A coluna
Minuto Varejo já tinha dado a pista ao citar, em matéria em maio, que uma das livrarias mais populares de Porto Alegre e, certamente, a mais conhecida no bairro Cidade Baixa estava de mudança. Faltava dizer o destino da Bamboletras, que poderia muito bem estar em um dos livros que os leitores encontram na livraria.
O local escolhido é inusitado, como a coluna tinha definido em fim de maio. Com as obras de revitalização do centro comercial Nova Olaria, a Bamboletras decidiu que sairia antes mesmo do prazo dado pelos empreendedores. Ela ainda está no Olaria, e a mudança ocorre até o fim de junho.
O lugar escolhido é uma igreja, desocupada há pelo menos quatro anos e que fica na avenida Venâncio Aires, não muito longe do atual endereço.
"É um local perfeito para nós", resume o dono da marca, o jornalista Milton Ribeiro, que fez suspense, pediu para a coluna não revelar antes do fim de junho, mas agora o sinal verde foi dado.
Ribeiro conta que foi o filho que encontrou o lugar onde já funcionou uma igreja de linha Apostólica, segundo ele. "Vamos fazer uma loucura", disse o jornalista, quando surgiu a opção, que atendeu ao que o negócio já buscava: não ficar muito distante do ponto atual para não perder a relação histórica com o bairro.
Ambientes da igreja passaram por reformas, com adaptação dos ambientes para receber as prateleiras repletas de livros. Segundo Ribeiro, a nova Bamboletras será três vezes maior em espaço físico. Tem um palquinho, que pode virar uma área para recitais, sessões de poesia. Na área externa, tem um pátio, também espaço que pode ser aproveitado.
Na área interna ainda, tem espaço de sobra para lançar livros, o que no Olaria está prejudicado devido ao progressivo esvaziamento e restrição da futura obra. O jornalista diz que analisa buscar um parceiro para montar uma cafeteria.
Sobre o retorno ao endereço onde tudo começou, Ribeiro diz que não tem garantia de preço e aluguel, mesmo que os empreendedores tenham deixado claro que querem a livraria no mix futuro. O contrato para funcionar na antiga igreja é de quatro anos. O aluguel ficou em R$ 4,8 mil, um pouco menos que do R$ 5,2 mil do espaço no Olaria.
Livraria nasceu no pequeno espaço no Nova Olaria, que entrará em obras em fevereiro de 2023. Foto: Andressa Pufal/JC
A pequena e famosa livraria opera desde a inauguração do mall, no começo dos anos de 1990. Já a reabertura da galeria como
Complexo Multiuso Nova Olaria deve ocorrer somente no segundo semestre de 2024. As obras civis começam em março de 2023.
Ribeiro diz que preferiu desocupar o local agora, pois a colocação de tapumes dificulta ainda mais a visibilidade do ponto. A Cyrela, que fará a obra, e a Dallasanta, que é a dona do empreendimento informaram que a livraria poderia ficar no local até fevereiro de 2023, quando começam as obras civis.
"Somos uma livraria de rua, mas sem rua!", definiu o jornalista, diante das restrições físicas atuais, mesmo que o Olaria ainda esteja aberto. O cinema funciona nos fundos. As condições também não oferecem espaço para lançamento de livros, por exemplo, que antes eram feitos nos cafés da galeria, que fecharam na pandemia.
Sobre a volta da Bamboletras ao mesmo espaço, o CEO diz que o proprietário foi convidado a retornar, mas o executivo admite que a decisão será do livreiro, devido ao longo prazo para a retomada. A expectativa é que o cinema volte também ao espaço, na área mais ao fundo do mall.
"Os donos da Dallasanta disseram que a livraria faz parte da identidade do Nova Olaria", citou Ribeiro. Mas ele lembra que a decisão vai depender das condições da locação, de preço a regras de contrato.
A Cyrela prevê 30 meses de obras, a partir de junho deste ano, considerando já a mobilização de estande de plantão de vendas das unidades residenciais previstas nas torres a serem erguidas. A revitalização não vai ampliar área comercial.
O foco é fazer melhorias estruturais, que vão da recuperação das fachadas, substituição dos telhados por lajes impermeabilizadas com colocação de plantas (telhado verde), revitalização da Praça do Chafariz, que terá função de intersecção com todos os tipos de uso (comercial, lazer, serviços e residencial), remoção de construções irregulares na calçada da Lima e Silva e recuperação do desenho original da construção, com elevação do piso central da galeria, instalando acessibilidade.
O projeto prevê três torres residenciais, sendo uma de unidades familiares, com 90 metros quadrados, e duas de estúdios, com 25 metros quadrados. O perfil do empreendimento segue outros prédios que foram erguidos na região nos anos recentes ou estão em execução e que vêm gerando mais fluxo. O bairro tem uma população que vai de jovens a faixa acima de 60 anos.
O valor geral de venda das unidades é estimado em cerca de R$ 280 milhões. Já o investimento entre mall e as torres será de R$ 150 milhões, com geração de 1,5 empregos totais, entre diretos e indiretos.