A primeira vez a gente nunca esquece. Imagina quando a estreia envolve criadores de produtos que têm identidade autoral forte, pequena escala, sendo que alguns são peças únicas, e até agora só falavam com os clientes por meio digital. Chega o dia em que a marca ganha o ponto físico, mas não um ambiente qualquer, mas um negócio novo em tudo, até na forma de gerenciar.
A
Loja Paralela, que acaba de abrir no Mercado Paralelo, no DC Shopping, no Quarto Distrito, em Porto Alegre, coloca pela frente desafios para a gestão entre os ocupantes, todos sem experiência de ponto físico e que terão de aplicar ferramentas de gestão dos negócios, enquanto a jornada está acontecendo.
A loja uniu Mercado Paralelo e Sebrae-RS, que vai testar um modelo de varejo novo até para especialistas em ponto de venda. Seis marcas vão passar pela loja a cada mês. A seguir, histórias e expectativas de quatro grifes da primeira seleção:

A Chococamis é dirigida pelas irmãs Camila e Vanessa Baí. Camila começou fazendo trufas, cupcakes e pães de mel em casa. Em meados de 2020, as duas decidiram que iam se dedicar ao negócio. "Nos juntamos para profissionalizar a produção", conta Vanessa. Os canais digitais comandavam até agora a demanda e as entregas. "É uma experiência de loja que a gente só tinha tido até agora indo a feiras", conta Camila, que já lida com mudanças desde que surgiu a Loja Paralela, pois teve de produzir mais para dar conta da nova frente, com pronta entrega. "Isso nos ajuda a entender a logística e como nos organizarmos na nova fase", explica ela. "O cliente chegar, provar e querer levar o produto é demais para a gente", descreve Vanessa, sobre um diferencial que só tem no ponto físico.

"Este espaço é crucial porque vai traçar o novo passo da minha marca, para entender as necessidades e qual o caminho que vou seguir", resume Letícia Dutra, que criou a Flaya em 2020, em meio à pandemia e focada primeiro em saias. Hoje a coleção inclui acessórios e outras peças de roupas. Para Letícia, o novo espaço é um salto, ao sair do digital para "o real". "Nada como ter o cliente vendo e pegando as peças", resume. Para a novata em varejo, a presença física trará a referência da receita gerada pelo ponto. Além disso, tem as nuances de clientes de dia de semana e dos fins de semana, diz.

A Birô Atelier nasceu em 2018, em Novo Hamburgo, com o propósito de transformar em moda, e valor, o que é um simples estoque que acaba esquecido pelas empresas. "Os estoques parados em varejos são gigantescos", comenta a diretora criativa da Birô, Bianca Rodrigues. Até hoje a marca só tinha tido inserção em showroom. Entrar no mercado de Porto Alegre por meio do la Loja Paralela é uma oportunidade. "Aqui estamos tendo a experiência de testar o ponto físico, antes mesmo de abrir o nosso e fazer investimento muito maior. A gente quer abrir loja na Capital sim", revela Bianca.

A agora artesã Fabíola Godoi dá à madeira um toque pessoal único, e foi isso que deu origem à marca que leva o seu nome. Sobre a nova fase da Fabíola Godoi Ateliê, a empreendedora é direta: "A aceitação do público está sendo fantástica". A agora artesã entrou no mundo do empreendedorismo na pandemia, depois de deixar a carreira de consultora de empresas. Agora no físico, ela já se movimenta: "Trabalho forte meu posicionamento digital para fazer com que o público do online vá ao físico conhecer as peças, assim como o público que está na loja conheça mais do meu processo de produção através do digital."