Dificuldades no suprimento de carne, água e hortigranjeiros e ainda filas dentro e fora de supermercados, além de varejistas do setor com lojas fechadas devido a inundações. O cenário do setor piorou nesta sexta-feira (3). A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) confirma, a partir de relatos de varejistas de diversos pontos do Estado, que o desabastecimento já é realidade.
Como as chuvas afetam áreas de produção primária, a carência de alguns itens deve ocorrer nas próximas semanas.
Em lojas da
maior rede do setor no Rio Grande do Sul, a Companha Zaffari, filas de veículos para ingressar em filiais na Capital e ainda para os caixas foram registradas na manhã desta sexta. Prateleiras onde teria maior oferta de garrafas de água estão com falta eventual de produto.
Algumas lojas do Zaffari como no bairro Menino Deus já registraram falta de água. A rede diz que consegue dar conta da reposição.
A companhia informa, por nota, que as "lojas da rede estão abastecidas". O Zaffari admite que "eventualmente pode ocorrer alguma ruptura de abastecimento devido à alta demanda dos consumidores".
A Agas monitora o quadro de abastecimento, a partir do relato de supermercadistas. Uma das maiores dificuldades está sendo verificada na entrega de carnes. Plantas frigoríficas registram queda em abates e já avisam as redes de redução no abastecimento ou até suspensão.
"Não estão chegando caminhão para entregas, freando desabastecimento em centro de distribuição", relata a entidade, a partir de informações de varejistas.
As filas que são vistas em unidades de Porto Alegre também são registradas no interior, como na Serra Gaúcha. Marcos Carbone, da Federação Varejista do RS, diz que as pessoas estão lotando supermercados em Bento Gonçalves, cidade que sofre com bloqueios para acesso de mercadorias, para comprar itens mais essenciais, entre eles água.
Um dos relatos indica que a JBS, com grande número de plantas no Estado, não vai entregar produtos em Pelotas nesta sexta-feira.
A situação mais dramática é verificada nas localidades do Vale do Taquari, completamente isoladas, sem acesso por nenhum dos lados, o que atinge gravemente o abastecimento, relata a Agas.
Marcelo Pereira, da rede Guarapari, com quatro lojas situadas na Capital e em Viamão, diz que o desabastecimento já ocorre em areas como açougue e hortigranjeiros. Frutas e hortaliças já estão em falta ou me menor oferta nas lojas.
"A gente depende de produtos da Serra em hortigranjeiros. Já os frigoríficos estão com grande dificuldade de fornecer cortes, pois têm unidades afetadas e a matéria-prima não está chegando para manter o nível dos abates", relata Pereira.
A rede colocou avisos em gôndolas sobre a falta de produtos atrelada às condições climáticas. "Algumas lojas têm maior demanda e crescente nos últimos dois dias. Também já estamos sentindo reflexo no aumento de preços para as lojas, parte devido à questão tributária, com elevação na virada de abril", relata o dono da rede.
As bandeiras Rissul e Macromix, do grupo Unidasul, também informaram dificuldades para repor gôndolas, principalmente nas regiões com interdição de estradas. "Os problemas logísticos provocam falta temporária de alguns itens nas regiões mais afetadas pela chuva", diz o grupo, em nota. Para contornar parte das limitações, caminhões da companhia tentam encontrar rotas alternativas, diz a rede.
O problema atinge lojas em Porto Alegre e nas regiões Metropolitana, Serra, Litoral Norte e nos vales do Sinos e Paranhana. "A previsão é de que o abastecimento seja normalizado assim que a situação das estradas permitir", acrescenta o grupo. Ao mesmo tempo em que enfrentam a situação, as lojas instalaram pontos de arrecadação de doações para atingidos pelas chuvas