Atualizada em 03/11/2024 - A operadora no Brasil por trás de marcas gigantes como Starbucks e Subway é o mais recente grupo a entrar com pedido de recuperação judicial (RJ) no País. Estão no pedido as operações das 187 atuais lojas da Starbucks, além do Eataly e TGI Fridays. A rede da Subway não foi incluída na RJ. O pedido ingressou na noite dessa terça-feira (31 de outubro) na 1ª Vara de Falências da Justiça de São Paulo. O valor informado como passivo é de R$ 1,8 bilhão.
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No Rio Grande do Sul, as marcas mais presentes são Subway e, nos anos recentes, a Starbucks, que tinha seis pontos - cinco em Porto Alegre e uma em Canoas -, mas uma unidade foi fechada na terça-feira, no mesmo dia do pedido de RJ.
Uma das três lojas do Aeroporto Internacional Salgado Filho, a que ficava na área do embarque doméstico, deixou de operar. Funcionários foram demitidos. Alguns teriam sido realocados. Os cortes atingem outras lojas no terminal, apurou a coluna.
Além deste grupo em funcionamento, mais três cafeterias estão previstas: no Praia de Belas Shopping, na Capital, Villagio Caxias, em Caxias do Sul, e Gramado.
Em Caxias do Sul, a instalação da unidade foi adiada para 2024. Em nota à coluna, a direção do Villagio disse que aguarda a definição do operador da marca. No Praia de Belas, a direção confirmou em outubro que a cafeteria abriria em novembro na área onde foi Press Café. Com o fato recente, o Minuto Varejo questionou o shopping sobre a previsão de abertura. Por nota, a Iguatemi, dona do Praia de Belas, diz que "não comenta relações comerciais com seus lojistas". A Starbucks está em lista de aberturas até dezembro, informada pelo empreendimento.
Em nota, SouthRock informa que a medida foi tomada para "proteger financeiramente algumas de suas operações no país", além de "salvaguardar as marcas, os Partners (colaboradores), fornecedores e os negócios operados pela empresa".
Em outro comunicado, desta vez conjunto da operadora e do executivo da Subway para o Brasil, William Giudici, enviado a franqueados, é ressaltado que o fast-food não é atingido pela RJ. Nessa quarta-feira (1º), a direção da Subway reuniu franqueados em São Paulo para tranquilizar sobre a situação, disse um empresário gaúcho com lojas da marca. O encontro foi convocado um dia antes. Aparentemente, a conversa passou segurança ao grupo.
A Subway passou ao comando da SouthRock no começo de 2022. Uma diferença frente às outras marcas é que quase todas as lojas do fast-food de sanduíches são franquias. O Eataly também foi assumido no ano passado.
A SouthRock listou, em sua nota e na petição à Justiça, que é a recuperação judicial foi necessária devido a impactos financeiros da pandemia de Covid-19, ainda não superados, e condições adversas para obter capital no mercado devido a restrições de crédito. Na Justiça, tem pedido de despejo de pontos devido a atrasos de aluguel. Mas o principal motivo que desencadeou a ação foi a notificação da Starbucks Coffee International, com sede nos Estados Unidos, terminando com os acordos de licença da marca.
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A medida foi comunicada em 17 de outubro a três empresas comandadas pelos acionistas da SouthRock e que detêm contratos com a gigante de cafeterias. No processo, a operadora se disse surpresa com a notificação, pois vinha tendo conversações com representantes do grupo norte-americano. Os pontos de café geram R$ 50 milhões mensais à operadora.
A SouthRock pediu urgência na apreciação sobre a RJ pelo juiz e ainda instauração de mediação e suspensão dos efeitos da rescisão feita pela Starbucks. "É fundamental que as requerentes continuem desenvolvendo as suas atividades regularmente, pois somente assim será possível proporcionar a geração de receitas necessárias à manutenção de sua atividade empresarial", justifica, na petição.
