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Minuto Varejo

Minuto Varejo

- Publicada em 21 de Junho de 2023 às 08:04

"Nunca pensei que fosse fechar", diz dono de cafeteria em loja da Renner

"A Renner fecha as portas e, consequentemente, fecha as minhas. É muito triste", desabafa Pillar

"A Renner fecha as portas e, consequentemente, fecha as minhas. É muito triste", desabafa Pillar


PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O movimento aumentou 30% nesta terça-feira (20) na cafeteria Chocólatras, no terceiro andar da Lojas Renner, situada no prédio histórico da Livraria do Globo, no Centro Histórico de Porto Alegre. O franqueado Daniel Pillar deveria estar festejando, mas não está completamente.
O movimento aumentou 30% nesta terça-feira (20) na cafeteria Chocólatras, no terceiro andar da Lojas Renner, situada no prédio histórico da Livraria do Globo, no Centro Histórico de Porto Alegre. O franqueado Daniel Pillar deveria estar festejando, mas não está completamente.
Desde que a varejista de moda oficializou o fechamento da filial, como a coluna Minuto Varejo noticiou, o fluxo aumentou pela curiosidade das pessoas em visitar ou até mesmo conhecer o local onde fica o Memorial da Livraria do Globo, com uma escultura de Erico Verissimo segurando um livro.     

LEIA MAIS: Seis redes varejistas decidiram fechar lojas no Centro de Porto Alegre

Um autêntico ponto "instagramável", mesmo que, quando foi inaugurado o espaço em 2012, nem existia a rede social que inspira o chargão. O atrativo, além da arquitetura e do ambiente, com as mesinhas que rodeiam a área aberta com vista para as araras com roupas da loja (onde antes estavam livros), torna o lugar único na região, aposta o franqueado:
"É a cafeteria mais bonita do Centro. Como ela, não tem outra."
Sobre o Memorial, a varejista informou, em nota enviada à coluna, "que está tomando as medidas necessárias para garantir a preservação das peças".
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Estátua de Erico Verissimo é atração, seguindo o apelo de uma autêntica área instagramável no espaço. Fotos: Patrícia Comunello/JC 
Pillar só recebeu também nesta terça-feira o aviso formal da Renner de que terá de encerrar a operação até 13 de julho, último dia de funcionamento do complexo. O imóvel é alugado pela Renner, que alegou, em nota na segunda-feira (19), que "as aberturas e os fechamentos são movimentos naturais do varejo".
Segundo Pillar, a confirmação informal, por telefone, sobre a medida ocorreu no começo do mês, após ele questionar a companhia devido aos comentários que chegavam e circulavam entre funcionários da varejista e clientes.
"Nunca pensei que fosse fechar", desabafa Pillar, que montou a cafeteria da Chocólatras em 2016, sucedendo outra marca que ocupava o espaço quando estreou a filial com o memorial. "A Renner fecha as portas e, consequentemente, fecha as minhas. É muito triste."
"Entendo que é um negócio, que não podem ficar com loja dando prejuízo, mas poderiam ter avisado antes. Podiam ter pensado que tem pessoas trabalhando na cafeteria que vão ficar desempregadas", observa o empreendedor. "Foi desumano e insensível", critica, reconhecendo que, ao longo de sete anos de convivência, a relação sempre foi muito boa.
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Cafeteria e Memorial da Livraria do Globo ocupam o terceiro andar, com abertura no centro que dá visão das araras da loja
Pillar tem preocupações bem objetivas pela frente: as rescisões dos três funcionários e financiamentos contraídos na pandemia, para suportar a queda de receita com o fluxo que despencou, efeito principalmente do home-office que enxugou a população que trabalhava no Centro. 
Um dos integrantes da equipe é Dionas dos Santos, com sete anos de casa. "Tenho filhos, contas, agora vou para a fila do desemprego", lamenta Santos, narrando a relação que a clientela tem com o lugar. "As pessoas vem aqui para trabalhar, tomar café, conversar com amigos", comenta ele. 
Também atuam na unidade Gabriela Dornelles, há um ano, e Camila Ribeiro, há dois meses. Todos receberam o aviso-prévio. Antes da pandemia, a equipe chegou a ter cinco pessoas.  
Dos passivos da crise santária, que incluem linhas como Pronampe e outros créditos lançados para ajudar empresas, o franqueado diz que tem ainda pouco mais de R$ 100 mil.
"O ganho da cafeteria, de R$ 5 mil a R$ 6 mil mensais, estava indo para esta conta, agora não sei o que vou fazer. Só rescisões e salários somam cerca de R$ 20 mil", contabiliza Pillar, que vendeu uma produtora para investir na Chocólatras da Renner em 2016 e, recentemente, negociou outra franquia que tinha no bairro Bom Fim, para se dedicar à operação do Centro.         
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Pillar teve de dar aviso-prévio aos funcionários (esq. p/ dir.) Camila, Gabriela e Santos, há sete anos na casa   

Dono de cafeteria quer ponto no Centro, mas se assusta com aluguéis

Enquanto administra, de um lado, as despesas da atual operação com os dias contados, de outro, o empreendedor tenta definir o novo destino do negócio, já que ele quer continuar.
"Queria manter no Centro, que é diferenciado, tem uma pegada mais cultural. Com as revitalizações, a perspectiva é de melhorar", vislumbra, citando as obras do Quadrilátero Central. Mas não vai ser uma empreitada fácil:
"Já dei uma olhada em alguns pontos. Pagava R$ 4 mil de aluguel para a Renner e não encontro nada por menos de R$ 17 mil e R$ 20 mil", assusta-se. 
A saída compulsória do prédio da antiga Livraria do Globo ocorre em um momento em que Pillar via "perspectiva de retomada" do movimento, principalmente depois de a pandemia ter derrubado a receita mensal de R$ 60 mil para R$ 23 mil, ou até menos.
Janeiro e fevereiro tinham sido muito fracos, diz o franqueado. "Março melhorou um pouco e abril e maio vieram melhores. Cafeterias dependem de frio, o inverno naturalmente traz mais fluxo", associa Pillar. 
Até definir o futuro, o franqueado vai se dedicar a manter a cafeteria até o último dia.