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Minuto Varejo

- Publicada em 14 de Julho de 2023 às 15:43

Sem frio, vendas do varejo gaúcho despencam 4,8% em maio

Segmento de vestuário teve maior queda no mês de maio, com tombo de 25,3% nas vendas

Segmento de vestuário teve maior queda no mês de maio, com tombo de 25,3% nas vendas


PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Tem gente que detesta frio, mas as temperaturas mais baixas ou não no outono e inverno no Sul fazem uma diferença colossal no desempenho do varejo. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira (14) pelo IBGE, reforçou a máxima da temporada: pouco frio, vendas em baixa. A queda ocorre pelo segundo mês consecutivo no comércio do Rio Grande do Sul. 
Tem gente que detesta frio, mas as temperaturas mais baixas ou não no outono e inverno no Sul fazem uma diferença colossal no desempenho do varejo. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira (14) pelo IBGE, reforçou a máxima da temporada: pouco frio, vendas em baixa. A queda ocorre pelo segundo mês consecutivo no comércio do Rio Grande do Sul. 

LEIA MAIS: Varejo gaúcho têm leve queda nas vendas em abril, mas atacarejo sobe 17,5%

Frente a abril, a queda do varejo restrito (que não inclui veículos, materiais de construção e atacarejos)  foi de 1,6%. No confronto com maio de 2022, o tombo foi feio: de 4,8%, em relação ao mesmo mês de 2022, quando fez mais frio. Frente a abril, mais queda, de 1,6%. A diferença só não foi maior porque os dois meses tiveram condições meteorológicas semelhantes, num típico veranico estendido. 
A média brasileira também ficou no vermelho na relação a maio do ano passado, caindo 1%, mesmo comportamento em relação a abril. 
"O destaque negativo no mês foi vestuário", disse, quase sem precisar ver os dados, o economista-chefe da CDL Porto Alegre (CDL-POA), Oscar Frank. Por quê, Frank?
"No mesmo período do ano passado, foi bem mais frio", concluiu o economista, para alicerçar a máxima destacada pela coluna Minuto Varejo e pelos comerciantes sulinos em geral.
Mais sensíveis ao clima, lojas de roupas e calçados venderam um volume 25,3% menor em relação a maio de 2022 - a PMC não apresenta dados setoriais no contraste com o mês anterior.
Varejistas de vestuário de Santa Catarina e do Paraná também sofreram com a oscilação climática, com quedas de 13,5% e 14,1%, respectivamente, no volume de vendas
"O calor fora de época acaba gerando menos procura por produtos com tíquete mais elevado. Além disso, a demanda reprimida já diminuiu também", observa Frank. Demanda reprimida relacionada até mesmo ao represamento de compras que ocorreram na pandemia, que freou a busca por vestuário novo já que as pessoas estavam mais em casa. 
Como junho foi marcado por temperaturas também nada "adequadas" para as duas estações, já dá para antever impactos no desempenho do fluxo de vendas dos negócios, com dados que serão conhecidos em agosto.
A queda de 8,4% na venda de combustíveis é associada, pelo economista, aos efeitos da normalização da base comparação entre pesquisas passadas. "Em 2022, o setor cresceu mais de 30%", citou Frank. "Sem fundamentação econômica no nosso entendimento", justificou.
No varejo geral, supermercados, hipermercados e outros comércios de alimentos e bebidas mantiveram fluxo positivo, mas menos vigoroso, com avanço de 1,6%. Se o recorte for apenas de supermercados e hipers, o aumento teve fôlego menor, de 1,3%.
Varejo de móveis e eletrodomésticos teve um volume de comercialização 5,7% menor em relação a maio do ano passado. Livros e papelarias também figuraram na porção deprimida do quadro, com recuo de 12,3% nas vendas.
farmácias e outros segmentos de beleza e saúde surfam na alta há tempo e repetem o lado positivo, com alta de 9,2% em vendas.   
Para Frank, as dificuldades seguem maiores para segmentos mais dependentes de crédito, como móveis, materiais de construção, informática e eletro. Já hipers e supermercados e farmacêuticos mostram resiliência e colhem benefícios da recomposição de renda, com inflação cedendo nos meses recentes, sob efeito da taxa de juro alta e sem mudança na Selic. 
O Indicador de Inadimplência da CDL-POA de junho mostrou que os atrasados seguem subindo entre os gaúchos, com maior nível em 16 meses. 
No chamado varejo ampliado (automóveis, materiais e construção e atacarejos), o volume médio de venda caiu 1,6% em maio frente a abril e 3% ante maio de 2022. No País, o setor teve alta de 3% ante 2022 e queda de 1% no confronto mensal.
Veículos tiveram alta na venda no Estado, de 7,5%. "Mas os números não capturaram ainda o impacto do programa do governo federal de estímulo às vendas", acredita o economista-chefe da CDL-POA. "Mesmo com o crescimento sobre 2022, o setor ainda segue com nível de vendas 5,5% inferior a maio de 2019 e 19,2 % abaixo de maio de 2014", compara Frank.
Materiais de construção não foram bem, com queda de 2,9%, e atacarejos, novidade na PMC em 2023, tiveram leve recuo, de 0,3%.