Uma das maiores redes gaúchas de varejo de departamento, com setores de eletromóveis a vestuário e utilidades domésticas, vai voltar a abrir lojas. Depois da parada estratégica na expansão em 2023, para ajustes operacionais, busca de mais eficiência e controle do nível de inadimplência dos clientes, a Lebes agendou para abril a abertura da primeira unidade na nova safra. O destino?
"Canguçu (primeira do ano). Depois, Três de Maio, Palmeira das Missões e Canela. Essas são certas (pontos contratados), outras em negociação", adianta o CEO da rede, com mais de 350 filiais no Sul do Brasil, Otelmo Drebes. O executivo e um dos donos da rede estima entre cinco a seis novas lojas em 2024.
"Serão lojas padrão, bem boas, com mais de mil metros quadrados, no interior do Estado", dimensiona o CEO. O investimento por unidade é de R$ 1 milhão, com abertura de 15 a 20 vagas de emprego.
Além disso, a rede vai turbinar o modelo da Lebes Express, que é mais compacta, com área menor. Este front não terá mais unidades, mas ação para melhorar fluxo e conversão. Hoje são 30 Express na operação.
"Vou incrementar bem a venda de moda nas Express, pois ajuda a viabilizar a loja menor", explica o varejista gaúcho.
Sobre o desempenho de 2023, o presidente diz que a receita avançou 6% ante a de 2022, variação nominal (sem descontar a inflação). "Com preços (itens), em geral, baixando. Fabricantes vendem com preço menor e repassamos aos clientes", pontua o presidente. A indústria busca reduzir estoques mais elevados devido a vendas na ponta menores.
A reta final do ano, que é a temporada mais farta e esperada de vendas, foi "muito boa", garante Drebes. "Crescemos 12% mais que ano anterior, fechando todas as metas de vendas e crédito e cobrança", detalha.
O conselho do CEO da Lebes e Meu Primeiro Crediário
Drebes aconselhou colegas varejistas, em maio de 2023, a segurarem expansões. Foto: Lebes/Divulgação
Em maio do ano passado, ao falar com a coluna Minuto Varejo sobre a suspensão de inaugurações, Drebes deu um conselho curto e direto a colegas varejistas: "Esperem".
Segundo o CEO, a incerteza sobre a conjuntura econômica, após a troca de governo, e indicadores adversos, como elevado percentual de atrasos de consumidores e ritmo mais fraco de vendas em geral - os segmentos de eletromóveis e vestuário tiveram queda em volume comercializado ou andaram de lado em 2023, segundo dados do IBGE -, embasaram a decisão.
"Não cancelamos (abertura). Esperar três meses ou seis meses não vai fazer diferença em 67 anos", observou o varejista.
Com a respirada ante uma menor pressão de custos (mais lojas podem acrescentar vendas e mercado, mas trazem junto mais despesas), a Lebes lançou, no segundo semestre, um programa para atrair consumidores jovens, com a ideia do Primeiro Crediário. O CEO é o mentor e principal entusiasta do programa, que concede limite a filhos de clientes da rede, mas o risco de inadimplência é todo da empresa.
"Não vou cobrar do pai, nem colocar o guri no SPC ou fazer processo de cobrança. O risco é todo nosso. Estamos apostando no futuro dessa geração. Daqui a 10 anos, o guri que teve crédito estará formado e trabalhando e não vai esquecer onde teve o primeiro crédito. Aí ele vai comprar na Lebes", descreveu o presidente, em entrevista ao Minuto Varejo, em outubro do ano passado.