Na volta da maior feira de varejo do mundo em inovação e tendência, a NRF Retail's Big Show, em meados de janeiro em Nova York, dirigentes do setor do Rio Grande do Sul confirmaram uma certeza. "Qual é o lugar no mundo em que o vendedor recebe o cliente com aperto de mão, abraço ou até beijo no rosto?", pergunta o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Arcione Piva. "A gente não vê isso lá fora."
Por isso, essa diferença na forma de conduzir a frente de venda entrou com tudo na 10ª Feira Brasileira do Varejo (FBV), de 24 a 26 de maio, no Centro de Exposições da Fiergs, na Zona Norte da Capital. O tema vai ser O jeito brasileiro de fazer varejo, e a previsão do sindicato, que é o promotor, é atrair mais de 10 mil pessoas para conferências, painéis e mostra de soluções. A entrada na área do evento é gratuita. A cobrança vale para acessar a programação de palestras dentro dos temas da feira.
Será ainda a primeira edição sem restrições da pandemia ou mesmo impactos mais direto da crise sanitária.
Outra aposta da organização, com apoio ainda da CDL Porto Alegre, é transformar a FBV em evento internacional. "Queremos ser a NRF da América Latina", acalenta Piva, apostando no potencial e referência da feira e ainda de Porto Alegre para se firmar como polo de eventos no setor além fronteiras. As inscrições para a edição já podem ser feitas pelo
feirabrasileiradovarejo.com.br. A FBV foi lançada na última terça-feira, em passeio no barco Cisne Branco.
Minuto Varejo (MV) - Qual será o tema da FBV de 2023 e por quê?
Arcione Piva - O tema é O jeito brasileiro de fazer varejo, vamos mostrar o jeitinho brasileiro de trabalhar. A ideia é gerar experiências para o consumidor, de forma prática,
que vemos em Nova York, quando fazemos visitas técnicas. Mas vamos aqui como fazemos. Qual é o lugar no mundo em que o vendedor recebe o cliente com um aperto de mão, um abraço ou, dependendo da intimidade, até com um beijo no rosto? A gente não vê isso lá fora.
MV - Como isso vai ser trabalhado no evento?
Piva - Vamos ter várias atividades dentro de oito temas diferentes, que posso adiantar alguns como Inovando com gigantes, Cara a cara e O que deu certo e o que deu errado. A intenção é levar a prática do dia a dia para os participantes, para que eles voltem depois aos seus negócios e possam aproveitar muitas informações.
Piva - Este é o nosso desafio: que visitantes de fora percebam essa diferença de fazer varejo. A FBV é mais focada no Sul do Brasil em um primeiro momento, mas a nossa ideia é dar alcance internacional para a feira. Vamos começar a plantar a semente este ano.
Lançamento da edição de 2023 da feira ocorreu em passeio no barco Cisne Branco, pelo Lago Guaíba. Foto: Tânia Meinerz/JC
MV - A FBV de Porto Alegre quer ser a maior feira na América Latina (a NRF, que é a Federação Nacional do Varejo dos Estados Unidos terá uma seção da sua feira na Ásia em 2024)?
Piva - O Rio Grande do Sul tem uma característica especial que nenhum outro estado tem. Normalmente, exportamos população para outras regiões e para o mundo e recebemos muito pouco de outros lugares. Não vem paulista e mineiro para montar negócio, ou se vem é em um nível muito menor. Precisamos valorizar os eventos no Estado. A prefeitura e o governo estão começando a entender isso e vão nos apoiar. Conversei com o prefeito em exercício de Porto Alegre, Ricardo Gomes, que comentou que a prefeitura se reuniu para definir regras de como apoiar eventos que possam valorizar a cultura e as tradições do Rio Grande do Sul. A gente sai daqui para a NRF, e o Brasil tem a segunda maior delegação, mas a gente não consegue fazer o mesmo para cá. A vantagem de quem está aqui participe é que não há barreira da língua ou outros entraves quando vamos ao exterior. Porto Alegre pode ser um centro desse tipo de evento, como já temos na Medicina. Queremos expandir ao varejo.
MV - A FBV pode se internacionalizar?
Piva - Estamos na 10ª edição e queremos que a feira seja conhecida cada vez mais mais no Brasil e fora. Queremos ser a NRF da América Latina.