Por décadas, o fluxo foi gaúchos deixando o Estado para empreender e trabalhar em Santa Catarina. Nos anos recentes, a onda se inverteu, surfada com força pelos atacarejos, atacados com cara de supermercado. Um dos players que entrou com tudo nesta nova fase é o grupo Passarela, do Oeste catarinense, que planeja chegar a 10 novas lojas, oito atacarejos, em 2024 e 2025 no Rio Grande do Sul.
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Da leva gaúcha, uma já abriu, do atacarejo Via, no dia 6 deste mês, em Porto Alegre.
O presidente do Passarela, Alexandre Simioni, descreveu como um marco a abertura da loja na Capital. O número de unidades deve envolver aportes de mais de R$ 300 milhões.
A investida de marcas de Santa Catarina, que inclui o Fort, do grupo Pereira, também com planos de elevado número de lojas, está ligada à maturidade do formato de atacarejo em território catarinense (com limite para maior expansão) e busca de mais espaço para crescer.
No Estado, players regionais também têm metas de abertura de lojas: o
Imec, dono do Desco, pretende inaugurar 15 atacarejos de 2024 a 2028, dobrando de tamanho na bandeira. A
Comercial Zaffari, de Passo Fundo e maior rede de atacarejos,
quer chegar a 60 unidades até 2027. O
Grupo Zaffari anunciou cinco operações do
Cestto, duas estão sendo erguidas em Porto Alegre.
No Rio Grande do Sul, ainda tem espaço, aposta Simioni, cujo grupo
nasceu em Concórdia, terra da gigante Sadia, hoje BRF. Em outro ramo, de calçados, a maior rede do estado vizinho, a
Pittol, também amplia cada vez mais a operação.
Primeira loja do atacarejo Via abriu no dia 6 na Zona Norte da Capital, atraindo milhares de clientes. Foto: Evandro Andrade/JC
A coluna conversou com o presidente do Passarela em meio à estreia do Via Atacadista, na quarta-feira (6), que atraiu milhares de clientes da Zona Norte da Capital:
Minuto Varejo - Por que o grupo expande no Estado e o que vem por aí?
Alexandre Simioni - Porto Alegre é diferente, com mercado grande e competitivo. O Rio Grande do Sul passa por expansão do modelo de atacarejo, mas que era puxada mais por redes gaúchas. Em Santa Catarina, o modelo já está consolidado. Aqui, há espaço ainda. Cada rede acredita em um modelo, e o consumidor é que escolhe. A briga por preço exige mais aperto nas margens. Acreditamos que a saída será elevar o nível de qualidade dos serviços nas lojas.
MV - Onde vai abrir mais lojas?
Simioni - Vão ser mais seis lojas este ano - duas em SC e quatro no RS, sendo três atacarejos e um supermercado, que abre em Teutônia, em 4 de abril, na antiga loja da Languiru. Em Canoas, abriremos até julho, depois vem a segunda loja em Caxias do Sul, até setembro. Novo Hamburgo será a última até o fim do ano, no bairro Canudos. Só falta aprovar o projeto na prefeitura para começar as obras. Em 2025, serão seis novas, cinco delas no Rio Grande do Sul. Todos os contratos já estão assinados. Posso confirmar Santa Cruz do Sul, Lajeado e Santa Maria (acabamos de fechar). O investimento é, em média, de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões por loja. A da Capital chegou a R$ 60 milhões. Serão mais de R$ 300 milhões em dois anos.
MV - O mercado vai suportar tanto atacarejo que as redes planejam?
Simioni - A gente aposta que vai ter uma movimentação nas redes. Algumas vão desistir pelo alto nível de competitividade, o que já ocorre no Brasil.