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Minuto Varejo

- Publicada em 15 de Dezembro de 2022 às 21:12

Comércio encara vida real com desafio de uso de tecnologias

Desafio vai ser adotar ferramentas que ajudem os negócios a atrair e vender a consumidores

Desafio vai ser adotar ferramentas que ajudem os negócios a atrair e vender a consumidores


PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Um varejo mais pragmático deve cruzar por 2023. De um lado, influenciado por uma economia que vai combinar mais empregos e renda baixa turbinada pelo Bolsa Família, que retorna no lugar do Auxílio Brasil, e juros ainda elevados que restringem o acesso e elevam o rigor para tomar crédito. De outro, usuário da tecnologia, mas com pegada diferente: assimilação das inovações para gerar caixa.
Um varejo mais pragmático deve cruzar por 2023. De um lado, influenciado por uma economia que vai combinar mais empregos e renda baixa turbinada pelo Bolsa Família, que retorna no lugar do Auxílio Brasil, e juros ainda elevados que restringem o acesso e elevam o rigor para tomar crédito. De outro, usuário da tecnologia, mas com pegada diferente: assimilação das inovações para gerar caixa.
Começando pelo segundo ponto, especialistas e desenvolvedores atentam para lições aprendidas na adoção ou tentativa de usar as tecnologias. 
"A flopada (fracasso ou frustração) do Metaverso (fusão do mundo virtual e real) mostrou a limitação da adoção da novidade. A próxima tecnologia de 2023 é usar direito o que a gente tem nas mãos para conseguir vender mais de fato", aposta o criador do CRM (ferramenta de gestão de clientes) Oto e vice-presidente de vendas e marketing da Pmweb, Augusto Rocha.
No final das contas, mais que embarcar em inovações que custam caro e são ainda para poucos, as empresas precisam aprender a "metodologia" de como usar no negócio uma tecnologia mais acessível para gerar resultados, resume Rocha. Para ajudar operações que ainda têm dificuldades nesta jornada, o criador do Oto cita iniciativas que ele está envolvido, como a ferramenta "amigo do vendedor".
"É informação gratuita para o cara da ponta ajudando a vender de forma mais inteligente", descreve. Entidades do setor varejista estão conectadas nessa ideia, como o Sindilojas Porto Alegre. "O caminho é fazer com que o mercado se aperfeiçoe, usando uma linguagem fácil, no estilo Tik Tok. A gente acredita que 2023 é o ano de amadurecimento e uso de tecnologias", conclui o executivo, como base para decolar.
Na ponta do varejo, a atenção do consumidor e o atendimento estarão entre dois mundos distintos, do físico ao digital, e as pessoas vão valorizar ainda mais a experiência, aposta o presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva. "Quanto mais tecnologia, maior a necessidade de conexão humana", constata Piva.
O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, detecta no terceiro ano da pandemia da Covid-19 uma "certa ressaca de tecnologia, que pode até mesmo explicar a 'flopada' do Metaverso", associada à intensificação da digitalização desde o choque da crise sanitária. "O e-commerce saltou de 4% das vendas, em 2018, para 12% em 2022. Neste fim de 2022, temos quase como uma estabilização e ressaca de tanta tecnologia", traduz Terra. 
A leitura dos dois especialistas em varejo também sugere que o terreno do ano que vem vai ser dividido entre ações para fortalecer a base de uso de tecnologia e preparar novas viradas, que o presidente da SBVC espera para o fim de 2023.
"No segundo semestre, vem um novo ciclo de digitalização, já com o advento do 5G e preparando 2024", projeta Terra. "O que vai habilitar coisas represadas, como o próprio Metaverso, que parou com a carência de velocidade computacional para rodar as aplicações", associa o dirigente da entidade.  
Saber usar a tecnologia que faça sentido e dê resultado é tudo o que o varejo vai demandar para recuperar desempenho, após um 2022 com altas em setores de consumo mais imediato e corriqueiro, da comida ao vestuário, e decepção nos segmentos de bens mais duráveis e dependentes de crédito, de eletromóveis a materiais de construção.
No campo econômico, Terra demarca dois varejos. O primeiro sustentado por faixas de consumo de itens mais gerais e o segundo, dependente do acesso do consumidor a crédito que ainda se mantém com custo elevado. "O varejo que vive do emprego e renda tem bom prognóstico, mas os segmentos ligados a crédito não terão um 2023 muito fácil", diferencia o presidente da SBVC.
"Não há clareza ainda do cenário politico e econômico. Se for mais instável, fica mais difícil, ou vai ser o contrário, caso não haja turbulência", pontua Terra, prevendo menos investimentos em expansão principalmente de redes maiores, devido à pressão dos custos e ainda entrega de resultados.
 

