A Lojas Renner, maior varejista de moda do Brasil, vai crescer mais este ano para o interior, fisicamente falando. Um exemplo é o mercado gaúcho, onde serão abertas quatro unidades, três delas fora da capital Porto Alegre, como a coluna Minuto Varejo já noticiou.
A varejista também fechou operações. Foram 20 na largada do ano, chamando a atenção do mercado e justificadas, pela companhia, como represamento de três anos pós-pandemia sem muitas desativações.
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"A gente está indo em geral para cidades médias e menores que trazem venda, tanto nas unidades que são abertas como nos canais digitais", explica o CEO da Renner, Fabio Faccio, em entrevista exclusiva para a coluna.
As futuras lojas da bandeira Renner, mais antiga e com maior peso no negócio, vão ser inauguradas em Canela, Montenegro e Taquara. A quarta unidade será da bandeira de moda jovem Youcom, com localização ainda não definida, segundo a empresa. Frente a 2022, a expansão gaúcha terá um ritmo menor. Só na bandeira Renner, nove dos 21 pontos abertos no ano passado na rede no País foram no Rio Grande do Sul, sendo apenas um na Capital, dando já o tom da interiorização.
Caminado, com mix para casa e decoração, Ashua, coleções femininas plus size, e Repassa, brechó online, são as outras marcas de varejo. No fim do primeiro trimestre, eram 431 unidades Renner (incluindo Ashua), 110 Camicado e 111 Youcom, totalizando 652 unidades. Faccio confirma que serão 35 a 40 novas filiais em todo o País em 2023, seguindo patamar de expansão de 2022. "A maioria será em cidades em que a Renner ainda não está presente", reforça o executivo.
Sobre os fechamentos que ocorreram no primeiro trimestre e distribuídos entre as bandeiras Camicado (13) Renner (quatro) e Youcom (três), o CEO comentou que fazem parte de ajustes do negócio: "Em geral, abre (lojas) muito mais que fecha". Duas unidades desativadas estavam no Estado - uma Camicado, em Novo Hamburgo, e uma Youcom na Capital, no Bourbon Ipiranga.
"Na Camicado, teve um volume maior, pois não havia sido feito fechamento nos últimos anos porque estávamos esperando a dinâmica de fluxo nos shopping centers (pós-pandemia) para ver onde tinha mais ou menos (pontos)", detalhou Faccio. "Eram operações que deveriam ter sido fechadas nos útimos três anos e fechamos agora. Daqui para frente, pontualmente vai acontecer de uma loja ou outra fechar", garantiu o executivo.
A notícia de 20 filiais fechando da maior varejista de moda, claro, chamou a atenção em meio a outros exemplos. Mês a mês, após fevereiro, assiste-se a grupos comerciais de médio a grande porte revisando tamanho. Nacionais como Tok&Stok, Marisa e Saraiva, e regionais, como TaQi e Paquetá.
A Lebes, com presença nos três estados do Sul, segurou a abertura de novas lojas e reduziu o número do ano.
As razões vão de dificuldades financeiras, ajustes para suportar o impacto de juros e inadimplência altos e vendas em baixa a medidas dentro de processos de recuperação judicial (RJ).
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Sobre a percepção do que foi o movimento da Renner frente a outras marcas, o CEO fez questão de demarcar:
"Fazem confusão no mercado. A gente está só otimizando nosso parque e porque a venda digital é muito maior na Camicado do que na moda", diferenciou. "Sentimos que, em algumas cidades, tinha mais lojas do que precisava, mas não saímos de nenhum mercado. Foi um ganho de eficiência que somamos três anos agora", contabilizou.
"É só reajuste de portfólio. Mais à frente vamos abrir lojas, mas o grosso será em Renner, Youcom e Ashua, com maior demanda de pontos físicos", listou o CEO.
Questionamentos sobre a situação na varejista ganharam fôlego também após um desempenho que não veio bem no primeiro trimestre, com queda de 75,6% no lucro líquido frente ao primeiro trimestre de 2022. A explicação veio na sequência dos números. Faccio e equipe admitiram que houve erro no dimensionamento de coleções e até nível de preços. Com temperatura mais alta em março, perdeu-se vendas porque as lojas estavam vestidas para a estação outono-inverno, e as clientes buscaram ainda confecções mais leves.
"Isso impactou mais março e abril. Para frente, já corrigimos bastante. Temos expectativa de melhora mais forte (vendas) no segundo semestre", acenou o CEO. O segundo semestre pode ter algum alívio de juros e melhora de disponibilidade de renda ou algum recuo de inadimplência. Mas o varejo, em geral, está mais cauteloso e mais pé no chão.