Os planos do grupo Pereira, sétima maior rede de supermercados do Brasil, não são tímidos para o Rio Grande do Sul. É o que deixou claro o vice-presidente comercial e de marketing do grupo, João Pereira, após desembarcar na manhã chuvosa desta terça-feira (2) em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), onde a rede abre seu primeiro atacarejo Fort Atacadista nesta quarta-feira (3).
"Geralmente, no estado onde a gente se coloca, a intenção é ter de 15 a 20 lojas", disse Pereira à coluna Minuto Varejo. "Canoas é a primeira loja. Já já vem mais."
A declaração reforça a disputa acirrada que está em campo entre grupos locais e de fora, como o Pereira, pelos consumidores que passaram a fazer compras em atacarejos. As redes dizem que cada vez mais clientela geral adere ao tipo de loja, não apenas minimercados ou lancherias e outros tipos de negócios de alimentação.
Entre os gaúchos, o líder do segmento que une atacado e autosserviço de supermercado, a Comercial Zaffari, de Passo Fundo, planeja pelo menos cinco novas lojas até 2024, segundo apurou o Minuto Varejo. O grupo Zaffari, líder supermercadista gaúcho, confirmou mais cinco do seu estreante Cestto. Unidasul, terceiro do setor e com seu Macromix, e Imec, quarto do ranking e dono da bandeira Desco, também estão ampliando. A maior varejista brasileira, o Carrefour, aumenta a família do Atacadão, convertendo Maxxi Atacado (ex-BIG), arrematado pela companhia francesa.
Em quanto tempo vai ser o crescimento do Fort Atacadista em território gaúcho?
"É rápido, rápido", avisou o filho mais novo dos fundadores da rede, Ignácio e Hiltrude Pereira.
Vice-presidente projetou que Porto Alegre pode ter primeira loja ainda em 2023 ou começo de 2024. Fotos: Evandro Oliveira/JC
"Vamos ao mercado fazer avaliações. Cada loja, em média, tem investimento de R$ 70 milhões, como esta de Canoas", detalha o vice-presidente, reforçando que a meta é ter unidades com o mesmo porte em outras cidades. A unidade tem 5,3 mil metros quadrados de área de vendas e mix com mais de 11 mil itens. Foram gerados 350 empregos diretos.
O aporte total do grupo catarinense, considerando a média de valor, pode ficar entre R$ 1,05 bilhão e R$ 1,4 bilhão. O diretor comercial, Lucas Pereira, já tinha revelado à coluna Minuto Varejo, que o plano eram 10 unidades até 2027, mas a marca deve mesmo ir além em menos tempo.
Pereira adiantou ainda que o grupo vai tentar abrir até o fim do ano a primeira filial em Porto Alegre, na Zona Norte.
"Talvez, demos conta de abrir Porto Alegre este ano ou até janeiro de 2024", traçou o empresário. Este ano a bandeira abre em Caxias do Sul e Viamão, em loja que foi Maxxi e quase virou Leve Mais, atacarejo do Asun. Além da Capital, virão Novo Hamburgo ou São Leopoldo e Gravataí, onde será quase vizinho do Cestto. A sequência foi dada pelo vice-presidente.
Pereira avisou ainda que a rede "não veio para voltar", reforçando a aposta na bandeira frente a concorrentes.
"Atacarejo é muito dinâmico, mexe com cifras muito grandes. Não é fácil, tem de ter equipe e gostar de gente", elencou o empresário. A expansão rápida é justificada por ele pela estrutura montada para se instalar, que tem alto custo. "Estamos trazendo para Canoas o melhor que tem no mundo."
Sobre a concorrência, o vice-presidente observou que "todo mercado é brigado", citando que o enfrentamento é com grandes players e unidades locais. Pereira avalia que a experiência do grupo, que hoje já atua em Santa Catarina, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, em São Paulo e no Distrito Federal, é vantagem.
Primeira loja do grupo tem mais de 11 mil utens em área de 5,3 mil metros quadrados de área de vendas
"Todo mercado tem um preço e estaremos dentro deste preço, com diferenciais para suportar a chegada e conquistar clientes", garantiu.