Ambiente econômico vai pautar comércio

O varejo precisa estar atento em 2023 à condição de gastos dos clientes, adverte a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo. "O consumidor vai continuar colocando na lista de prioridades o preço. Quem tiver isso, vai conseguir vender mais, mas mesmo assim vai ter de fazer força (não é so ter preços mais baixos)", avisa Patrícia. Será crucial na jornada do negócio também comprar bem dos fornecedores, acrescenta a economista, para poder colocar na prateleira ou em sites e outras plataformas boas condições e produtos. "Toda estratégia que mostre que o cliente vai ter vantagens faz diferença, como uso de cashback, facilidade para pagar."
Outra variável que vai estar na cesta é o nível de juros, ainda muito altos e que só devem ceder, dependendo das condições gerais da economia, no desfecho do ano. "Isso (juros) é um problema para lojistas e para consumidores", ressalta a economista-chefe, que recomenda atenção e uso de venda a prazo só se valer a pena. "A inadimplência é um problema. Os juros altos fazem os atrasos subir mesmo em um cenário de emprego mais controlado", adverte ela. A cautela com a gestão do crédito para consumo deve estar no visor principalmente em redes e lojas do interior, que usam muito o crediário próprio. "Vamos ter um ano com instituições financeiras com mais restrições para emprestar".
Mesmo que as taxas de desemprego venham cedendo, Patrícia projeta que o motor de geração de vagas pode perder força, pois depende da atividade econômica. "O emprego que ajudou a dinamizar a demanda por bens e serviços em 2022 deve perder força", acredita ela. "O cenário é mais complicado, o consumidor terá limitações e as empresas precisam cuidar para não comprometerem a saúde do negócio", resume.  
Irio Piva, da CDL-POA, cita que a manutenção do Bolsa Família vai injetar recursos no consumo. "Vai ser um ano de oportunidades e incertezas grandes. As empresas e as pessoas precisam ter foco no curto prazo", opina Piva. Já o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Arcione Piva, avalia que o novo ano pode ter ainda desempenho positivo. O dirigente do sindicato projeta o próximo ano com base em 2022. "Tivemos boas campanhas, o que nos leva a acreditar que podemos ter vendas melhores", aposta.

Sete tópicos para levar na próxima viagem (ciclo)

1Investimentos de curto prazo. Muitas definições precisam ocorrer no campo político econômico para gerar maior tranquilidade aos empreendedores.
2 Agilidade na tomada de decisão: pensar, organizar, agir e corrigir rápido.
3 Atenção do consumidor e atendimento de qualidade estão entre dois mundos distintos: digital e da tecnologia. Mas as pessoas valorizam ainda mais a experiência e o físico/real.
4 Quanto mais tecnologia, maior a necessidade de conexão humana.
5 Investimentos ou ampliações: atenção no curto, médio e longo prazo. Decisão com impacto significativo no negócio (no caixa) deve ser tomada a partir de detalhes e cenários possíveis. Atenção a taxas de juro em financiamentos.
6 Varejista precisa estar disposto a fazer mudanças de rota muito rápidas e a aproveitar oportunidades. Mudança exige adaptação rápida. Se não der resultado, reavalie rapidamente.
7 Dificuldades de 2022 ensinaram o varejista a ser resiliente e a evoluir na digitalização, experiência, gestão e visão mais macro para diferentes cenários do mercado e da economia.
Fonte: CDL-POA