A inteligência artificial (IA) generativa deixou, rapidamente, de ser uma aposta para se tornar uma realidade estratégica no mercado corporativo. Entre 2023 e 2024, o uso da tecnologia dobrou entre as empresas no mundo todo — e esse aumento ocorreu em apenas 10 meses, de acordo com estudo publicado no ano passado pela McKinsey.
A demanda crescente por soluções levou a Infosys, uma das gigantes do setor de tecnologia, a realizar 750 projetos-pilotos de IA para 2 mil clientes, desde que a empresa começou a desenvolver soluções baseadas em inteligência artificial. “Iniciamos há mais de 4 anos. No último ano, realizamos mais 350 projetos-piloto”, contabiliza Ramanath Suryaprakash, vice-presidente de Ecossistemas de Parceiros e Alianças Globais da Infosys.
Durante sua participação no Susecon 2025, evento promovido pela Suse em Orlando, Suryaprakash destacou que a popularização do ChatGPT foi um divisor de águas para o avanço das aplicações de IA generativa. “Todas as grandes plataformas comerciais, hyperscalers e redes sociais lançaram suas próprias ferramentas baseadas no ChatGPT. Os softwares comerciais estão automatizando suas funcionalidades para aumentar sua utilidade, autoatendimento e capacidade de aprendizado.”
Na ocasião, as duas empresas anunciaram que estão aprofundando a parceira global de integração de sistemas Infosys para desenvolver uma nova solução, que reúne o Suse AI com soluções de integração de sistemas Gen AI da Infosys com base nas ofertas Infosys Topaz AI. O Infosys Topaz é uma oferta de IA projetada para acelerar o valor comercial para empresas globais usando IA generativa.
A transformação impulsionada por IA ganhou força com o avanço dos modelos de base (foundation models) e dos modelos de linguagem de médio porte (MLMs), que podem ser personalizados para setores específicos. Mais recentemente, surgiram os Small Language Models (SLMs), criados para atender às necessidades particulares de cada empresa.
"Com base nos dados empresariais internos, esses modelos são treinados para atender às necessidades de cada organização. A política de dados dessas empresas não é pública — tudo é específico, dependendo do porte e da presença global da organização.", explica Suryaprakash. Além disso, os modelos híbridos, que combinam informações públicas e dados internos, estão ajudando as empresas a compreender melhor a concorrência e identificar tendências de mercado.
A implementação da IA tem ocorrido em cinco áreas principais: produtividade pessoal, serviços, suporte a vendas e marketing, transformação do negócio principal e inovação. Inicialmente, a adoção foi impulsionada por aplicações que aumentavam a eficiência individual, como ferramentas de pesquisa, geração de conteúdo e automação de reuniões.
Em seguida, a IA passou a otimizar a cadeia de suprimentos, suporte de TI e suporte comercial. "A IA precisa resolver problemas reais – não pode ser apenas uma tendência tecnológica sem propósito. Portanto, o alinhamento entre negócios e operações é essencial", explica Suryaprakash.
Suryaprakash demonstra como a Infosys está aplicando a IA em seus processos. Uma das iniciativas é o uso da tecnologia em gestão de talentos. Com a contratação global de cerca de 50 mil pessoas por ano, a empresa recebe mais de 2,5 milhões de candidaturas anualmente. A IA permite otimizar esse processo, filtrando perfis e identificando os candidatos mais adequados para cada vaga.
Outra aplicação da IA é na gestão de aprendizado (LMS - Learning Management System). A Infosys criou uma plataforma para essa finalidade. “Temos mais de 250 treinadores com doutorado revisando os conteúdos gerados antes que sejam reinseridos nos modelos de IA”, conta.
“Chamamos isso de inteligência aumentada, pois sempre envolve a supervisão humana.”
Para Suryaprakash essas iniciativas são valiosas e fortalecem o desenvolvimento de soluções. “A inovação começa dentro de casa”, diz. “Queremos criar soluções completas. Temos laboratórios de IA voltados para tecnologias emergentes e startups. Toda semana, um novo parceiro se junta a nós.”
A Infosys também tem apostado na colaboração com a comunidade de código aberto para tornar a IA mais acessível e transparente. “A IA é um campo em constante evolução. E, assim como a Suse tem uma comunidade de código aberto vibrante, queremos colaborar. Por isso, abrimos nosso código no GitHub e estamos felizes em saber que a Suse integrará essa resposta ao seu AI Toolkit, tornando-o ainda mais poderoso”, finaliza.