Magnabosco: qual é o segredo para chegar aos 108 anos?

Loja da Serra aposta em mix com marcas internacionais, lab de tendência e novas filiais

Por Patrícia Comunello

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Qual é o segredo de uma loja que se mantém aberta há 108 anos? Será que é a capelinha charmosa no segundo andar da Magnabosco, no ponto de comércio mais valorizado de Caxias do Sul e da "Serra", como diz o CEO, Pedro Horn Sehbe, quarta geração do varejo centenário? Sehbe detalha, na seção Com a Palavra, do caderno Empresas & Negócios, a evolução recente do varejo. 

Na mudança para se ajustar a público e se posicionar, a abertura e o rol de marcas internacionais e nacionais desejadas virou um dos diferenciais e ainda forte ativo para gerar mais faturamento e novas estratégias de melhor exploração de espaços no interior do varejo.

Store in store

O modelo pós-100 anos é inspirado no "store in store" de magazines europeus e dos Estados Unidos, com marcas selecionadas que têm espaços dentro do varejo, com design de exposição próprio. São mais de 20 entre as internacionais, como Armani, Columbia, Levi's, Nike, Lacoste e Lecoq sportif, e nacionais, como Animale, Farm, Osklen e Hering.
"Elas nos buscam e investem. Temos fila de marcas querendo entrar", diz o CEO.
A italiana Armani, uma das grandes grifes de luxo no mundo, já está na terceira coleção na loja, revela Sehbe.
O "store in store" atrai fluxo de diferentes gerações e estilos, o que vira uma atração para o público, que é diversificado, entre homens e mulheres, com perfil familiar, entre casais e filhos. O segredo também é uma curadoria de mix, cita o executivo, maior acionista da empresa familiar.
Outro trunfo: clientes de perfil de shopping center, mas para um varejo situado no Centro da cidade, em um ponto de rua.
Em junho, a loja lançou a coleção de outra italiana, a Dolce & Gabbana, junto com Milão, Paris e Porto Alegre, onde a maison tem loja física. "A marca nos procurou. Vendemos R$ 400 mil em três dias", comemora o CEO.

Laboratório de experiências e compartilhamento

No último piso da loja, está o Laboratório Magnabosco, que combina área para cursos, atelier de costura e estúdio fotográfico, todos locáveis, e araras com roupas de segunda mão (second hand) - os donos das peças que passam por avaliação criteriosa da equipe da loja recebem 50% do valor do item ou créditos para gastar na loja.
A área de usados é o braço de moda circular, tão "na moda" entre grandes varejidtas, elas a Renner, que comprou o maior brechó online do Brasil, o Repassa.   
O lab, montado em 2018, busca trazer para dentro da operação protagonismo e disseminar ideias.
"Para entender e participar da transformação do varejo, focado em experiências de moda", conceitua Sehbe. Além disso, são feitas mostras e eventos culturais nos espaços.
"Tem muito a ver com a necessidade de gerar fluxo e ser player ativo. Entender como vai ser a relação do varejo com o futuro consumidor de moda."

Capela da década de 1930 e escada flutuante

Passados 108 anos, a loja, na esquina das ruas Sinimbu com Dr. Montaury, centro de Caxias do Sul,  tem muitas facetas. Os tecidos continuam em um dos segmentos do segundo piso, mas a segmentação é bem clara. Também entraram itens para casa e decoração.
"É a solução completa para o cliente, porque hoje concorremos com shopping center", traduz o CEO.
Além disso, amplia-se o tempo de permanência, hoje de 30 minutos, devidamente medidos. A loja tem áreas que chamam a atenção.
A capela, no segundo piso foi trazida da Itália na década de 1930, junto com vitrais, já teve casamento e é parada de clientes para rápidas orações ou para matar a curiosidade.
Na década de 1950, foi instalada a escada flutuante, que é ícone do ambiente, e foi projetada pelo arquiteto Silvio Toigo.  
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