Consumidores que entravam na loja da Tok&Stok em um shopping de Porto Alegre já perguntavam: "Vai fechar?" As funcionárias respondiam até domingo (9) que não sabiam. Desde essa segunda-feira (10), a resposta é outra e bem objetiva: a filial do Praia de Belas Shopping vai funcionar até 30 de abril e depois fecha.
Em pesquisa na busca do Google, tudo indica que é a primeira filial da Tok&Stok que está sendo fechada. No site da varejista de mobiliário, são 67 lojas localizadas em 21 estados e no Distrito Federal. A filial do Praia está na lista.
No empreendimento na Capital, outras duas marcas não estão mais funcionando.
A Saraiva Megastore, vizinha da Tok&Stok Compact, encerrou a atividade no começo de abril. A medida ocorre em meio a movimentos de enxugamento de estrutura dentro de seu plano de Recuperação Judicial (RJ).
A unidade da Arezzo está fechada, mas a marca diz que busca outro ponto dentro do Praia de Belas.
A gestão do shopping não comenta os fechamentos, alegando que é estratégia das marcas.
Filial da grife calçadista, que integra o grupo Arezzo&Co (dono também da Reserva, em confecções, e Schutz, calçados) está na mesma situação no Moinhos Shopping, que pertence ao grupo Zaffari.
Áreas da loja já estão esvaziadas, após transferência de produtos para outras duas unidades. Foto: Patrícia Comunello/JC
O suspense sobre o destino da filial de uma das redes mais conhecidas de mobiliário no País era se ia passar por reforma ou ser fechada. Desde começo de março, todos os itens estão com 30% de desconto. Algumas prateleiras já estão vazias, e o mezanino está quase sem produtos.
A coluna apurou que muitos produtos foram transferidos para as lojas da rua 24 de Outubro e do Iguatemi Porto Alegre.
Funcionários da unidade do Praia disseram que vão passar a trabalhar na loja da 24, onde inclusive há falta de pessoas, segundo relato de quem atua na unidade. No Praia, são seis a sete trabalhadores.
NO REELS: Direto do Praia de Belas Shopping
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Fechamento da Tok&Stok e outras varejistas em dificuldades
Fechamento de ponto físico e outros fatos sinalizando dificuldades financeiras rondam a marca da varejista de mobiliário que sempre foi a queridinha dos consumidores brasileiros, por ter um design moderno e criativo, com preços, até certo ponto, acessíveis a uma classe média.
O caso Tok&Stok pode ter semelhança com outras varejistas que estão na vitrine por estarem atravessando crises, expondo uma fatia do segmento como Americanas e Marisa, em meio a um pós-pandemia com números de vendas, na média geral da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, nada promissores?
Eletrodomésticos, móveis e materiais de construção fecharam no vermelho em 2022, sentindo muito do impacto da alta de juro, crédito mais caro e endividamento das famílias.
A Americanas, por exemplo, está em Recuperação Judicial e vem reduzindo tamanho.
No Rio Grande do Sul, desocupou metade da área locada em um parque logístico e reviu para a metade o tamanho da loja no Moinhos Shopping, fechada para o redimensionamento.
O Minuto Varejo questionou a rede de mobiliário, na semana passada, sobre o futuro da filial no segundo andar do Praia de Belas e a resposta, por e-mail, foi: "A Tok&Stok não vai se pronunciar sobre o caso".
Nesta terça-feira, a coluna enviou novo e-mail para obter mais informações após a decisão do fechamento, razões e se a medida será apenas no Rio Grande do Sul, mas ainda não obteve resposta.
Notícias recentes de fontes como os portais de O Globo, IstoÉ e Folha de S.Paulo citam as dificuldades financeiras da varejista que teria dívida de R$ 600 milhões.
A luz amarela acendeu mais recentemente, após atrasos da rede no pagamentos de aluguéis do único centro de distribuição e em shopping center.
Segundo os sites, a Tok&Stok não comentou a situação, mas teria contratado um estudo de reestruturação da gestão, com foco em enfrentar os gargalos financeiros.
Pós-pandemia e novos formatos afetam varejistas tradicionais
O presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski, lembra que a Tok&Stok vendeu muito na pandemia, aproveitando o home-office e isolamento, "mas agora a demanda diminuiu".
"São vendas de maior valor que demanda crédito que agora está escasso. Tiveram de repactuar empréstimos próprios com juros mais altos. É normal encerrar pontos com aluguel maior de shopping e se concentrar em lojas de rua com aluguel menor", opina Galbinski.
Em relação à Saraiva, o dirigente vê impacto da migração de leitores para formatos de assinaturas e livros digitais. "Reduzir de tamanho atende a medidas da RJ), completa Galbinski.