Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas) e redes regionais preferem que a restrição se mantenha na regra atual, de até 2,5 mil metros quadrados, em vigor desde 2005. Na Câmara, o PL deve ser rejeitado, informou a titular da coluna Pensar a Cidade do Jornal do Comércio, Bruna Suptitz, após ouvir partidos da base do governo e da oposição.
O tamanho é previsto para as regiões mais adensadas, que são aquelas com maior concentração de população e mais desenvolvidas, que é o que o PL quer mudar. Pode erguer hoje loja de autosserviço maior em áreas que ficam nas bordas urbanas da Capital, como na Zona Norte, onde a Comercial Zaffari, de Passo Fundo,
abriu um atacarejo da bandeira Stok Center em 2021, com 7 mil metros quadrados, ao lado da Havan.
"Manter como está", defende o diretor da rede Asun Antonio Ortiz Romacho. A rede tem lojas em diversos bairros. "Precisamos ser democráticos, mas se liberar vão chegar empresas para exterminar o mercado gaúcho de supermercados", antevê o varejista do setor, que atua também no Litoral Norte,
onde faz a maior expansão.
O temor de Romacho tem fundamento e não são apenas bandeiras de fora que estão de olho em uma liberação do tamanho. De Santa Catarina, o Bistek, com supermercado na Zona Norte, já disse à
coluna Minuto Varejo que
planeja mais unidades na Capital, mas que dependeria de novo patamar de área. A Comercial Zaffari também já sinalizou que gostaria de estar em mais regiões.
Impactos para pequenos e médios varejistas e também fornecedores locais estão na lista de razões para a reprovação do projeto por vereadores ouvidos pela coluna Pensar a Cidade.
Dono da rede Super Kan, nascida na Restinga, Extremo Sul porto-alegrense, marca que inaugura no segundo semestre deste ano
um centro comercial com atacarejo no bairro, Marcos da Silva, o Marquinhos, já disse ao
Minuto Varejo que a liberação vai afetar pequenos como a rede dele e outros menores.
O presidente da Agas, Antonio Cesa Longo, defende que a decisão sobre onde pode ter unidades maiores cabe à prefeitura, com base em estudos de crescimento da cidade. O dirigente acredita que este deve ser o caminho e não mudar a regra em vigor.
"É importante discutir e aprimorar (a lei) e não rasgar tudo que tem", adverte Longo. "Quem criou a restrição teve motivo. A prefeitura deve definir um novo zoneamento, apontando para onde a cidade está indo."
O custo do metro quadrado nas áreas mais adensadas já impede que pequenos possam abrir mais operações. "Liberar tudo realmente proporciona que grandes grupos comprem uma quadra inteira e façam investimentos", cita Longo.
"Limitar a área também permite retorno mais rápido para quem atua, já que os consumidores querem a solução mais perto de casa."