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Minuto Varejo

- Publicada em 21 de Fevereiro de 2023 às 15:09

Projeto do 4º Distrito ignora melhor distrito criativo do Brasil, lamenta fundador

Piqué destaca novo ânimo e previsão de mais adesões que o reconhecimento trouxe à iniciativa

Piqué destaca novo ânimo e previsão de mais adesões que o reconhecimento trouxe à iniciativa


ISABELLE RIEGER/JC
Maria Welter
Um dos precursores de iniciativas e mobilização do ecossistema de economia criativa no Rio Grande do Sul conseguiu um feito. Arrematou o principal prêmio nacional de territórios criativos. Entusiasmados com a conquista, integrantes do Distrito C projetam nova fase, mais adesões e acalentam um sonho: fazer parte do projeto da prefeitura de Porto Alegre para o Quarto Distrito, área do antigo polo industrial porto-alegrense, na Zona Norte, que recebe incentivos e atrai investimentos imobiliários bilionários.
Um dos precursores de iniciativas e mobilização do ecossistema de economia criativa no Rio Grande do Sul conseguiu um feito. Arrematou o principal prêmio nacional de territórios criativos. Entusiasmados com a conquista, integrantes do Distrito C projetam nova fase, mais adesões e acalentam um sonho: fazer parte do projeto da prefeitura de Porto Alegre para o Quarto Distrito, área do antigo polo industrial porto-alegrense, na Zona Norte, que recebe incentivos e atrai investimentos imobiliários bilionários.
"A prefeitura tem um projeto do Quarto Distrito. A gente até conversa com técnicos do município e dá sugestões. Mas, infelizmente, o Distrito Criativo não é parte do projeto, que não reconhece a existência do melhor Distrito Criativo do Brasil", lamenta o fundador do Distrito C, o empresário Jorge Piqué.
O Distrito C existe há uma década e reúne hoje 95 artistas e empreendedores de Porto Alegre. Em fim de janeiro, o grupo ganhou o Prêmio Brasil Criativo, após ser indicado em uma lista enviada pela Secretaria Estadual da Cultura e superar outros dois concorrentes nacionais. Piqué lembra que foi a primeira vez que o prêmio foi entregue a um projeto de Território Criativo.
O fundador cita que o reconhecimento nacional dá novo gás à iniciativa, que passou pelas dificuldades da pandemia. Além disso, alguns empreendedores imobiliários que desembarcam na região e se conectam a projetos da Economia Criativa, estão buscando o Distrito C para conversas e mais interação. Agora só falta a prefeitura perceber o potencial de quem descobriu primeiro a região.
Minuto Varejo (MV) - O que significa o prêmio nacional para vocês?
Jorge Piqué - O Distrito Criativo é um projeto que já tem 10 anos, e trabalhamos muito neste período.  O prêmio é um reconhecimento dessa trajetória e ainda tem caráter oficial no Brasil, pois começou em 2014, com o apoio do Ministério da Cultura e com uma abrangência setorial, contemplando áreas como arquitetura, música, gastronomia, etc. Só não tinha a categoria Territórios Criativos, onde nos inserimos. Este ano foi a primeira vez que os organizadores instituíram a nossa categoria, mas não era por inscrição, mas por indicação da Secretaria Estadual da Cultura. A pasta enviou três ou quatro nomes pelo Rio Grande do Sul, um deles o nosso, e ficamos entre três finalistas junto com um projeto do Rio de Janeiro e outro de Recife. E nós tiramos o primeiro lugar! 
MV - Como foi o começo do projeto em Porto Alegre?
Piqué - São duas coisas diferentes. Economia criativa era meio desconhecida no início, mas muito mais eram os Territórios de Economia Criativa, cuja noção surge no final dos anos 90 e se desenvolve pelo mundo a partir dos anos 2000. Já se falava bastante de Economia Criativa, mas Territórios Criativos é uma coisa muito diferente. Economia Criativa é um setor econômico, com projeto que começamos em 2013, mas com o olhar do impacto nos territórios, principalmente aqueles com dificuldades, como antigos bairros ou zonas industriais que foram abandonadas com a desindustrialização, caso do Quarto Distrito. Portanto, encarar como Território Criativo é mais inovador do que apenas Economia Criativa. A ideia de trabalhar no território é uma maneira de aproveitar a criatividade da Economia Criativa para impactar de uma maneira benéfica um território e criar uma sinergia.
