A Páscoa das chocolatarias artesanais gaúchas não é a mesma do varejo geral no Estado, que oferta ovos e outros itens de grandes marcas e que trabalha com números mais acanhados de vendas, abaixo de 10% de elevação, na temporada que termina no domingo (9).
A coluna Minuto Varejo conversou com três marcas de Gramado, capital da produção artesanal nacional no segmento, que projetam fechar o período com receita média de 15% a 30% maior que a da campanha de 2022, desempenho alimentado por um ritmo de produção crescente.
O avanço de Lugano, Chocolataria Gramado e DeCacau descola, por exemplo, da média esperada pela Associação da Indústria e Comércio de Chocolates de Gramado (Achoco), que espera alta de 10% na atual temporada na cidade, com produção de 600 toneladas.
As chocolatarias combinam fábricas próprias, feiras com descontos e varejos em expansão, além da antecipação da programação da produção, feita há quase um ano - logo depois da última Páscoa -, para sustentar o atual momento e ter mais previsibilidade e gestão sobre custos e preços para o consumidor final.
"A Lugano pensa em Páscoa com um ano de antecedência e fizemos boas negociações com fornecedores de cacau e insumos para segurar preços. Seria inviável repassar as altas", observa o diretor de marketing e operações da chocolataria, Jonas Esteves.
A data responde por 30% da receita e produção da indústria. Este ano são 100 toneladas de chocolate para a campanha em torno do coelho.
Em Gramado, a marca espera vender 10% mais, seguindo a Achoco, mas em diversos mercados pelo País, como Nordeste e Sudeste, as altas chegam a 50%, indica Esteves. A expectativa é avançar 30% no fluxo de venda frente a 2022.
A força está mesmo na rede, que chegou a 150 pontos físicos em todo o País. Mais de 40 franquias abriram desde janeiro.
"A safra de lojas antecede as datas mais importantes", valida Esteves, lembrando que, no segundo semestre, tem a temporada voltada ao Natal. "Que começa cada vez mais cedo e mais perto da Páscoa", observa o diretor da Lugano.
A marca, que tem como mascote o urso Luguito, também recorre cada vez mais à tecnologia de informação para ter precisão antes de ir ao mercado. O executivo cita que o uso de recursos do Business Intelligent (BI), centrado em dados robusto e inteligência de análise, permite entender o fluxo de venda e melhor oportunidade.
"Os indicadores de inteligência ajudam a acertar mais a tendência. Olhamos a venda dia a dia e na véspera da data para ver o que mais vendeu e tomar a decisão de preços e exposição de produtos" exemplifica.
Chocolataria Gramado aposta em feiras em centros comerciais como o Shopping Total. Foto: Chocolataria Gramado/Divulgação
A Chocolataria Gramado espera vender 15% a 20% mais de produtos na atual data.
"Estamos vendendo para todo o Brasil, além das nossas lojas e feiras", descreve o diretor de negócios da marca, Fabiano Contini.
A Chocolataria, que tem seis lojas próprias e vai entrar em franquias, espera vender 120 toneladas de chocolate, com maior peso na oferta em estabelecimentos e nas três feiras, que vão até domingo nos shopping centers Total, em Porto Alegre, e Canoas, em Canoas, e em Cachoeirinha, na avenida Flores da Cunha, 3.156.
Os valores são 20% a 30% inferiores, seguindo padrão de tabela de fábrica.
Contini diz que a marca apostou em itens de menor tamanho e foi surpreendida por consumidores em busca de padrão mais elevado e diferenciais.
"As pessoas buscaram muito mais ovos da linha premium, como os trufados, com zero lactose e mais teor de cacau. O público veio mais exigente este ano", resume o diretor, garantindo que a produção está dando conta da demanda por esses itens.
DeCacau aposta em venda de 500 toneladas, 50% na oferta em feiras dentro de empresas. Foto: Elisa Assmann/Divulgação DeCacau
A DeCacau, com fábricas em Gramado e Flores da Cunha, espera chegar a 25% de alta na receita com a data promocional, diz a diretora administrativa, Andreia Romanzini.
Dos R$ 80 milhões do faturamento previsto para todo 2023, R$ 35 milhões serão com a Páscoa, entre venda de chocolate para empresas que transformam, varejos e feiras em empresas, que são um motor da marca.
São 500 toneladas de chocolate na atual temporada.
"Definimos a produção em maio do ano passado, com projeção de quanto vai crescer e depois buscamos as empresas", comenta a diretora administrativa.
A venda com preços mais em conta, 25% abaixo das lojas e outros varejos, chega a mil ambientes corporativos entre a Região Sul e São Paulo.
"São empresas com 150 a mais de 7 mil funcionários", conta Andreia.
As feiras, que são feitas desde a origem da DeCacau, respondem por metade da venda da data para a marca. A chocolataria também tem 13 lojas físicas próprias e prepara expansão, principalmente com franquias, modelo que deverá ter as primeiras unidades até o fim de 2023.
Andreia adianta que a DeCacau vai abrir sua primeira flagship (loja conceito) e será em Curitiba.
Pesquisa Perspectiva Empresarial sobre a Páscoa 2023, elaborada pela Boa Vista, apontou que seis a cada 10 empresas espera vender mais. O tíquete médio deve ficar em R$ 179,00.
O presidente da CDL-POA, Irio Piva, ressaltou que a diversidade do varejo ligado à data gera expansão dos negócios, como o do segmento artesanal. "O consumidor busca opções para confraternizar e dar presentes", destaca Piva.