Tem limite para a briga por mercado entre farmácias? E quando a maior concorrente é sua nova vizinha de porta? A temperatura subiu ainda mais no mundo do varejo de medicamentos e outros itens entre as duas maiores rivais no Rio Grande do Sul. A rede São João, com sede em Passo Fundo, abriu nesta quinta-feira (1) a 86ª filial em Porto Alegre bem ao lado da Panvel.
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A operação lado a lado já vinha despertando a atenção no bairro Moinhos de Vento, um dos mais apetitosos em renda na Capital. A abertura na rua Padre Chagas, 205, teve o agito com balões azuis e brancos, pipoca e até distribuição de espumante a clientes.
Como ganhar a preferência do consumidor quando o vizinho disputa o mesmo mercado?
"Os produtos e preços são muito parecidos. O grande diferencial é o atendimento, é o que define a escolha (do cliente)", demarca Thiago Soares, gerente distrital da rede de Passo Fundo, quarta maior no País e que deve faturar R$ 7 bilhões este ano. A São João já tem mais de mil pontos nos três estados do Sul. Este ano a marca pretende inaugurar 100 ponto, pelo menos um quarto já está em operação.
A economista e moradora do bairro Marilene Ludwig acabou indo na loja vizinha que já opera na área, na Panvel, comprar medicamentos nesta quinta-feira:
"Agora que inaugurou a São João, vou testar", diz ela, sinalizando o próximo destino. Sobre ter lado a lado as duas marcas, Marilene acha que "é bom ter outra opção". "É a concorrência. Quem tiver o melhor preço, vai ganhar sempre", avisa a economista.

Marilene comprou remédios na vizinha Panvel, mas pretende "testar" a nova opção da concorrente. Fotos: Patrícia Comunello/JC
"É uma disputa respeitosa e saudável e democratiza a escolha do cliente pela farmácia. Tem espaço para todo mundo. Quem atende e trabalha bem consegue ganhar e crescer", aposta Soares.
O gerente lembra que é a terceira unidade no bairro e que pode ter mais. "Estamos sempre prospectando ponto", avisa, citando uma das razões principais para reforçar a rede no Moinhos.
"Aqui tem a maior concentração de ginecologistas e segunda maior de psiquiatras da América Latina", aponta o gerente, indicando que a superpopulação médica e de consultórios pode fazer a receita com medicamentos chegar a 80% a 85% do faturamento da unidade. "O normal é ser 70%", compara.
Além disso, a loja tem mais itens em segmentos de dermocosméticos, por exemplo, com valor mais elevado, para dar conta da demanda de moradores com mais renda que residem na região e compras esses produtos.

Soares diz que a meta da rede é chegar a 100 unidades em Porto Alegre até dezembro deste ano
Após abrir a 86ª filial na Capital, a São João já prepara novos pontos, O próximo a abrir fica na esquina da rua Cristiano Fischer com avenida Protásio Alves, na zona Leste. Soares revela que a meta é chegar a 100 lojas até dezembro. O aporte deve chegar a R$ 28 milhões, com média de R$ 2 milhões por loja.
"Serão mais 14. O objetivo é expandir mais na zona Norte", adianta o gerente.
A velocidade da expansão exige mais capacidade logística. Em março, a rede inaugurou o novo CD, em Gravataí, e planeja mais dois para serem instalados em Santa Catarina e no Paraná nos próximos anos.
O aposentado Mano Reis, morador da região, passou pela loja da Padre Chagas com uma provocação: "Onde a São João vai colocar a placa dela, porque a da Panvel está em na divisa", indicou Reis, observando que a sinalização das duas rivais é importante para visibilidade da clientela.
Sobre a decisão de onde comprar o que precisa, o aposentado diz:
"O diferencial vai ser preço. Na minha rua, moro ao lado de uma Drogaraia, atravesso a rua tem mais duas farmácias e, mais embaixo na calçada, tem São João e Panvel. Fazer pesquisa é importante. Compro onde estiver mais barato", avisa Reis.

Reis lançou provocação se a São João vai instalar sua placa ao lado da concorrente, para melhorar a visibilidade
Sobre a placa, o gerente da São João disse que aguarda a autorização do condomínio do prédio para instalar a identiifcação da marca.
"É importante para dividir as duas maiores concorrentes do Estado", ponderou, para descontrair e validando a preocupação do morador:
"Mas tenho certeza que o nosso acolhimento vai ser superior ao da esquerda (indicando a rede vizinha ao lado)", garantiu Soares.
Um detalhe pode atrapalhar um pouco o desempenho na disputa pelo consumo. A filial da São João não tem vagas para carros pararem em frente. Já a Panvel tem. Para abrir o acesso, a rede de Passo Fundo poderá enfrentar dificuldades, pois tem árvores em frente à loja, na calçada.
"Tirar as árvores pode gerar repercussão negativa no bairro. Ter vagas pode significar 20% a mais de receita da loja", admite o gerente.