Pelo menos 24 empresas ligadas aos operadores das marca foram incluídas na medida judicial. Entre os nomes, estão as que operam em aeroportos. Uma das citadas é Sul Airport Restaurantes, ligada a unidades da Starbucks que estão no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, mas há outras em terminais no Sul do Brasil.
No rol, estão Southrock Capital, Southrock Centro de Serviços Administrativos, Src D Participações, Src 1 Participações, Kd01 Participações, Hb Participações, Src 6 Participações, Src Holding Participações, Southrock Lab, Star Participações, Starbucks Brasil Comércio de Cafés, Americana Franquia, Eataly Participações, Brazil Highway, Wahalla, Vai Soluções, Brazil Airport Restaurante, São Paulo Airport Restaurantes, Rio Airport Restaurantes, Sul Airport Restaurantes, Brasilia Airport Restaurantes, Belo Horizonte Airport Restaurantes, Eataly Brasil Comercio e Distribuição de Alimentos e Vai Pay Soluções em Pagamento.
Planos para Starbucks no RS ao Eataly que não veio
A notícia da RJ da SouthRock e suas operações tem dois efeitos imediatos no mercado gaúcho.
Um deles é de dúvida. A marca norte-americana de cafeterias mais badalada em grandes mercados globais tem três unidades em linha para sair, duas já com locais: no Praia de Belas Shopping, prevista para novembro, e Villagio Caxias, adiada para 2024, o que pode já ser um impacto da condição das operações que levou à RJ.
A Starbucks tem agora cinco pontos no Estado: BarraShoppingSul, primeira a abrir, no Aeroporto Internacional Salgado Filho (setor de check-in no segundo piso e nas áreas de embarque (fechou) e desembarque doméstico) e na Galeria Chaves em Porto Alegre, e uma no ParkShopping Canoas.
O segundo efeito é de reviver um episódio negativo na relação do varejo gaúcho com o operador que detém o portfólio. O Eataly, que é um food market com marcas italianas, que combina venda de itens e restaurantes e com presença apenas em São Paulo no Brasil, teria a primeira loja no Estado, que foi anunciada para o Pontal Shopping, na Capital.
Mas, em meados de 2022, com a troca de operador da marca, assumida pela SouthRock, a instalação foi suspensa. Para o espaço, o Pontal anunciou no começo deste ano uma loja da rede de supermercados Asun. O Asun Pontal deve abrir até o fim de novembro em área de 2 mil metros quadrados.
Nota da SouthRock sobre o pedido de recuperação judicial:
"Ao longo dos últimos três anos, desde que a pandemia da COVID-19 transformou drasticamente a vida de todos ao redor do mundo, incontáveis empresas, incluindo varejistas, têm sido vistas lutando para manter suas operações. Os desafios econômicos no Brasil resultantes da pandemia, a inflação e a permanência de taxas de juros elevadas agravaram os desafios para todos os varejistas, incluindo a SouthRock
Neste cenário, a SouthRock segue comprometida a defender a sua missão e seus valores, enquanto entra em uma nova fase de desafios, que exige a reestruturação de seus negócios para continuar protegendo as marcas das quais tem orgulho de representar no Brasil, os seus Partners (colaboradores), consumidores e as operações de suas lojas.
O processo de reestruturação da SouthRock já começou, com o apoio de consultores externos e stakeholders. Mas, o trabalho deve continuar, então a SouthRock solicitou, hoje, Recuperação Judicial para proteger financeiramente algumas de suas operações no Brasil atrelado a decisões estratégicas para ajustar seu modelo de negócio à atual realidade econômica. Os ajustes incluem a revisão do número de lojas operantes, do calendário de aberturas, de alinhamentos com fornecedores e stakeholders, bem como de sua força de trabalho tal como está organizada atualmente.