Gauchização da marca e espaço para churrasqueiros
Uma das novidades na entrada da rede no Rio Grande do Sul é a gauchização da logomarca, que ganhou uma cuia de chimarrão com bomba. É a primeira vez que isso ocorre, diz o gerente de marketing nacional de marketing do Fort, o gaúcho Gustavo Petry Custódio, com passagem pelo Imec, dono da bandeira Desco, de Lajeado.
"Agora somos gaúchos", resume o vice-presidente, dando o recado que vem com a estratégia marqueteira e citou que não é só comunicação visual.
"Tomo chimarrão desde os 15 anos. Tenho sempre uma cuia pronta para tomar no meu carro", contou à coluna.
Outra novidade que surge com a primeira unidade em Canoas é um nicho de produtos voltados para churrasco, além da carne que é ofertada no açougue. "São todos os itens complementares. Todas as novas lojas no Estado vão ter a área", adianta Custódio.
A loja vem com estrutura que busca amenizar o impacto das prateleiras verticais gigantes, tomadas por produtos em grandes volumes. O gerente cita que a luminosidade ajuda a gerar mais conforto. Também a climatização em toda a área ajuda no "clima" favorável.
Painéis de LED estão em alguns pontos, como na área de azeites, para repasse de informações a clientes. Padaria com pão assado no local é outro setor que foi incorporado a novas lojas.
O restaurante Trudy's, homenagem à matriarca da rede, que faleceu em 2022, é um dos atrativos, com bufê e lanches, para ampliar o tempo de permanência na loja. Este tipo de serviço é comum em redes norte-americanas, que inspiraram a bandeira catarinense.
Logomarca foi alterada para receber cuia a bomba em referência ao hábito típico dos gaúchos
Redes focam expansão com atacarejos no RS
A briga pela clientela gaúcha de atacarejos ganha a cada dia mais competidores e notícias de expansão. O player mais aguerrido tem sido a Comercial Zaffari, de Passo Fundo, segunda do ranking de supermercados do Rio Grande do Sul e 26ª no País, pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
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Outros grandes players que já atuam no Estado ampliam a presença em atacarejos. O Carrefour multiplica a base do Atacadão, por meio de conversões de unidades do Maxxi Atacado (ex-BIG). O Unidasul ergue lojas em Imbé e Taquara. O Imec abre duas novas lojas do Desco no segundo semestre.
O grupo Zaffari estreou a bandeira Cestto em Gravataí e vai ter mais cinco, entre Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo e São Paulo.
Os catarinenses Passarela e Pereira tem planos de expansão no Estado. O Pereira planeja 15 a 20 lojas em pouco tempo. O Passarela terá unidade em Porto Alegre, depois de abrir quatro em outras regiões.
Planos de players maiores em atacarejos no RS:
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Stok Center (Comercial Zaffari): cinco lojas (Esteio, Novo Hamburgo, Soledade, Uruguaiana e Venâncio Aires). Tem 24 unidades.
- Atacadão (Grupo Carrefour): converteu 10 lojas em 2023, do ex-BIG. Tem 15 lojas no Estado.
- Macromix (Grupo Unidasul): construindo lojas em Imbé e Taquara. Tem 12 unidades.
- Desco (Grupo Imec): duas lojas abrem no segundo semestre: Sapiranga e Campo Bom. Hoje tem 12 unidades.
- Cestto (Grupo Zaffari): loja de estreia abriu em Gravataí. Terá mais cinco: Capital, Canoas, Novo Hamburgo e São Paulo.
- Fort Atacadista (Grupo Pereira, de SC): primeira loja abre em Canoas amanhã. Projeta chegar a 10 até 2027, sendocinco até fim de 2024 (Viamão e Caxias do Sul neste ano, e Porto Alegre, Gravataí e Novo Hamburgo ano que vem).
- Via Atacadista (Grupo Passarela, de SC): abriu em Santa Cruz do Sul no começo do ano. Terá uma em Porto Alegre. Já tem quatro unidades no Estado.