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Tecnologia é para todos os gaúchos, defende Lisiane Lemos
Lisiane é uma voz ativa na promoção da diversidade e inclusão
Paula Paz/Divulgação/JC
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Patricia Knebel
Tecnologia, inovação e inclusão digital é para todos, defende Lisiane Lemos, Secretária Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas Públicas de Equidade do Rio Grande do Sul, convidada do décimo episódio do podcast Better Future, do Jornal do Comércio. Com uma trajetória que inclui posições estratégicas em gigantes como Google e Microsoft, Lisiane tem se destacado como uma ponte entre a tecnologia e as demandas sociais.
Tecnologia, inovação e inclusão digital é para todos, defende Lisiane Lemos, Secretária Extraordinária de Inclusão Digital e Apoio às Políticas Públicas de Equidade do Rio Grande do Sul, convidada do décimo episódio do podcast Better Future, do Jornal do Comércio. Com uma trajetória que inclui posições estratégicas em gigantes como Google e Microsoft, Lisiane tem se destacado como uma ponte entre a tecnologia e as demandas sociais.
“Eu me sinto uma tradutora entre esses dois mundos”, reflete. Em uma conversa inspiradora, ela compartilha como inclusão digital, inovação e representatividade podem transformar vidas e fortalecer comunidades, além de revelar o que a motiva diariamente: garantir que cada cidadão gaúcho perceba que a tecnologia e a inovação são ferramentas acessíveis e essenciais para seu futuro.
Lisiane é uma voz ativa na promoção da diversidade e inclusão. Co-criadora da Rede de Profissionais Negros e do Comitê de Igualdade Racial no grupo Mulheres do Brasil, também é presidente do conselho do Instituto Conselheira 101 e conselheira na NTT Data.
Mercado Digital – Como foi essa decisão de sair do mundo corporativo e abraçar o desafio no poder público?
Lisiane Lemos — Uma decisão ou uma insanidade? (risos). Eu sai do Google no dia 11 de janeiro de 2024 para, no dia 23 do mesmo mês, já entrar no governo. Essa decisão foi pensada, e se conecta muito com a minha trajetória. O primeiro ponto é que representatividade importa. Eu sempre defendi nos projetos que eu trabalhei antes que a gente precisava de mulheres, de pessoas negras, de pessoas com deficiência, de idosos em espaços de poder, para que as novas gerações pudessem se inspirar.
Poucas vezes na vida teria a chance de fazer isso dessa forma. Nenhuma grande empresa hoje (talvez muito poucas) tem a chance de impactar 11 milhões de pessoas de uma vez só, em 497 municípios no estado mais longevo do país e depois do maior desastre climático de todos os tempos. Já sob uma ótica de carreira, porque eu não vou mentir que eu não pensei a longo prazo, decidi por essa mudança porque estou construindo uma história de alguém que trabalhou em duas das empresas mais inovadoras empresas do mundo e foi secretária de estado, tudo com menos de 35 anos.
Mercado Digital – Qual a grande vantagem dos projetos que você se envolveu no passado para o trabalho que você realiza agora?
Lisiane — Acho que uma das grandes fortalezas é entender o linguajar do setor privado para conseguir construir alianças. Um exemplo: um dos pilares que a gente tem na secretaria hoje no pós-enchente é de letramento digital e eu entendi que dentro dos centros humanitários de acolhimento, dos abrigos que a gente tem do Estado, não tínhamos ferramentas. Essas pessoas perderam tudo. Aí me reuni com a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) e comentei que a temos aqui espaço para fazer laboratórios.
Por eu entender como as empresas funcionam, especialmente suas áreas de responsabilidade social corporativa, e as rotinas de governo para doações, conseguimos costurar essa parceira e disponibilizar laboratórios com 10 computadores de última geração que a Brasscom nos doou. Eu me sinto uma tradutora entre dois mundos.
Mercado Digital – Qual seu maior objetivo na secretaria?
Lisiane — Eu quero que todo cidadão gaúcho entenda que tecnologia, inovação e inclusão digital é para ele. Isso é o que me faz acordar todo dia. Sobre a secretaria, existe um cenário antes da enchente e um depois da enchente. Antes, quando fizemos a estratégia, eu pensava em comunicação no digital, modernização do setor agro, atração de empresas de tecnologia e desenhar as ações dentro do South Summit pensando somente nesse Rio Grande do futuro. Em maio, veio a enchente, então, eu quis fazer as coisas de forma diferente. Não dava para seguir com a mesma estrutura depois do desastre climático. Estruturamos a secretaria em grandes áreas que norteiam esses projetos e por onde a gente prioriza, e sempre com o foco central de endereçar temas como inclusão digital, equidade e empreendedorismo, com atenção especial populações minorizadas e vulnerabilizadas.
Mercado Digital – Que projetos ajudarão a endereçar esse novo momento pós-enchentes?
Lisiane – O primeiro ponto é cuidar das pessoas, porque temos uma população que teve a saúde mental prejudicada. Em algumas periferias, 20% não delas não voltaram para as suas casas, sem falar em quem perdeu seus negócios. É importante falar de tecnologia exponencial, mas se tem gente passando fome e frio, não dá. E aí quero dar atenção especial para a população quilombola – temos 130 Quilombos no Estado -, mulheres, população idosa.
Precisamos de políticas de cuidado e atenção. Um terço da nossa população está no Cadastro Único. Será que essa pessoa sabe que ela tem acesso aos benefícios que precisa? Um segundo ponto é o letramento. Ao longo das enchentes, vimos que as pessoas não sabem, muitas vezes, preencher um formulário online. É preciso ensinar a usar a tecnologia. Um exemplo é o projeto que desenvolvemos, a muitas mãos com a WPP, que é um dos maiores grupos de publicidade do mundo, que é uma solução de marketing digital para agricultura familiar.
O terceiro ponto é educação, e eu fiz uma provocação de pensar a educação para fora da Secretaria de Educação, porque temos uma das melhores secretárias de educação do país, que é a secretária Raquel Teixeira. Quase 100% das escolas tem internet, então, conectividade não é um problema. Temos ensino profissionalizante evoluindo para essas novas profissões.
Estamos trabalhando em projetos de educação não formal para o futuro e novas profissões. Um exemplo, que é anterior à enchente, mas muito relevante, foi uma parceria que a gente fez com uma edtech que chama Soul Code, para aula de programação para jovens infratores na FASE.
Quando levamos o dono de uma empresa de tecnologia que contou que um programador em início de carreira ganha R$ 3,5 mil, vimos que poderíamos tirar esse jovem do crime. E o outro aspecto que estamos endereçando é o empreendedorismo, que é o motor do Estado. Mas, nesse caso, no sentido de estimular a formalização.