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Minuto Varejo

- Publicada em 08 de Outubro de 2022 às 22:41

Asun vai faturar 20% mais com ex-lojas do Carrefour: 'Elas caíram do céu', diz presidente

Romacho diz que criou empresa para novo negócio e avisa: 'Vamos entrar com sangue novo''

Romacho diz que criou empresa para novo negócio e avisa: 'Vamos entrar com sangue novo''


ASUN/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
Uma das maiores redes de supermercado do Rio Grande do Sul foi às compras. Na hora de passar pelo checkout (caixa), recebeu a conta a pagar, cujo valor não é revelado, mas que terá um bônus pelas aquisições feitas do Carrefour Brasil: três atacarejos Maxxi Atacado e um supermercado Nacional.
Uma das maiores redes de supermercado do Rio Grande do Sul foi às compras. Na hora de passar pelo checkout (caixa), recebeu a conta a pagar, cujo valor não é revelado, mas que terá um bônus pelas aquisições feitas do Carrefour Brasil: três atacarejos Maxxi Atacado e um supermercado Nacional.
As quatro lojas vão representar 20% do faturamento da rede, revela o presidente, Antonio Ortiz Romacho. 
Dá para resumir assim o que foi a maior transação nos últimos anos no varejo supermercadista gaúcho - já que as últimas negociações até envolviam operações locais, mas estavam atreladas a gigantes, entre eles Walmart e Carrefour, que comprou em 2021 os ativos do ex-grupo BIG (fundo Advent), mesma seleção arrematada do Walmart em 2019
O negócio envolveu Maxxi Atacado de Gravataí, Santa Maria e Viamão, além do Nacional de Gravataí.
Nada mal para uma marca que nasceu na praia de Quintão em 1975 e hoje ocupa a quinta posição no ranking da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). 
Além disso, o negócio também é um teste, pois a rede é mais posicionada em lojas de bairro e vai encarar com mais peso a gestão de atacarejos, modelo que mais cresce em número e volume de investimentos no Estado e no Brasil.
Com as aquisições, vai dar para subir no ranking dos maiores do segmento? Romacho considera a ascensão mais difícil porque a concorrência não está parada.
Na quarta posição, o Imec, de Lajeado, dono do atacarejo Desco, também está abrindo filiais. Detalhe: o Imec ocupa lugar que foi do Asun até 2019. Pelos dados da Agas, a diferença em 2021 estava em menos de R$ 100 milhões - Imec faturou R$ 1,062 bilhão, e o Asun, R$ 972 milhões.
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Uma das três lojas vendidas pelo Carrefour fica em Viamão, em polo comercial emergente. Foto: Patrícia Comunello/JC 
O presidente do Asun conversou com a coluna Minuto Varejo sobre o mega negócio, revela o que já está mudando no grupo, como a criação de uma empresa dedicada aos atacarejos, que terá a estratégia lançada nesta segunda-feira (10), durante reunião fechada com diretores e equipes que vão agora ter de trabalhar para colocar os planos e as metas de retorno em prática. O prazo já está correndo.  
Minuto Varejo - Como está a rotina depois do aumento da família de lojas?
Antonio Ortiz Romacho - Formamos aqui (direção) uma equipe, contratei uma gerência nova e estamos bem focados com o objetivo de fazer com que os Maxxis vendam mais ainda do que antes. Vamos colocar mais variedade e trabalhar agressividade nas ações. 
MV - Quando o Asun começou a conversar com o Carrefour?
Romacho - Foi em junho deste ano. Uma divisão do Bradesco encarregada em venda de ativos prospectou compradores e selecionaram a gente. Havia requisitos nesta busca, como não negociar as lojas com concorrentes diretos e para quem já tinha muita concentração de mercado. Assinamos uma carta de sigilo, informaram quais seriam as lojas e fizemos uma proposta. A gente nem sonhava que o grupo ia querer se desfazer deste tipo de loja. Quando compramos as unidades do Nacional em 2016, o Walmart estava desativando, fomos a São Paulo e fizemos o negócio. Agora o Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) definiu quais seriam vendidas. 
MV - Quanto foi pago pelas quatro lojas?
