A associação de duas gigantes do vestuário de moda do Brasil, Arezzo e Soma, anunciada nesta segunda-feira (5) e que alcança receita de quase R$ 12 bilhões, foi apresentada como um conjunto de vantagens e pelo menos um desafio mais sensível e crucial: como gerir/integrar culturas de 34 marcas que incluem Arezzo, Reserva, Cris Barros, Hering, Farm, Shultz, Dzarm, Animale e Vans. São grifes bem conhecidas no Rio Grande do Sul. A Arezzo/Shultz têm fabricação no Estado.
A associação de
duas gigantes do vestuário de moda do Brasil, Arezzo e Soma,
anunciada nesta segunda-feira (5) e que alcança receita de quase R$ 12 bilhões, foi apresentada como um conjunto de vantagens e pelo menos um desafio mais sensível e crucial: como gerir/integrar culturas de 34 marcas que incluem
Arezzo, Reserva, Cris Barros, Hering, Farm, Shultz, Dzarm, Animale e Vans. São grifes
bem conhecidas no Rio Grande do Sul. A
Arezzo/Shultz têm fabricação no Estado.
Por trás da mega junção, há um esforço de entrega de melhores resultados e reação à concorrência com plataformas asiáticas, que ganham cada vez mais mercado no Brasil. A largada do ano com o meganegócio desta segunda, que já vinha sendo ensaiado desde 2021 e com retomada de conversas oficializada na semana passada, dá a dimensão do que o setor deve assistir ao longo de 2024: varejistas buscando melhor performance no físico e digital, eficiência operacional e acerto na estratégia com clientes.
Os líderes do acordo, que prevê incorporação do Soma pela Arezzo ate 2025 - ao final de ritos internos e legais -, apostam na força da maior plataforma de marcas da América Latina, em virar um player global e em robustecer a disputa dentro de casa, ante o avanço, principalmente de chinesas como a Shein.
O novo grupo também esquenta a briga com outras varejistas de moda que atuam internamente, como
Renner, C&A, Marisa e Riachuelo, também buscando se manter ante a disputa que vem de fora e cobranças de tributação isonômica da players externas.
Marisa anunciou nova CEO, primeira mulher na função na história da rede.
Renner volta a fechar loja, uma em Porto Alegre. Redes regionais também estão no cenário e, certamente, atentos ao movimento recente.
O presidente do novo grupo, cujo nome vai ser definido em até quaro meses, Alexandre Birman (Arezzo), disse, na primeira videoconferência com analistas do mercado, na manhã desta segunda-feira, que "tem o sonho de gerar valor para a moda brasileira, tantos anos tão machucada".
O acordo tem prazo de 10 anos. Birman e Roberto Jatahy (Soma) mostraram a nova configuração da organização, que terá quatro frentes. Jatahy vai ser o CEO da frente de vestuário feminino e lifestyle. Os outros segmentos serão de calçados e acessórios, vestuário com Hering (devido ao peso da operação) e franquias.
Jatahy disse que "sonho é ser global". Os dois executivos falaram em sinergia de operações, complementariedade, ganhos de escala, potencial criativo e novas aquisições. Segundo eles, foram três anos de muita negociação.
Birman comentou sobre o peso que o braço da Hering vai ter dentro da nova companhia. "A Hering passa a ser vertical independente, com suas 749 lojas e receita de R$ 2,4 bilhões.
A Hering, comprada pelo Soma (que originalmente era Farm e Animale) em 2021, tem o maior parque fabril e uma característica que foi repetida por Birman mais de uma vez: tem a verticalização, desde a tecelagem à confecção. Os executivos deixaram claro o potencial e eficiência que o parque fabril tem, mas não detalharam como vai ser isso na prática, na relação com as demais marcas.
O CEO reforçou o potencial de internacionalização, que pod ser acelerado com marcas de luxo. A ideia de avançar em vestuário, plano que já estava na mira da Arezzo, deve vir agora por meio da experiência da Arezzo. "A expertise centenária da Arezzo vai ser colocada no grupo", citou ele.
Jatahy citou o exemplo da Farm no processo de busca de mercado e crescimento na América Latina. "Estamos abrindo sites em toda a AL, tem mercado. É uma oportunidade de uma Farm global. Fomos muito demandados nos Estados Unidos, mas não tivemos fôlego", citou o CEO de vestuário feminino no "new.co", como foi chamado, na falta ainda de um nome.
Sobre a diversidade de marcas, Birman e Jatahy citaram que "não tem canibalização de negócios, que vai dar resiliência de maneira combinada e muita potencialização do digital".
Mercado reage na bolsa e desafio é cultura e escala
O coordenador de varejo do Sebrae-RS, Fabiano Zortéa, citou as diferentes culturas de mais de três dezenas de marcas como um dos maiores desafios que o novo grupo vai encarar. "Precisa haver sinergia de culturas, é o principal desafio para dar certo. Não é algo tão fácil, previsível e harmônico. Na gestão entre os dois grupos. o aspecto cultural vai ser importante", resume Zortéa.
O especialista do Sebrae-RS lembra que a união das duas gigantes já era esperada e que há um sentido de busca de eficiência muito forte, ainda mais com a concorrência de plataformas externas. Sobre mais aquisições, que já consagra tanto Arezzo como Soma, Zortéa, acredita que pode ser oportunidade para marcas menores e bem posicionadas. Já o impacto do novo grupo a concorrentes de menor porte nacionais, ele diz que é preciso "ser relevante em seu nicho". "Fazer um bom trabalho para ser diferenciado", adverte Zortéa.
Tamanho do novo grupo de moda da associação de Arezzo.Co e Soma:
- Receita: R$ 11,9 bilhões
- Funcionários: 22 mil
- Marcas: 34
- Lojas: 559
- Franquias: 1.520
- Multimarcas: 21,5 mil
- Digital: 22%
- Base ativa de clientes: 11 milhões
Fonte: Arezzo/Soma (3º trimestre de 2023)