Estas decisões são tomadas para garantir que a empresa esteja preparada para navegar no atual ciclo econômico, à medida em que reforçam o compromisso da SouthRock com os negócios em curso, com sua responsabilidade social e corporativa e com todas as partes envolvidas em meio à volatilidade do mercado.
Neste cenário, a SouthRock segue comprometida a defender a sua missão e seus valores, enquanto entra em uma nova fase de desafios, que exige a reestruturação de seus negócios para continuar protegendo as marcas das quais tem orgulho de representar no Brasil, os seus Partners (colaboradores), consumidores e as operações de suas lojas.
O processo de reestruturação da SouthRock já começou, com o apoio de consultores externos e stakeholders. Mas, o trabalho deve continuar, então a SouthRock solicitou, hoje, Recuperação Judicial para proteger financeiramente algumas de suas operações no Brasil atrelado a decisões estratégicas para ajustar seu modelo de negócio à atual realidade econômica. Os ajustes incluem a revisão do número de lojas operantes, do calendário de aberturas, de alinhamentos com fornecedores e stakeholders, bem como de sua força de trabalho tal como está organizada atualmente.
Estas decisões são tomadas para garantir que a empresa esteja preparada para navegar no atual ciclo econômico, à medida em que reforçam o compromisso da SouthRock com os negócios em curso, com sua responsabilidade social e corporativa e com todas as partes envolvidas em meio à volatilidade do mercado.
Enquanto esses ajustes estruturais são implementados, todas as marcas continuarão operando e entregando os produtos exclusivos e as experiências únicas que cada uma delas oferece aos consumidores que visitam suas lojas todos os dias.
A SouthRock segue comprometida em continuar trabalhando em estreita colaboração com seus parceiros comerciais para criar as condições necessárias para seguir desenvolvendo e expandindo todas as suas marcas no Brasil ao longo do tempo."
Nota conjunta da SoutRock e Subway Brasil enviada a franqueados:
"Caros franqueados,
Enfrentando os atuais desafios e condições de mercado, a SouthRock, operadora líder de restaurantes multimarcas no Brasil, solicitou Recuperação Judicial para proteger financeiramente algumas de suas operações no país. A decisão, que envolve determinadas marcas do portfólio da empresa, não se aplica à Subway no Brasil. Essa decisão foi tomada para salvaguardar as marcas, os Partners (colaboradores), fornecedores e os negócios operados pela empresa.
Uma vez que as decisões precisam equilibrar o compromisso da SouthRock com os negócios em curso, sua responsabilidade social e corporativa e todas as partes envolvidas em meio à volatilidade do mercado, a companhia se vê em posição de ajustar algumas frentes operacionais e de negócios para refletir o cenário econômico atual.
SouthRock segue comprometida em continuar trabalhando em estreita colaboração com seus parceiros comerciais para criar as condições necessárias para seguir desenvolvendo e expandindo Subway e as marcas que opera no Brasil ao longo do tempo.
William Giudici, Subway Country Manager Brazil."
Enfrentando os atuais desafios e condições de mercado, a SouthRock, operadora líder de restaurantes multimarcas no Brasil, solicitou Recuperação Judicial para proteger financeiramente algumas de suas operações no país. A decisão, que envolve determinadas marcas do portfólio da empresa, não se aplica à Subway no Brasil. Essa decisão foi tomada para salvaguardar as marcas, os Partners (colaboradores), fornecedores e os negócios operados pela empresa.
Uma vez que as decisões precisam equilibrar o compromisso da SouthRock com os negócios em curso, sua responsabilidade social e corporativa e todas as partes envolvidas em meio à volatilidade do mercado, a companhia se vê em posição de ajustar algumas frentes operacionais e de negócios para refletir o cenário econômico atual.
SouthRock segue comprometida em continuar trabalhando em estreita colaboração com seus parceiros comerciais para criar as condições necessárias para seguir desenvolvendo e expandindo Subway e as marcas que opera no Brasil ao longo do tempo.
William Giudici, Subway Country Manager Brazil."