Cade aprova venda de loja do Carrefour em Viamão para grupo Pereira, dono do Fort

Loja tinha sido vendida pelo Carrefour ao Asun, mas negócio foi desfeito

Por Patrícia Comunello

2022.11.24 - Viamão/RS/Brasil: Fachada do antigo Maxxi Atacado. Varejo. Atacarejo. Foto: Ramiro Sanchez/@outroangulofoto
Negócio liberado. O Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) aprovou sem restrições a compra da loja que foi Maxxi Atacado, ex-BIG e hoje Carrefour, em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), pela maior supermercadista de Santa Catarina, o grupo Pereira, dono da bandeira de atacarejo Fort Atacadista. O ponto, ao lado da Havan e às margens da RS-040, vai virar Fort.
A loja entrou no pacote de entrada do grupo no Rio Grande do Sul, que prevê seis unidades, entre elas a de Viamão, até 2024 e mais quatro na sequência, somando 10, dentro de plano de aceleração da implantação, segundo revelou o diretor comercial da varejista, Lucas Pereira, à coluna. As seis unidades mais o centro de distribuição (CD) em São Leopoldo envolvem aporte de R$ 300 milhões. 
Pereira projetou que, após o sinal verde do Cade, o grupo daria início a ações para a reforma do prédio e deixar dentro do modelo dos atacarejos da marca. "Leva 90 a 120 dias para ficar pronto", estimou o diretor. Com isso, a loja deve abrir entre agosto e setembro. 
A coluna Minuto Varejo noticiou, em 10 de abril, que a negociação havia sido submetida ao órgão regulador da concorrência. O despacho com a decisão saiu nessa segunda-feira (17) no Diário Oficial da União (DOU). Como o Pereira não tem unidade na região e abre a primeira loja em Canoas, em 3 de maio, foi descartada "sobreposição horizontal ou integração vertical" na aquisição, disse o Cade.  
O ex-Maxxi chegou a ser vendido à rede gaúcha Asun, em agosto de 2022, junto com mais três pontos. Como o dono do imóvel não liberou o prédio para o Asun, o acordo sobre a unidade foi desfeito. A reviravolta foi em fevereiro. 
O impasse foi gerado pelo dono do imóvel, a Allem Participações, que não liberou o prédio para a operação da rede gaúcha. Na região, estão outros estabelecimentos, como Atacadão e BIG. Na área, estão ainda a Havan e Cassol Centerlar. O prédio do Maxxi Atacado tem mais de 15 anos e foi erguido pela Allem para a operação que era, na época, do Walmart.  
O diretor do grupo Pereira garante que as conversas com o Carrefour e a dona do imóvel tiveram início após o ponto voltar ao mercado e que, atém então, a localização não estava no foco imediato da rede. 
"Não estava nos nossos planos. Tínhamos a notícia de que a loja tinha sido negociada e depois houve o movimento de volta ao portfólio de venda. Fomos procurados e conseguimos acertar o negócio. Foi uma dessas oportunidades que podem surgir e, por ser um bom ponto, não podíamos deixar passar", explicou o executivo.   
Diferentemente do relato do Asun, de que não obteve retorno da Allem sobre a mudança de ocupante do ponto, o Pereira se reuniu com a proprietária, além do Carrefour. O contrato de locação teve aumento no valor, informou o diretor.    

Asun comprou quatro pontos do Carrefour, mas abriu três 

O negócio entre Asun, quinta maior rede do Estado, e Carrefour, o maior nos anos recentes do setor no Rio Grande do Sul, envolveu quatro unidades do ex-BIG que o grupo francês teve de se desfazer por ordem do Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) para evitar concentração de mercado.
Foram três lojas do Maxxi Atacado e uma da bandeira Nacional, com valores que não foram revelados, mas com impacto na receita da bandeira gaúcha, estimado em R$ 250 milhões por ano, informou o presidente do Asun, Antonio Ortiz Romacho.
Três pontos reabriram em dezembro. Dois Maxxi viraram Leve Mais, novo atacarejo da rede, em Gravataí e Santa Maria, e o Nacional passou a ser Asun Supermercados, também em Gravataí. 
“Apostamos quatro fichas e a número 1 não conseguimos”, lamenta Valdecir Pressi, diretor financeiro do Asun. A loja de Viamão responderia por até 45% do faturamento esperado com a compra.  
“Dependia do Carrefour entregar resolvido”, alega o diretor.
O Asun poderia ter mantido a compra, mas assumiria o risco de buscar um acerto com a Allem, que até fevereiro não deu chance para a rede gaúcha se instalar no imóvel.
A coluna vinha acompanhando a situação. Havia uma grande incompreensão sobre a atitude do proprietário. Nos demais imóveis que hoje estão operando com bandeiras do Asun, as negociações foram tranquilas e com rapidez para a virada de chave das unidades. 
Lucas Pereira, do grupo dono do Fort, garantiu, em entrevista á coluna, que a marca só passou a conversar com o Carrefour e o dono do prédio e terreno, após a rede gaúcha acabar saindo do negócio.   

Cronologia do negócio entre Carrefour e Asun Supermercados:

2022
  • Agosto: Asun compra de 3 lojas Maxxi Atacado e um Nacional do Carrefour, com aval do Cade.
  • Dezembro: três lojas são abertas - Leve Mais e Asun, em Gravataí -, e Leve Mais, em Santa Maria.
2023
  • Fevereiro: Asun comunica ao Carrefour que desiste do Maxxi de Viamão, após 180 dias.
  • Abril: Carrefour diz que vendeu ponto a outro grupo varejista. Cade publica edital em 10/4 com o pedido de análise feito pelo grupo francês, em nome da subsidiária WMS Supermercados (originalmente a empresa que detinha a operação da rede do Walmart no Brasil), para a compra da unidade de Viamão pelo grupo Pereira. Conselho aprova em 14 de abril a compra. Decisão é oficializada no DOU em 17 de abril.