MV - O perfil dos integrantes do território mudou neste tempo?
Piqué - Já existia uma Economia Criativa de qualidade em algumas partes do Quarto Distrito, mas no início se concentrava no bairro Floresta. Dizia, no começo, que não era um projeto só do Quarto Distrito, pois incluía uma parte do Floresta, da Independência e do Moinhos de Vento. Hoje, 98% está na abrangência do 4º Distrito. No início, na fase 1, de 2013 a 2015, o Distrito C envolvia o bairro Floresta, entre as avenidas Cristóvão Colombo e Farrapos, onde se concentravam galerias de arte, antiquários, escritórios de design, arquitetura, escolas de arte, música, teatro, pequenos restaurantes, bares e cafeterias. Ali que vi algo que nem eles lá dentro estavam vendo (risos). Para mim, os critérios para definir a abrangência deveriam ser qualidade e densidade. Depois veio o bairro São Geraldo, onde surgiram, em 2016, as microcervejarias, como a Distrito Brewpub (hoje, Cubo) e a 4beer. O bairro mostrou que tem um dinamismo maior. O projeto não mudou na sua filosofia, mas foi ampliado. Mas é fundamental estar agregado. Não dá pra pensar: "Ah, lá na Cidade Baixa tem uns caras legais, então, vamos juntar o bairro ao Distrito Criativo". Não funciona assim: proximidade e continuidade do espaço são essenciais. O Distrito C ampliou, mas não cresceu demais, porque também não é bom fazer algo grande demais que depois não se consegue trabalhar direito.
MV - Quais são os planos do Distrito C?
Piqué - O prêmio deu ânimo às pessoas. Os últimos três anos foram muito difíceis devido à pandemia. Os setores que mais sofreram na crise sanitária foram, em primeiro lugar, o turismo e, depois, a Economia Criativa. A gente andava pelo Distrito C, em 2020, e estava tudo fechado. O pessoal está muito afim de fazer coisas e tem muita gente nova para entrar. Mas estar no Floresta ou São Geraldo não significa estar automaticamente dentro do Distrito C. O negócio ou empreendedor precisa de um convite ou se apresentar para conhecer e conversar. Esperamos um aumento do número de participantes, porque é o que valida a ação. A ideia é fazer mais projetos conjuntos, pois a ideia do Distrito C é de coalizão, de aliança e não de mapeamento. A iniciativa é uma ferramenta para trabalharmos coletivamente. 
MV - Há interação entre projetos como o de vocês e grandes empreendimentos que estão se instalando na região? 
Piqué - Tem e não tem, pois depende do empreendimento. Estamos na região, mas a gente não é o dono dela. Tem várias outras coisas acontecendo, com as suas visões. A prefeitura tem um projeto do Quarto Distrito. A gente até conversa com técnicos do município e dá sugestões, mas, infelizmente, o Distrito C não é parte do projeto. O projeto não reconhece a existência do melhor Distrito Criativo do Brasil, justamente no Quarto Distrito. O empreendimento mais recente é o 4D Complex, na esquina das ruas Almirante Tamandaré e Voluntários da Pátria, que fica dentro do território do Distrito C. Uma coisa legal é que a ABF nos reconhece como parte. O projeto deles tem muita qualidade arquitetônica, além de preservar o patrimônio histórico, que é antiga fábrica de vidros. Vai ter ainda um boulevard, que é um espaço público, o que aporta qualidade ao território. Recentemente, teve a inauguração do mural do Kobra, e a ABF nos convidou para um almoço com o artista. Foi no dia seguinte à conquista do prêmio. Os empreendedores do projeto no antigo Moinho Germani também nos chamaram para conversar. Mas tem empreendimentos que não estão nem aí, que têm uma visão meio limitada, que, infelizmente, em Porto Alegre é a maioria ainda. Fala-se muito em verticalização (construções), mas do lado tem de ter coisa boa também.
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