O mercado gaúcho de supermercados vem sendo agitado por aberturas de lojas, principalmente de atacarejos. Agora a onda pode estar mudando, em parte. A maior varejista do Brasil está fechando unidades no Rio Grande do Sul e, por notícias em sites em outras regiões, pelo Brasil. No Estado, o Carrefour decidiu encerrar unidades de hipermercados e supermercados. A coluna Minuto Varejo confirmou que são, até agora, pelo menos seis filiais: quatro do hipermercado Carrefour (Porto Alegre, Esteio, Rio Grande e Santa Cruz do Sul) e outras duas da bandeira Nacional em cidades do Litoral Norte. Em nota, a companhia alega que já havia comunicado que faria fechamentos pontuais dentro de um processo de revisão de sua atuação.
Enquanto decide fechar pontos, o grupo também volta atrás em conversões de lojas. É o caso do hipermercado ex-BIG de Cachoeirinha que havido migrado para Carrefour, em meados de 2023, e vai ser alterado para Atacadão. A loja fecha em dezembro para a mudança. O clássico hipermercado que foi BIG, na avenida Sertório, na Zona Norte de Porto Alegre, fecha em janeiro. A informação é do Sindicato dos Comerciários da Capital. "Loja fecha em janeiro", diz Nilson Souza, o Neco Souza. "Falta de movimento", diz o dirigente, sobre o motivo do encerramento da atividade na Capital.
Em frente da loja a ser fechada tem filial do atacarejo Atacadão, também Carrefour, e ao lado o Sam's Club. Neco diz que o grupo pretende realocar empregados em outras lojas. Os outros hipermercados que vão fechar também haviam sido transformados de BIG para a bandeira do grupo. O Carrefour tem mais unidades tanto de hipermercado, como de Atacadão e Nacional. A varejista francesa comprou, em 2021, o grupo BIG, que tinha as bandeiras BIG, Nacional e Maxxi Atacado.
Já duas lojas da bandeira Nacional fecharão em Imbé e Xangri-Lá, segundo o Sindicato dos Comerciários de Santo Antônio da Patrulha e Litoral Norte. A coluna está checando se não há mais pontos na região que podem ser encerrados. A presidente do sindicato, Adriana Costa de Oliveira, disse que recebeu a notícia da área de relações intersindicais do grupo no Estado na semana passada. "Vão fechar em janeiro", citou Adriana. E o motivo para desativar as unidades? "A venda está muito baixa. Em comunicado, dizem que vão remanejar funcionários", acrescenta a dirigente comerciária. Os dois supermercados somam mais de 150 trabalhadores. "Elas (lojas) concorrem com os atacarejos, que conseguem oferecer preço melhor. Isso vem afetando o movimento", cita a presidente do sindicato dos comerciários.
Paradoxalmente, o mesmo formato que provoca o fim de operações deve gerar vagas para quem ficar desempregado, acredita a dirigente. "Os funcionários saem para trabalhar nos mercados grandes. Tem muita rotatividade. Se o Carrefour não conseguir realocar as pessoas em outra loja, elas não vão ficar desempregadas", aposta Adriana. O Carrefour Brasil afirma, em nota, que "está em processo de revisão do seu portfólio como forma de otimizar a rede de lojas de seu ecossistema". O grupo indica que já feito comunicado sobre este movimento em fim de novembro.
"Neste sentido, algumas lojas serão convertidas para outros formatos e também estão previstos fechamentos pontuais", admite a varejista. "Reafirmamos o compromisso da rede com o estado do Rio Grande do Sul, uma praça de extrema importância para nossos negócios, e que continuará contando com a presença do Grupo Carrefour Brasil em diferentes formatos de Varejo, Cash&Carry e Clube de Compras", informa na nota.
O impacto das megalojas de atacarejos de grupo gaúchos, catarinenses e nacionais (ou multinacionais) como o Carrefour, que também tem braço forte do modelo no Estado - o terceiro em número de lojas de Atacadão -, é cada vez mais pauta no setor supermercadista. Até mesmo lojas menores em Porto Alegre e Região Metropolitana e complexos com múltiplas unidades, como o Mercado Público da Capital, registram os efeitos.
Volume grande e preços mais competitivo são as razões. Os grupos exploram estes dois atrativos e montam estabelecimentos que têm custo de serviço, como menos funcionários, para poder manter a competitividade do formato. Nos últimos meses de 2023, uma safra de novos atacarejos foi aberta. Em 2024, a previsão é de continuar um ritmo forte. Grupos gaúchos como Zaffari (Cestto), Comercial Zaffari (Stok Center), Imec (Desco), Unidasul (Macromix) e Andreazza (Vantajão) terão mais lojas. Os catarinenses Pereira (Fort) e Passarela (Via) também programa mais lojas.
A coluna Minuto Varejo noticiou, no começo de 2023, que o grupo Passarela, com sede em Concórdia, no Oeste catarinense, iria erguer seu primeiro atacarejo em Porto Alegre, o Via, bem pertinho do Stok Center (Comercial Zaffari) e Atacadão (Carrefour). O prédio, na avenida Assis Brasil, 8620, está indo para a etapa final de instalação. O grupo vai abrir no primeiro trimestre de 2024.
O Minuto Varejo apurou com varejos de alimentação que vão atuar no complexo que a quinta filial da bandeira no Rio Grande do Sul começa a funcionar em fevereiro na Zona Norte. O grupo abriu 200 vagas para trabalhar no estabelecimento. Interessados podem enviar currículo para o e-mail recrutamento@superpassarela.com.br ou ao WhatsApp (54) 98134-0019.
A chegada de mais uma unidade do formato coincide com o movimento que veio a público ontem de fechamento de pontos pelo Carrefour. A filial do Via fica em terreno com 20 mil metros quadrados ou dois hectares, em frente à rótula que dá acesso ao complexo da Federação das Indústrias do RS (Fiergs). A futura loja ficará no sentido Região Metropolitana para a Capital. A bandeira tem outras unidades em mais quatro cidades gaúchas - Farroupilha, Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Santa Cruz do Sul - e tem planos de expansão.