Lojistas estão se virando nos 30, como muitos moradores de Porto Alegre que perderam moradias e estão voltando, para não parar os negócios devido à inundação que fecha lojas, centros de distribuição (CDs) e fábricas. Muitas empresas têm estruturas na Zona Norte da Capital, e em Canoas. São os exemplos que a coluna mostra.
Empreendedores do comércio de vestuário, Thiago Gomes, dono das redes Thithãs e Maria da Praia, e a mulher Camile Rostro Gomes, proprietária da Loca de Atar, ficaram sem lojas no Centro Histórico e sem prédio onde ficam CD, estoques e escritório na rua Guido Mondin, no Quarto Distrito. Desde a semana passada, tudo funciona na residência do casal, na Zona Sul da Capital.
Camile e Thiago levaram as empresas para dentro de casa, até a inundação passar. Fotos: Patrícia Comunello/JC
Camile acionou estratégias que ganharam espaço e foram robustecidas na crise sanitária da Covid-19. O canal digital compensa a venda física prejudicada. Sentada no sofá da residência, a lojista entra em ação: “Estamos retomando contato com clientes, que estão respondendo bem”.
A Loca de Atar deve reabre nesta segunda-feira (20), com gerador devido à falta de luz no Centro.
Gomes distribuiu a operação em diversos cômodos. “Administrativo, recursos humanos e logística vieram para cá. A empresa agora é aqui”, avisa o lojista. “Perdemos tecidos, máquinas e mobiliário no prédio”, lista ele.
Depois de perder moldes, tecidos e máquinas, submersos na fábrica em Canoas, Cristiane Boaretto, dona da Cris Boaretto, com loja aberta na Capital, organizou a equipe reduzida e ajuda as costureiras desabrigadas.
Cris busca alternativas para contornas perdas da fábrica e ainda ajuda costureiras: "Isso está nos salvando"
“Não tenho como refazer moldes e obter máquinas. Focamos no online, mas temos as limitações dos Correios”, conta ela. Ajudar a equipe que perdeu tudo gera conforto em meio à tragédia: “Isso está nos salvando”.
A família dona da centenária Banca do Holandês, submersa no Mercado Público, focou nas duas lojas situadas na rua Pedro Ivo e avenida Plínio Brasil Milano, que geram receita e atendem clientes fiéis e órfãos do ponto tradicional. A marca ficou sem CD e área de produção da padaria e confeitaria no Quarto Distrito.
Adriana, Sérgio e o filho Lourenço têm duas filiais para tocar, enquanto o Mercado Público e CD estão com água
“Deslocamos máquinas para as lojas e dividimos a equipe. Muitos empregados perderam tudo”, conta Sérgio Rosa. O filho Lourenço diz que muitos consumidores da banca do Mercado buscam as operações alternativas. O movimento aumentou nas filiais. Sobre a volta ao Mercado, a ansiedade é grande na família: “Quando baixar a água, se depender da gente, reabrimos em três dias”, garante Sérgio.
A última unidade a abrir, que completou um mês no fim de semana,
é a da Plinio.