A leva recente de fechamentos de lojas na região mais icônica do comércio de rua de Porto Alegre não para de ganhar novos nomes. A mais recente que veio a público é de
uma das filiais da Renner, maior varejista de moda brasileira. Antes, outras redes nacionais e mesmo regionais com bom peso no mercado já se retiraram ou estão em processo de enxugamento de unidades na região.
A coluna Minuto Varejo lista pelo menos seis marcas varejistas que fecharam ou vão encerra pontos nos últimos meses. Além das bandeiras, comércios locais também desapareceram, deixando o rastro de pontos com a cortina da frente baixada por prazo indeterminado.
A Renner fechará a unidade dentro do prédio icônico da Livraria do Globo, na rua dos Andradas, em 13 de julho. Restará no Centro a megaloja na esquina da avenida Otávio Rocha com a rua Doutor Flores. O movimento segue encerramentos que se concentraram no primeiro trimestre e sacrificam filiais que não têm bom desempenho ou resultado negativo.
Boa parte das varejistas também segue a racionalidade. Com fluxo abalado pela pandemia e ainda por uma deterioração do Centro ao longo de anos - obras de revitalização do Quadrilátero Central tentam reverter o quadro agora -, redes reduzem número, mas sem desaparecer.
Uma das duas lojas da Marisa que vai fechar até fim de junho fica na rua Voluntários da Pátria. Fotos: Patrícia Comunello/JC
Além da Renner, a
Marisa segue a regra e vai eliminar, em 30 de junho, dois pontos: um na Andradas e outra na rua Voluntários da Pátria, perto do Largo Glênio Peres. Nas duas vias, a marca nacional tem outras duas operações, cortando, portanto, pela metade a presença no Centro. A rede explica que são unidades deficitárias.
Riachuelo e Colombo também adotam a versão mais enxuta em 2023.
Riachuelo desativou a filial da rua dos Andradas e concentrou as vendas no prédio que foi da Mesbla
A
varejista de moda desativou um ponto na Andradas em março e manteve a maior operação no Centro, bem
em frente à megaloja da concorrente Renner e ex-endereço da memorável
Mesbla, magazine que foi símbolo e gigante do varejo brasileiro e faliu nos anos de 1990.
A
gaúcha Colombo também está menor na rua Doutor Flores, corredor das grifes de eletromóveis e onde estão as
nacionais Magazine Luiza e Ponto, da Via, também dona da Casas Bahia. A rede fundada por
Adelino Colombo, que faleceu em 2021, e hoje é comandada pelo neto Eduardo Colombo, tinha quatro unidades em duas quadras da rua.
Em maio, foi eliminada a filial no trecho entre a Otávio Rocha e a rua Voluntários da Pátria, bem perto de outra da marca que continua aberta. Também foi desativado um ponto da ColomboCred, que atua com produtos financeiros, entre a Otávio Rocha e a rua dos Andradas e que ficava ao lado de uma loja de eletromóveis, que permanece.
Rede gaúcha fechou a operação da ColomboCred que ficava ao lado de uma das lojas do grupo com sede em Farroupilha
A rede, com sede em Farroupilha, na Serra Gaúcha, diz que os dois fechamentos foram "questões pontuais, movimentação normal do varejo", descarta mais desativações e garante que não se trata de medida como a adotada por outras varejistas de redução de tamanho.
A bandeira gaúcha informa que inaugurou 18 lojas e programava mais uma para esta semana, seguindo plano de 2023.
Redes saem de cena de tradicional rua comercial do Centro de Porto Alegre
Rede TaQi, do grupo Herval, fechou filial que tinha na Doutor Flores, deixando de atuar na região da Capital
Na mesma Doutor Flores, pontuada por cortinas fechadas onde já f uncionaram comércios, duas bandeiras saíram de cena completamente.
A também gaúcha
TaQi fechou a loja que tinha na via, dentro do
corte de 17 filiais no Estado, redução de 20% no tamanho físico. Apenas uma unidade foi mantida na Capital, situada na zona Norte.
MadeiraMadeira deixou ponto na Doutor Flores onde havia se instalado em 2022
A
nativa digital MadeiraMadeira, que migrou para o mundo do varejo físico no pós-pandemia, fechou
a filial que abriu em meados de 2021 na rua do Centro, ao lado de loja da Colombo, que está aberta. Hoje a marca de mobiliário tem
outras filiais na zona Sul e
Azenha, a primeira a abrir em Porto Alegre, Gravataí e Novo Hamburgo.
Loja catarinense estreando onde ponto de gaúcha fechou
Para além da trilha de negócios fechados, há exceções. Dona de grande fluxo, a Doutor Flores atrai varejos que apostam na atração de consumidores para a região. Por isso, o ponto que foi da Colombo, logo abaixo da megaloja da Renner, ficou poucos dias sem locatário.
A maior rede calçadista de Santa Catarina, a
Pittol, vai instalar no endereço a primeira loja na Capital. A estreante abre até setembro nos dois andares do imóvel.
Pittol, de Santa Catarina, vai abrir a primeira filial na Capital em ponto que foi da gaúcha Colombo até maio deste ano
Vai investir R$ 7 milhões, abrir 50 empregos e vem com formato que segue varejos norte-americanos, com 100% de autoatendimento. Ou seja, o cliente pode buscar o produto desejado e tamanho diretamente nas caixas de sapatos que ficam em exposição.
"O Centro está desprovido de lojas boas. Tem muito campo", aposta a diretora de compras da Pittol, Decca Pittol.