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Minuto Varejo

Minuto Varejo

- Publicada em 12 de Abril de 2023 às 12:49

Vendas do varejo gaúcho crescem 5,8% em janeiro, bem acima do Brasil

Segmento de papelaria teve segunda maior alta puxada pela venda de material escolar

Segmento de papelaria teve segunda maior alta puxada pela venda de material escolar


PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O varejo gaúcho se saiu bem melhor que o nacional na largada de 2023. A mais recente Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), com desempenho de janeiro e divulgada apenas nesta quarta-feira (12) pelo IBGE, mostrou alta de 5,8% no volume de vendas do chamado varejo restrito em relação a dezembro, no confronto mensal. Dezembro teve queda, completando sequência de quatro recuos.
O varejo gaúcho se saiu bem melhor que o nacional na largada de 2023. A mais recente Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), com desempenho de janeiro e divulgada apenas nesta quarta-feira (12) pelo IBGE, mostrou alta de 5,8% no volume de vendas do chamado varejo restrito em relação a dezembro, no confronto mensal. Dezembro teve queda, completando sequência de quatro recuos.
O Brasil teve crescimento no indicador, mas bem menos, de 3,8% no varejo restrito.  
Para o recorte mais amplo, com materiais de construção e veículos, o Estado teve elevação de 1,6% no primeiro mês do ano. No País, a alta foi quase imperceptível, 0,2%. 
Na comparação anual, com janeiro de 2022, o setor gaúcho avançou 8,5% e no segmento ampliado, 9,2%. Na média nacional, o varejo restrito, que tem de supermercados e posto de combustíveis a papelaria e farmácias, teve aumento de 2,6%, e no ampliado, 0,6%.  
O economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, destaca que o crescimento do varejo restrito sobre dezembro chamou muito a atenção, mas mesmo assim não recupera as perdas verificadas na retração de de setembro até o último mês de 2022. "No último quadrimestre, as perdas acumuladas foram de 6,8%", assinala Frank. "Ou seja, mesmo com a alta de janeiro, não conseguimos devolver tudo."
Os dados vieram mais uma vez com uma alta turbinada na venda de combustíveis que vem sendo alertada por Frank e pela área de Economia da Fecomércio-RS, que a coluna Minuto Varejo vem citando em conteúdos sobre a PMC.
No mais recente levantamento, a venda desses produtos teve alta de 65,7%, variação que é mais que o dobro da média do País, que assinalou avanço de 26,7%. O dado de desempenho por setores é obtido apenas na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Não é feito o confronto com o mês anterior.  
"Insisto na nossa reticência sobre combustíveis e lubrificantes. Não entendo que essa alta reflita a realidade", adverte o especialista ligado à CDL-POA. 
"Primeiro, porque estamos comparando com um período em que já não tínhamos mais grandes restrições à mobilidade devido à pandemia, apesar do pico da variante ômicron", ressalta Frank. 
"Em segundo lugar, porque a demanda pelo setor (combustíveis) é inelástica. Ou seja, não tende a ter grandes flutuações, mesmo com alterações de preços. Combustíveis são essenciais para muitas pessoas, então elas muitas vezes acabam tendo de arcar com valores mais altos quando o preço na bomba é maior", explica. Resumindo: se o consumidor precisa da gasolina para trabalhar, por exemplo, acaba tendo de pagar o valor. 
O economista-chefe da CDL-POA lembra ainda que dados da Receita Estadual gaúcha não mostram a elevação do volume de vendas no nível que a PMC vem apontando mês a mês. Este descompasso e percentual elevado vem sendo verificado desde meados de 2022. Uma suspeita é que a amostra usada pelo IBGE possa ter maior influência de algumas empresas que têm maior fatia do mercado, impactando mais a variação na venda geral. 

Supermercados têm queda, e papelarias disparam com demanda escolar

Nos demais segmentos, supermercados e hipermercados vieram com queda de 2,1% em relação a janeiro de 2022.
 "A base de comparação é bem alta, pois janeiro de 2022 teve incremento de 4,7% sobre o mesmo período de 2021", lembra Frank. "Mesmo com a queda (janeiro passado), tivemos o segundo maior nível para janeiro de toda a série histórica", pondera o economista. 
Já tecidos, vestuário e calçados conseguiram ter um respiro com alta de 11,1%, deis de meses seguidos no vermelho, com quedas sucessivas. "Mas ainda permanece bem abaixo de janeiro de 2020, queda de 13,1%", compara Frank. Janeiro de 2020 foi pré-pandemia, que estourou no Brasil em março daquele ano. "Estes setores estão em um processo de recomposição, depois de tudo o que aconteceu em função da pandemia", completa.
Mas móveis e eletrodomésticos e até farmácias venderam menos. O fluxo foi 5,7% e 3,4% abaixo, respectivamente que janeiro do ano passado.
Já papelarias, livrarias e jornais tiveram a maior alta, depois de combustíveis, é claro, de 51%. O desempenho está ligado à busca de itens do material escolar, que se concentra na largada do ano. 
No varejo ampliado, veículos tiveram elevação de 27,2% nas vendas, mas sobre uma base de 2022 muito baixa. O setor é um dos mais afetados pela crise sanitária, devido a paradas da produção e, mesmo agora, ainda enfrentam problemas de baixo estoque e alta de custos. Materiais de construção venderam 10,4% mais, também com retrospectos de quedas sucessivas no ano passado, após o boom no período mais agudo da pandemia. 
O economista avalia que, olhando período maior, "é possível notar uma diferença relativamente acentuada entre o varejo mais dependente de renda (que performa melhor) e aquele que depende de renda e crédito (performando pior)", resume, citando a alta de juros, que se mantém e que afeta o comércio de veículos, materiais de construção, informática, móveis e eletrodomésticos.

Confecções puxam alta no Brasil, materiais de construção ficam no positivo  

Em janeiro de 2023, sete das oito atividades do comércio varejista tiveram taxas positivas no Brasil. Tecidos, vestuário e calçados (27,9%), Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (7,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,3%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,0%), Combustíveis e lubrificantes (1,5%), Móveis e eletrodomésticos (1,3%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (0,6%).
A única atividade em queda foi Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -1,2%.
Já as duas atividades adicionais, que compõem o varejo ampliado, tiveram trajetórias opostas: Veículos, motos, partes e peças variou -0,2% e Material de Construção cresceu 2,9%.