"Quem ganha é o cliente", resume Marcos dos Santos, o maior empreendedor da Restinga, bairro mais populoso de Porto Alegre, que podia ser uma cidade, ao comentar sobre a coincidência de estreias de novas lojas de supermercado na Capital. A semana registra
três novos supermercados, um deles atacarejo, no mercado gaúcho.
Santos abre às 8h desta quinta-feira (27) o seu
Center Kan, primeiro shopping do bairro no Extremo Sul porto-alegrense e com uma nova bandeira da rede Super Kan. Duas horas depois, às 10h, a Companhia Zaffari, líder do varejo de alimentos do Estado, coloca a 39ª loja em operação, no bairro de classe média alta, Mont'Serrat, onde a bandeira se instala no local em que funcionava um Nacional.
O Center Kan fica em 20 mil metros quadrados, deve gerar 400 empregos entre supermercado, centro de distribuição e mais de 20 lojas. O empreendedor garante:
"Fizemos um investimento fora da curva para a nossa comunidade. Único na região."
JC - O que este complexo representa para o senhor que chegou guri na Restinga?
Santos - Sempre tive coragem para empreender. O pessoal da Restinga é só elogio (ao Center Kan). Vim morar na comunidade com 15 anos, sem nenhuma estrutura familiar, com mãe empregada doméstica e sem pai. Conseguir entregar esta obra é uma satisfação indescritível.
JC - Era o plano fazer deste tamanho?
Santos - Sempre quis fazer coisas maiores. O que ganhei de dinheiro na Restinga investi aqui e se transforma em emprego e crescimento da comunidade. Se não investirmos aqui, a comunidade não cresce. Quem pode fazer isso? Quem tem comércio. Queria fazer algo maior, mas o único terreno era este. Em 2015, a empresa de ônibus Trevo colocou à venda os dois hectares. Comprei em 2016 e comecei o projeto de um centro comercial com lojas. O Center Kan tem boa infraestrutura, 300 vagas para estacionar, é fechado e seguro. Dá tranquilidade aos clientes que vão poder fazer tudo num lugar só.
JC - Como é o supermercado do Center Kan?
Santos - Temos as duas opções para os clientes, serviço de super e de atacado. Vai ter balconista e açougueiro para dar melhor atendimento, pois as pessoas querem ter um funcionário para orientar. No setor de atacado, vai ter as opções com este perfil. Nosso foco é o atendimento ao cliente.
Loja do novo Kan Super & Atacado combina visual moderno, novas cores e ambientes. Foto: Patrícia Comunello/JC
JC - Como ficou o layout da loja?
Santos - Contratamos um escritório de arquitetura para desenvolver o layout, mas nos envolvemos em tudo. Pensamos em fazer algo que ficasse muito bom. A Restinga merece coisas de qualidade, loja ampla e bonita para se sentir valorizada. Faço sempre para os outros o que faria para mim. Se gosto de uma coisa boa, por que vou fazer algo ruim para o nosso cliente, que é quem paga o meu salário? Sempre digo: faz o feijão com arroz bem feito que não tem como dar errado.
JC - Mas a loja ficou muito mais que um feijão com arroz ...
Santos - Realmente, fizemos um investimento fora da curva na nossa comunidade. Mas isso é valorizar o nosso povo. Não é porque as pessoas são humildes que não merecem ser valorizadas, e o povo gosta de ir a locais bons e bonitos. O cliente vai entrar aqui e dizer: "Olha que legal o que foi entregue para a gente usufruir". Claro que a gente faz um empreendimento para ter retorno, mas poucos têm coragem de fazer isso.
JC - É uma provocação para quem está aqui ou quem é de fora deveria olhar mais para cá?
Santos - Muitos que estão aqui no bairro e que ganharam dinheiro aqui não investiram na Restinga, mas em outros lugares. Estamos criando empregos para que os moradores não precisem ir ao Centro comprar o que precisam. Trabalhando aqui as pessoas têm mais qualidade de vida. Quanto mais empreendedores vierem para a Restinga é mais trabalho e qualidade de vida. Já veio a Lebes, agora a Casa Maria, vieram bancos.
JC - Como é a concorrência no entorno?
Santos - Tudo que vem soma em qualidade. Não é uma concorrência. Sempre digo que trabalhar ao lado do Asun (na frente do Center Kan) ou do lado do Zaffari é trabalhar bem, não precisa queimar preço, pois o foco é o mesmo: trabalhar para fazer mais mercados. A concorrência está boa. Prefiro ficar ao lado do Asun e do Zaffari do que dos pequeninhos que parecem trabalhar de dia para comer de noite.