"Perdemos tudo com essa enchente. Supermercado se destruiu por completo, câmaras frias, açougue, tudo." A descrição é feita por um supermercadista do Rio Grande do Sul e está no aplicativo Ajuda Sul, criado pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) e Associação Gaúcha de Atacadistas e Distribuidores (Agad) para mapear os impactos no setor causados pelas inundações históricas.
Até a manhã desta segunda-feira (13), o app registrava 153 lojas atingidas, sendo 115 com perda total. O número deve ser ainda maior, pois muitas redes ainda não fizeram registro no aplicativo.
"Submerso", diz um varejista, ao relatar os danos. "Perdemos tudo, a água cobriu todo o estabelecimento", descreve outra operação. "Todo mercado e toda minha casa de baixo da água", narra mais um varejista. O Estado teria hoje 6,5 mil supermercados, de acordo com a associação do setor.
Segundo a Agas,
o aplicativo tem dois focos: identificar o alcance das inundações e onde ficam as lojas afetadas e dimensionar prejuízos e ver como fazer a recuperação. A ferramenta pode ser baixada pelo site da Agas e recebe registros de supermercados e fornecedores (indústrias) fechados devido a inundações, explicam as entidades. O download é pelo
www.agas.com.br.
Sobre as medidas para amenizar o impacto às empresas, a Agas diz que "compartilha as informações com fornecedores pedindo prazos e bonificações", além de outras possibilidades de ações que auxiliem as redes.
O quadro é dramático. Tem redes entre as maiores do Estado com 12 lojas atingidas, sendo 11 com perda total. Uma dessas bandeiras tem unidades na Região Metropolitana, como Canoas, uma das cidades mais afetadas. Redes de porte médio tem lojas debaixo da água em Porto Alegre.
A Codebal teve duas das três lojas em Eldorado do Sul inundadas. Outra em Guaíba está na mesma situação. Sobre uma das unidades atingidas, a proprietária da rede, Roberta Barreto, contou, no app Juntos pelo RS: "Loja totalmente saqueada, estoque total, equipamentos de informática, servidor".
A situação atinge de minimercados e armazéns a grandes grupos do setor. Na Zona Norte da Capital, a rede Carnetti tem duas lojas inundadas (supermercado na avenida Gaúchos e atacado na rua Pandiá Calógeras) no bairro Sarandi. Sobre esta última loja, o diretor Itamar Lorenzatto resume: "Tá mega inundada, com um metro de água dentro".
"É muito cedo para falar em perdas, mas calculamos que pode ser de R$ 5 milhões. Dos fornecedores, esperamos ajuda", comenta Itamar Lorenzatto,
O Asun tem quatro lojas atingidas, sendo duas em Canoas, uma em Eldorado do Sul e uma no bairro Cidade Baixa, na Capital, segundo Lucas Ortiz, que atua na rede. "Bastante prejuízo. As duas de Canoas perdemos tudo", diz Ortiz, ainda sem cálculo fechado do total do impacto.
O Andreazza, de Caxias do Sul, está com a filial do atacarejo Vantajão fechada na Zona Norte de Porto Alegre, com prejuízo de maquinas e equipamentos, diz a rede. A loja, aberta em outubro de 2023, tem 30 centímetros de lâmina de água.
A associação dos supers diz que está subsidiando (70% do custo) cestas básicas (kit de limpeza e de alimentos) para as lojas que estão operando doarem às comunidades afetadas.