Romacho - Está no contrato com o Carrefour que não podemos falar. Buscamos parte dos recursos em bancos. Mas estes detalhes não são os mais importantes, mas o que a comunidade vai ganhar com a nova direção. Vamos entrar com vontade, com sangue novo e mais funcionários. 
MV - Como está sendo esta transição?
Romacho - O Carrefour nos autorizou a conversar com os colaboradores. Vamos recontratar as pessoas que o grupo vai demitir. Elas são desligadas, receberão as indenizações e imediatamente passarão a trabalhar com a gente. São mais de 300 pessoas. O prazo para isso vai até 30 de outubro. As lojas fecham entre 15 a 30 dias para readaptar as lojas que vão virar Leve Mais, que é o nosso atacarejo. O Nacional de Gravataí será Asun, o primeiro na cidade, onde temos o centro de distribuição. Com a demanda das novas lojas, o CD terá aumento de 20% na capacidade de estoque. 
MV - Vai ter mais vagas que as atuais?
Romacho - Devemos contratar mais 150 a 200 pessoas. Hoje são cerca de cem funcionários por loja, o que dá 400. Vamos elevar para 550 a 600 pessoas. Vamos fazer isso porque apostamos em ter boa venda. Para o Asun, será muito bom. A receita anual das quatro lojas vai representar 20% do nosso faturamento em 2023. Este ano devemos chegar a R$ 1,2 bilhão. As lojas (compradas do Carrefor) vão vender R$ 250 milhões. O efeito já começa este ano.
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Com a aquisição da lojas como a de Viamão (foto), Maxxi Atacado vai virar Leve Mais. Foto: Asun/Divulgação
MV - Com isso, o Asun vai subir no ranking de supermercados? 
Romacho - Ainda não. O Imec, que está em quarto lugar, está abrindo bastante atacarejo. Também expandimos, mas mais no Litoral com loja de conveniência.
MV - A ideia de colocar mais gente nos atacarejos não elevará o custo?
Romacho - O maior número vai ser no Nacional, mas mesmo os Maxxi precisam de mais gente nos caixas. Não é gente abastecendo ou em outras frentes, porque não tem açougue nem padaria. A lógica das lojas era trabalhar com o mínimo possível. Vamos triplicar o espaço do açougue, ter mais opções de congelados e preços bons. O mix deve passar de 4 mil e devemos ir a 5 mil.
MV - A gestão dos atacarejos e supermercados será separada?
Romacho - Até agora era tudo junto. Com a aquisição, criamos uma nova empresa, a Leve Mais Atacado, para administrar este segmento, com equipe e compras separadas. É o melhor caminho para ser verdadeiro com os fornecedores para eles venderem por um preço melhor.      
MV - A rede vinha migrando o atacarejo Leve Mais para supermercado. Como fica agora?
Romacho - Sim, tanto que a loja de Capão da Canoa vai atuar como Asun, depois de uma reforma no ponto que foi do antigo Febernati. Será uma loja muito moderna, deve ser a melhor da cidade. Aumentamos em mais de mil metros quadrados de área de venda, serão 20 checkouts. Fica pronta até de 10 de dezembro. Tem muita concorrência entrando em Capão. Se forem mais supermercados para a praia, vai ter mais oferta de produto e mais gente vai ser treinada, que é uma dificuldade hoje. A concorrência não nos assusta, e a população aumentou na região. O que me assusta são os ambulantes que vão vender porta a porta e não pagam impostos. 
MV - Como ficam os planos de expansão da rede depois desse bloco de aquisição?   
Romacho - Estamos prospectando terreno em tudo que é lugar. A ideia é crescer. Vou confessar: essas quatro lojas caíram meio do céu. Queremos ter mais lojas em Porto Alegre e Grande Porto Alegre, como Viamão, Alvorada e entrar em Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapiranga. Lojas com pelo menos 3 mil metros mais estacionamento. A ideia é expandir com atacarejo. É a vez deste formato, pois o cliente pode entrar e ter a certeza que vai encontrar produtos com boa qualidade e preços mais acessíveis. Por isso, tanto sucesso. O lucro bruto do supermercado é de 25% e o do atacarejo, de 18%. Mas o líquido é perto de 1% a 1,5%. É muito apertado.
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