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Lebes suspende abertura de lojas: 'Vamos esperar um pouquinho', diz CEO
CEO da rede gaúcha informa que serão menos unidades que o plano previa
Por Patrícia Comunello
Em meio à Feira Brasileira do Varejo (FBV), que terminou na sexta-feira (26) em Porto Alegre, o CEO da Lebes, uma das maiores redes do Sul do Brasil, Otelmo Drebes, fechou um painel com um conselho direto: "Esperem". Drebes se referia à abertura de lojas.
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Em meio à Feira Brasileira do Varejo (FBV), que terminou na sexta-feira (26) em Porto Alegre, o CEO da Lebes, uma das maiores redes do Sul do Brasil, Otelmo Drebes, fechou um painel com um conselho direto: "Esperem". Drebes se referia à abertura de lojas.
A coluna Minuto Varejo questionou depois o executivo e membro da família proprietária da marca se a rede estava seguindo a própria recomendação e a resposta foi:
"Iríamos abrir algumas lojas. Mas vamos esperar", admitiu Drebes, associando a decisão à conjuntura econômica e demora no recuo mais forte das taxas de juros.
"O fato de ter esta instabilidade e insegurança total faz com que a gente suspenda (abertura) para esperar um pouquinho. Não cancelamos, mas esperar três meses ou seis meses não vai fazer diferença em 67 anos", explicou o CEO.
A rede gaúcha tem mais de seis décadas de operação e 350 unidades espalhadas nos três estados do Sul. A coluna tinha informado, no começo do ano, que a empresa pretendia abrir até 80 novas filiais, com foco em maior expansão em Santa Catarina e no Paraná.
Drebes diz que também houve revisão de crescimento, em vez de 15% a 20% de aumento na receita, a expectativa fica em empatar com 2022 ou avançar 5% a 7%.
Diante de outras varejistas fechando lojas e até entrando em recuperação judical (RJ), o empresário observa que não se trata de problemas só de agora, no caso de processos de RJ (Americanas, CR Diementz, Rabusch e Lojas Aldo), e vê medidas de ajuste nas demais, como TaQi, que desativará 17 unidades, Renner, que fechou 20 lojas no primeiro trimestre, e Marisa (nacional), que fechará 91 unidades.
"Ninguém está imune", avalia. "Empresas que estão bem vão continuar bem, só não pode errar muito. Pode errar menos", adverte o CEO.
Enquanto freia a expansão, a Lebes descarta fechar unidades, a menos as que são revistas por não entregar bons resultados. "Isso está acontecendo e é normal, sem grande divulgação e alarde".
A seguir: entrevista de CEO da Lebes ao Minuto Varejo:
Minuto Varejo - A Lebes segurou a abertura de lojas em 2023?
Otelmo Drebes - O fato de ter esta instabilidade e insegurança total faz com que a gente suspenda (abertura) para esperar um pouquinho. Não quero cancelar nada e não cancelamos. Sou entusiasta da abertura de loja e crescimento, mas esperar três meses ou seis meses não vai fazer diferença em 67 anos. Tem oportunidade? Claro que sim, mas vai ter essa oportunidade daqui a três meses ou seis meses. Não estou falando parar três anos, mas esperar um pouquinho.
MV - Na prática, significa o quê?
Drebes - Iríamos abrir algumas lojas. Seriam 30 a 40 lojas express, que são unidades pequenas. Devo abrir alguma ainda no segundo semestre, mas não temos o número definido. Estamos esperando uma reorganização e um trabalho todo que estamos fazendo internamente. Vamos esperar um pouquinho (sobre a abertura de pontos).
MV - Este ano teve abertura?
Drebes - Estamos trocando loja de prédio, melhorando e reformando outras, melhorando logística e despesas, investindo bastante em digital. Fazendo o tema de casa. Menos o investimento (novas lojas) que aparece um pouco mais. As pessoas enxergam mais quando se abre loja. Estamos um pouquinho mais quietos.
MV - A conjuntura veio mais adversa do que se imaginava?
Drebes - No varejo, algumas empresas estão com problemas sérios, mas não é que surgiram agora. Já existiam e agora aparecem um pouco mais. Empresas que estão bem vão continuar bem, só não pode errar muito. Pode errar menos. Empresas que estão pedindo recuperação juducial (RJ) já estavam com problemas antes, mas só agora que começam a aparecer mais.
MV - Como o senhor vê a decisão da TaQi de fechar 17 lojas?
Drebes - A TaQi é uma ótima empresa, sólida e invejável. Eles estão fazendo reposicionamento e agindo corretamente. Não é por caso ter problemas.
MV - Assusta o setor quando surgem marcas como TaQi, Renner e Marisa, citando algumas, fechando lojas e que não estão em RJ?
Drebes - São empresas boas, mas ninguém é imune à qualquer situação. Nos deixa preocupados, sim. Quem passou pelos planos Cruzado, Bresser, Collor e Real vai passar por mais dificuldades.
MV - A Lebes pensa em fechar lojas?
Brebes - Não, não tem nada de específico. Às vezes, porque abrimos 100 lojas em 2022 em uma velocidade muito grande e são unidades pequenas, uma ou outra que não dá resultado esperado encerramos e podemos reabrir em um a cidade vizinha ou em outro ponto. Isso está acontecendo e é normal, sem grande divulgação e alarde. Uma loja que não deu certo reposicionamos e, às vezes, aproveitando os próprios funcionários e equipamentos. Isso sempre se fez e vai se continuar fazendo.
MV - Como está a inadimplência na carteira de crediário da rede, principal canal de vendas?
Drebes - Aumentou, mas já se sabia que isso ia ocorrer. Quando sabemos que vai acontecer alguma coisa, nos preparamos antes e restringimos um pouco o crédito. Se liberar R$ 1 mil, a pessoa compra tudo, R$ 2 mil e R$ 3 mil também. Libero R$ 5 mil, a pessoa não paga. É importante cuidar antes para não ter problema. Não cancelar, mas suspender (limite no crediário). As famílias estão mais endividadas, já sabíamos disso.
MV - O senhor espera melhora do cenário até o fim do ano?
Drebes - Com um juro de 13,75% ao ano, não é fácil passar para 13,25%, muito menos para 12,75%, e estes patamares não fazem diferença nenhuma nem para as empresas e nem para as pessoas e famílias. Vai fazer diferença, sim, se houver uma tendência de queda para 11%, 10% 9% ou 8% ao ano. Mas a tendência é de corte de meio ponto em setembro ou outubro, o que não fará mudar nada. Claro, que a gente quer que baixe os juros ... Para o crediário, o importante é ter uma tendência de baixar mais e isso vai ter, e não é politicamente que vai diminuir, mas tecnicamente. Até porque o juro real no Brasil está muito alto, com o recuo da inflação, e precisa reduzir.
MV - A rede revisou metas de crescimento para 2023?
Drebes - Sem dúvida. A expectativa era de crescer 15% a 20% e agora vamos buscar manter o que faturamos em 2022 ou ficar um pouco acima, entre 5% e 7% de alta.