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Com atraso do frio, vendas do varejo gaúcho despencam 4,8% em maio
Setor de vestuário liderou queda de volume comercializado em meio a ganhos escassos
Tem gente que detesta frio, mas as temperaturas mais baixas ou não no outono e inverno no Sul fazem uma diferença colossal no desempenho do varejo. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, reforçou a máxima da temporada: pouco frio, vendas em baixa.
Frente a abril, a queda do varejo restrito (que não inclui veículos, materiais de construção e atacarejos) foi de 1,6%. No confronto com maio de 2022, o tombo foi feio: de 4,8%, em relação ao mesmo mês de 2022, quando fez mais frio. A diferença só não foi maior porque os dois meses (abril e maio) tiveram condições meteorológicas semelhantes, num típico veranico estendido.
A média brasileira também ficou no vermelho na relação a maio do ano passado, caindo 1%, mesmo comportamento em relação a abril. Ante 2022, no entanto, o setor teve alta de 3% no País. "O destaque negativo no mês foi vestuário", disse, quase sem precisar ver os dados, o economista-chefe da CDL Porto Alegre (CDL-POA), Oscar Frank.
Mais sensível ao clima, lojas de roupas e calçados venderam um volume 25,3% menor em relação a maio de 2022 - a PMC não apresenta dados setoriais no contraste com o mês anterior. Varejistas de vestuário de Santa Catarina e do Paraná também sofreram com a oscilação climática, com quedas de 13,5% e 14,1%, respectivamente. "No mesmo período do ano passado, foi bem mais frio", concluiu o economista, para alicerçar a máxima da coluna Minuto Varejo e dos comerciantes sulinos em geral.
"O calor fora de época acaba gerando menos procura por produtos com tíquete mais elevado. Além disso, a demanda reprimida já diminuiu também", observa Frank. Demanda reprimida relacionada até mesmo ao represamento de compras na pandemia, que freou a demanda por vestuário novo. Como junho foi marcado por temperaturas também nada "adequadas" para as duas estações, já dá para antever impactos no desempenho do fluxo de vendas dos negócios, com dados que serão conhecidos em agosto.
A queda de 8,4% na venda de combustíveis é associada, pelo economista, aos efeitos da normalização da base comparação entre pesquisas passadas. "Em 2022, o setor cresceu mais de 30%", citou Frank. "Sem fundamentação econômica no nosso entendimento", justificou.
No varejo geral, supermercados, hipermercados e outros comércios de alimentos e bebidas mantiveram fluxo positivo, mas menos vigoroso, com avanço de 1,6%.