão, o empregado frequentará curso de reciclagem profissional custeado pela empresa e receberá bolsa qualificação do governo federal. Se a bolsa for inferior ao piso da categoria, o empregador pagará verba indenizatória para atingir o valor. Outra medida é a possibilidade de redução dos salários em até 25%, com garantia de emprego. A entidade lojista destaca que as duas situações (suspensão de contrato e redução de salário) só serão celebradas se for confirmada "força maior e prejuízos devidamente comprovados e justificados".
O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Arcione Piva, criticou, em nota, que o governo federal não criou um programa de preservação de empregos para municípios em calamidade pública, além do Bem (Benefícios Emergencial) para repassar renda, duas ações que foram acionadas na pandemia de Covid-19. "Qual catástrofe maior seria necessária para a adoção do que já foi autorizado pelo Congresso Nacional", cobra Piva, na nota.

No Ponto

Irio Piva, presidente CDL-POA. Lançamento do Liquida Porto Alegre.

Irio Piva, presidente CDL-POA. Lançamento do Liquida Porto Alegre.

/TÂNIA MEINERZ/JC
 A CDL Porto Alegre fez mapeamento inédito com 46 bairros diretamente afetados pela inundação. Apuração e análise da Assessoria Econômica da CDL-POA mostra que 52,9% dos residentes são mulheres e 47,1% homens (entre 18 anos ou mais). A população estimada é de 654,5 mil moradores (39,4% recebem até R$ 2 mil mensais). Entre as três principais ocupações, está a de vendedor de comércio varejista. Foram identificados 86.531 CNPJ's, 33,3% do total da Capital.Os dados foram obtidos com a base da Equifax/Boa Vista. O presidente da entidade, Irio Piva, destaca este o estudo ajudará nas decisões para a reconstrução. "A informação qualificada e sua interpretação correta são imprescindíveis para a sociedade como um todo ter mais elementos para direcionar os esforços para nos erguermos novamente", comenta.

Coluna de segunda

A coluna de segunda-feira vai trazer mais um exemplo de varejista na reconstrução: a rede TaQi, que abre loja, reposiciona o negócio e prioriza o cuidado com clientes atingidos pelas cheias. 

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