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Mercado Público de Porto Alegre aberto aos domingos: decolou?
Frequentadores aprovam opção, e bancas indicam novo perfil de público
Por Patrícia Comunello
"É nossa primeira vez no Mercado Público de Porto Alegre em um domingo. Viemos comprar um presente para um amigo. É uma gamela que só encontramos aqui", conta o casal Luciane Scherer e Eduardo de Deus, que esperava sair com o presente, uma vasilha de madeira típica para servir churrasco, resolvido em 17 de dezembro, mas não foi bem o que aconteceu.
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"É nossa primeira vez no Mercado Público de Porto Alegre em um domingo. Viemos comprar um presente para um amigo. É uma gamela que só encontramos aqui", conta o casal Luciane Scherer e Eduardo de Deus, que esperava sair com o presente, uma vasilha de madeira típica para servir churrasco, resolvido em 17 de dezembro, mas não foi bem o que aconteceu.
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"A banca tá fechada", lamentou Deus, que é corretor, ao parar em frente à unidade no corredor central do complexo. "Ele perdeu uma venda", diz Luciane. "A gamela que a gente queria é diferenciada. Vimos outra hoje, mas não é a mesma coisa", reagiu Luciane. O casal que reside em São Leopoldo estava entre os estreantes em domingos no empreendimento.
Casal de São Leopoldo queria comprar um presente, mas encontrou a banca fechada. Fotos: Patrícia Comunello/JC
A coluna Minuto Varejo circulou pelo complexo para captar as percepções de consumidores e de mercadeiros. O dia estava mega quente, o que acabou afetando o movimento, mas internamente não estava tão abafado. Ventiladores tentavam quebrar a onda de calor borrifando gotas de água, principalmente na área de restaurantes.
A abertura dominical das bancas do icônico empreendimento, no Centro de Porto Alegre, completará, no começo de janeiro de 2024, cinco meses e é facultativa. Os restaurantes no segundo piso abrem desde 2022, após a reativação da área, que dependia de instalações elétricas, pendentes desde o incêndio de 2013.
"Tem de abrir. Aqui é um ponto turístico", incentiva Luciane, que é ex-lojista.
Nos contatos com atendentes e donos de bancas, alguns achados: o público é diferente daquele que costuma frequentar o complexo nos demais dias de semana, tem muito turista e moradores do interior, além de porto-alegrenses que vão passear e almoçar nos restaurantes do local.
"O movimento está bem legal. Atendemos pessoas com renda mais alta que gastam mais, além de clientes de fora", observa o funcionário da Banca do Holandês Gustavo Salim.
O funcionamento é facultativo, e os mercadeiros fazem um rodízio entre as operações que têm mais unidades no mix. Em 17 de dezembro, quando a coluna foi ao local, quase não havia opção de varejos que atuam com itens regionais, de erva-mate a utensílios, que eram alvo do casal de São Leopoldo.
Com cerca de 100 operações, o complexo tem registrado 30% ou menos de bancas funcionando. Em algumas áreas, como perto do açougue onde trabalha a dupla Jorge dos Santos e Raul Medeiros, quase todos os vizinhos estavam fechados no dia 17, o que, para os dois, acabou reduzindo o fluxo, a atratividade e as vendas.
"Não sei se vale a pena abrir", conclui Santos. Metade da equipe atua na jornada dominical. "O Mercado já abriu aos domingos até os anos de 1990 e tinha muito movimento. A concorrência de atacarejos e mercados de bairro tirou muito do nosso público", debitou Medeiros, há 44 anos atuando no açougue.
"Muitas operações têm dito que não vale a pena abrir, pois as vendas não cobrem a conta com o pessoal", citou o açougueiro.
O gerente do quiosque da Cia da Nutrição, Alex Martinez, não considera muito positiva a abertura e indica que é preciso melhorar as instalações e a segurança do complexo.
"Tendo mais operações abertas e estrutura melhor, aí decola", observa Martinez. Em frente ao quiosque, a professora Olga Jacks e Emanuelle Cecchin, que é estilista, escolhiam produtos. As duas moram em Santa Maria. "Viemos em um aniversário e aproveitamos para vir aqui. É mais calmo no domingo", detectou Olga.
Os atendentes da Banca 26 Alexandre Meibom e Cleverson Dias reforçam que o perfil de público muda e "muitos venezuelanos" comparecem. "Tem muita gente do interior que vem para cá atrás de itens não tem na cidade", observou Meibom.
"É o segundo domingo que trabalho e está sendo uma experiência muito boa", concluiu o atendente. O casal Andréa e Fábio Barros e o filho Andreo compareceram pela segunda vez em domingos.
"A primeira foi apenas para comprar produtos. Agora vamos almoçar", contou Andréa.
A família reside na Capital e lembra que costumava frequentar em dias de semana e achou mais tranquilo ir em domingo. "Hoje nos programamos para comprar e almoçar", citou a contadora.
No segundo piso, a aposentada Maria da Graça Holanda, a filha Carol e a neta Júlia almoçavam pela primeira vez no espaço. O trio saiu de São Leopoldo para o programa.
Dono de uma das mais recentes operações a abrir no Mercado, a Di Toni, Jaime Oliveira, avaliou que é preciso gerar mais atrações para elevar o fluxo.
"Era importante criar eventos para movimentar mais", sugeriu Oliveira.
Enquanto tentam emplacar o novo dia, os mercadeiros devem fazer uma pausa na abertura aos domingos em janeiro e fevereiro.
"Porto Alegre sofre muito nos dois meses. Os lojistas não devem abrir, mas os restaurantes sim. É um período que também queremos descansar", adiantou Jefferson Sauer, um dos donos da Banca 43 e da direção da Associação do Comércio do Mercado Público Central de Porto Alegre (ASCOMEPC).
O diretor administrativo do Mercado pela prefeitura, Ronaldo Pinto Gomes, disse que entende a parada e diz que a intenção de fechamento será levada à gestão municipal. Além disso, garante que obras como a reforma da parte de esgotamento e partes do piso terão início em 2024. Há expectativa pelas melhorias no empreendimento com mais de 160 anos.