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RS precisa entrar no radar global de semicondutores, diz Prikladnicki
Para presidente da Invest RS, é preciso aumentar visibilidade do Estado
Invest RS/Divulgação/JC
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Patricia Knebel
Com anos de experiência no ecossistema de inovação brasileiro - ex diretor do Tecnopuc - e global, Rafael Prikladnicki se acostumou a identificar, negociar e apoiar a vinda de investidores para o Rio Grande do Sul. Agora, como presidente da Invest RS, ele tem a missão de fazer isso não apenas para um parque científico e tecnológico, mas para todo Rio Grande do Sul. Em entrevista ao podcast Better Future, ele fala sobre o papel desempenhado pela Invest RS no ecossistema de inovação local.
Com anos de experiência no ecossistema de inovação brasileiro - ex diretor do Tecnopuc - e global, Rafael Prikladnicki se acostumou a identificar, negociar e apoiar a vinda de investidores para o Rio Grande do Sul. Agora, como presidente da Invest RS, ele tem a missão de fazer isso não apenas para um parque científico e tecnológico, mas para todo Rio Grande do Sul. Em entrevista ao podcast Better Future, ele fala sobre o papel desempenhado pela Invest RS no ecossistema de inovação local.
Mercado Digital - Qual é o lugar da Invest RS no nosso ambiente de inovação?
Rafael Prikladnicki — Ela é uma estrutura de articulação de prospecção e promoção do Estado. Historicamente, o Rio Grande do Sul já capta investimentos. A gente quer divulgar e promover as potencialidades de forma multisetorial — é um trabalho articulado e muito colaborativo com os diversos setores da sociedade. Não vamos fazer algo no lugar do que já está sendo feito, queremos ampliar a nossa capacidade de atrair investimentos e promover comercialmente nossas empresas e produtos.
Mercado Digital - Você tem uma vasta experiência no ecossistema de inovação brasileiro e internacional. De que forma isso contribui para esse desafio atual?
Prikladnicki — De uma forma muito simplificada, eu diria que o desafio da agência é o desafio que eu tinha no Tecnopuc multiplicado para o Estado inteiro, o que abrange vários setores. No Tecnopuc, a gente tinha um direcionamento para alguns setores que eram prioritários da universidade e tínhamos o recorte que é a atuação do parque, mas a gente sempre teve um olhar para fora. O Tecnopuc foi concebido dentro de uma lógica de olhar para as melhores referências. O que a Invest RS precisa fazer é, de certa forma, o mesmo que fazíamos naquele recorte, mas de forma muito mais intensa e ampla, olhando para o estado inteiro e para o nosso plano de desenvolvimento, que é o que nos orienta nessa atividade.
Mercado Digital - Existem indústrias ou setores que vocês estão olhando com mais intensidade ou que já iniciaram conversas?
Prikladnicki — O plano tem cinco habilitadores, cinco prioridades (recursos humanos, inovação, ambiente de negócios, infraestrutura e recursos naturais) e prevê um conjunto de iniciativas a partir de uma identificação inicial de 12 setores com maior potencial de contribuir nesse impacto que se espera no PIB do Estado, como turismo, inovação, produtos digitais, agronegócio, fertilizantes, semicondutores, máquinas agrícolas. O que a gente tem feito como agência é focar nessas áreas — não quer dizer que só esses setores são importantes. Podemos identificar lá na frente algum setor que passou a oferecer um maior potencial — até porque é um projeto de estado, e não de governo.
Mercado Digital - O setor de semicondutores é um deles?
Prikladnicki - Sim, a área de semicondutores é estratégica não apenas para o Estado, para o Brasil, mas para o mundo. A recente missão que fizemos à Malásia não aconteceu por acaso. Em especial, para onde fomos, Kuala Lumpur e Penang (que é a capital de uma ilha no norte da Malásia), e ali é o que chamam de Vale do Silício do Sudeste Asiático. Aquela região é um hub de semicondutores — mais de 10% da exportação da área de semicondutores do mundo sai dali. No Rio Grande do Sul a gente tem histórico, temos empresas e formação nessa área. Existe uma estratégia nacional para a área de semicondutores; o Rio Grande do Sul tem um programa estadual para incentivo do setor e esse programa é coordenado pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia.
Mercado Digital - Nós já somos competitivos no setor de semicondutores?
Prikladnicki — O Rio Grande do Sul tem uma série de ativos que pode e deve explorar, mas pegando esse exemplo da Malásia, até irmos para lá, não estávamos no radar. Nós entramos no radar porque temos um empreendedor com um potencial projeto que olhou para três ou quatro países na Ásia e escolheu a Malásia para prospectar. Em geral, não somos conhecidos.
Como agência de desenvolvimento, fomos juntos, atestamos a importância desse projeto para o Estado, mas se abriu uma outra agenda, que talvez não fosse aberta se tivéssemos feito a missão especial para aquele país. O resultado disso é uma possível missão, do governo da Malásia, de dois a três dias no Rio Grande do Sul para conhecer pessoalmente aquilo que a gente apresentou. Conseguimos mostrar o valor que a gente tem e o potencial para desenvolver não só aquela fábrica de teste e encapsulamento, mas toda uma cadeia.
Mercado Digital - A Invest RS também atua como um parceiro destes investidores de fora para facilitar negócios, como um soft landing?
Prikladnicki— No ambiente de inovação, usávamos muito esse termo (soft landing). Eu acompanhei diretamente, na minha época de Tecnopuc, a vinda de uma empresa americana, a Thoughtworks, para o Brasil. Em 2009, fui a Chicago, onde fica a matriz da empresa, para apresentar o Estado e, naquela época, o Tecnopuc. A Thoughtworks estava vindo para o Brasil e escolhendo onde ficaria, no país, para começar a operação na América do Sul. Foram seis meses entre a primeira conversa e o início das atividades. Hoje, a empresa tem milhares de profissionais em várias cidades no Brasil.
O que eles diziam é que o processo que fizemos com eles foi a abertura mais rápida de um escritório que já fizeram devido ao apoio que tiveram para entender leis, impostos, onde os executivos iriam morar, conexões com parceiros locais, como contratariam as pessoas. Esse soft landing, ou seja, o trabalho de ajudar a entender o ambiente — é pegar o empreendedor pela mão e ficar com ele não só até que o investimento seja anunciado. Essa é uma preocupação nossa, de não ficar apenas em atrair e anunciar, mas garantir que a operação começou e está funcionando da forma como foi projetada. Isso faz diferença para que um empresário ou um investidor decida. Às vezes, não é tanto pela oferta de um terreno ou incentivo tributário, mas é um conjunto que envolve também o relacionamento que se estabelece com os atores daquele local. E é isso que nos propomos a fazer também como Invest RS.