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Patricia Knebel

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Publicada em 11 de Agosto de 2024 às 19:24

'Tecnologia está redefinindo nossos limites', aponta Logemann

Executivo da SLC Agrícola destaca evolução com chegada das novas tecnologias ao campo

Executivo da SLC Agrícola destaca evolução com chegada das novas tecnologias ao campo

Eduardo Rocha/Divulgação/JC
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Completando 80 anos de história, o Grupo SLC evoluiu de um pequeno negócio familiar iniciado na cidade gaúcha de Horizontina para se tornar a maior empresa agrícola do mundo em área plantada. O head de inovação e gestão de estratégia da SLC Agrícola, Frederico Logemann, contou em bate papo no podcast Better Future, uma realização do Jornal do Comércio, como tem conduzido a empresa em seu processo de transformação e o que espera para o futuro do agronegócio. "Acreditamos que a produtividade agrícola continuará crescendo em ritmo igual ou até superior ao crescimento da população e da renda, graças às inovações tecnológicas que estão surgindo em todas as frentes", afirma. A visão de um futuro de abundância se reflete na adoção de tecnologias avançadas pela SLC, como Internet das Coisas (IoT), drones e sistemas de telemetria, que estão revolucionando a agricultura.
Completando 80 anos de história, o Grupo SLC evoluiu de um pequeno negócio familiar iniciado na cidade gaúcha de Horizontina para se tornar a maior empresa agrícola do mundo em área plantada. O head de inovação e gestão de estratégia da SLC Agrícola, Frederico Logemann, contou em bate papo no podcast Better Future, uma realização do Jornal do Comércio, como tem conduzido a empresa em seu processo de transformação e o que espera para o futuro do agronegócio. "Acreditamos que a produtividade agrícola continuará crescendo em ritmo igual ou até superior ao crescimento da população e da renda, graças às inovações tecnológicas que estão surgindo em todas as frentes", afirma. A visão de um futuro de abundância se reflete na adoção de tecnologias avançadas pela SLC, como Internet das Coisas (IoT), drones e sistemas de telemetria, que estão revolucionando a agricultura.
Mercado Digital - Como uma empresa prestes a completar 80 anos tem lidado com a rápida digitalização no campo?
Frederico Logemann - A agricultura que fazemos hoje é muito diferente da que fazíamos 10 anos atrás; e daqui 10 anos vai ser muito diferente também. Grupo SLC vai fazer 80 anos e nós pudemos participar de muitas evoluções do agronegócio brasileiro, desde a introdução da primeira colheitadeira que foi feita no Brasil, a migração para o cerrado e toda a mudança de manejo e de tecnologia que foi necessária para lidar com aquele tipo de escala de agricultura. E agora vem essa onda do digital. Mudamos a mentalidade e fizemos as evoluções necessárias para lidar com as novas tecnologias que estão sempre chegando. Agora, temos uma área de TI muito grande, uma gerência de agricultura digital, uma área de inovação para pensar esses projetos. Essa visão da tecnologia como vantagem competitiva e estratégica está muito difundida na empresa. Entendemos que a agricultura de escala, que é a que praticamos, sempre teve os ganhos e dificuldades também. As novas tecnologias, como Internet das Coisas, drones, telemetria de máquinas e sistemas de controle, estão nos ajudando a lidar com isso, enxergando e gerenciando grandes áreas com muito mais precisão.
Mercado Digital - Qual é o tamanho da do grupo SLC hoje?
Logemann - A SLC agrícola nesta safra que está correndo (2023/24) vai colher em torno de 654 mil hectares. É a maior empresa de agro do mundo. Em 2023, a receita foi de R$ 7,2 bilhões, lucro de R$ 938 milhões e Ebitda ajustado de R$ 2,7 bilhões.
Mercado Digital - Qual o maior desafio de fazer um uma empresa desse tamanho se transformar e conseguir hoje olhar para novas tecnologias?
Logemann - Tem que ter uma inquietação grande de saber que as coisas mudam rápido, e aqui apostamos também na postura de uma empresa early adopter de tecnologias. Assim que a gente identifica tecnologias que têm um potencial, logo pensamos em como criar um processo para escalar isso em todas as unidades o mais rápido possível. Para isso ser possível, tivemos que desenvolver metodologias e estudar boas práticas de como é que a inovação funciona nessa nova realidade de ecossistema de inovação. Não basta você só bater lá na John Deere ou na Bayer para saber o que está vindo de novidade. Hoje, a inovação está vindo de tudo que é canto. Usamos tecnologias de ponta que não foram ofertadas pela John Deere nem pela Syngenta, nem pela Bayer, mas vieram de uma startup. Reconhecendo essa nova realidade, criamos programas de conexão com startups onde a gente lança um desafio para o ecossistema. É uma prática de inovação aberta.
Mercado Digital - Como você vê a evolução da relação entre grandes empresas e startups no Brasil?
Logemann - Eu acho que o ecossistema amadureceu. Criaram-se e difundiram-se boas práticas que permitem que nem a empresa nem a startup percam tempo com uma parceria que não vai dar certo. Na SLC, tivemos que modificar processos e ritos de tomada de decisão para nos adaptarmos ao lidar com startups. Consultorias e hubs de inovação, como o Instituto Caldeira, têm ajudado a difundir essas práticas. A última fronteira, que considero a mais complexa, é o investimento das corporações nas startups, o Corporate Venture Capital. Estamos ainda na primeira onda dessa criação de veículos de Corporate Venture Capital no Brasil, mas vemos um grande potencial.
Mercado Digital - Qual é o orçamento para investir em startups?
Logemann - Quando criamos o fundo, estabelecemos um orçamento de R$ 50 milhões em cinco anos. Isso foi no final de 2020. Já aportamos um pouco mais da metade desse valor. O primeiro investimento foi na Aegro, uma startup de Porto Alegre que desenvolve software para gestão de pequenas fazendas. Depois investimos na Pink Farms, uma empresa de fazendas verticais. Também investimos na Sensix, agtech de Uberlândia (MG) que trabalha com agricultura de precisão para fertilização do solo. Temos outros dois projetos que ainda não anunciamos ao mercado. Um é relacionado ao mercado de carbono, mensurando a pegada de carbono na agricultura, e o outro envolve imageamento de daninhas com drones. Há também uma iniciativa de um robô para monitoramento de pragas, ainda em fase inicial.
Mercado Digital - Como você enxerga esse cenário de crescimento das Venture Builders
Logemann - Temos duas iniciativas de venture builder (foco na construção e desenvolvimento de ideias e negócios escaláveis e, de forma geral, são empresas especializadas em criar empresas) ainda em fase inicial, mas que em breve anunciaremos ao mercado. Diferente de uma participação minoritária, como na Aegro, Pink Farms e Sensix, teremos uma participação maior, talvez até majoritária. Conectamo-nos com empresários que desenvolveram um pouco da tecnologia, mas que precisavam de refinamento e uma estratégia de go-to-market. Apoiamos esses processos para que se tornem potenciais novos negócios para a empresa. Quando começamos essa jornada de inovação, sabíamos que o topo da montanha era o venture builder. Algumas pessoas da nossa empresa já estão envolvidas part-time nestes negócios que estamos investindo, mas chegará o momento em que teremos que pedir a alguém para sair de sua função atual e se dedicar a uma startup.
Mercado Digital - Como você enxerga o futuro do agronegócio?
Logemann - Podemos imaginar uma fazenda daqui a 10 anos com um desenho organizacional completamente diferente. Todas essas atividades repetitivas e braçais tendem a ser eliminadas. As fazendas tendem a se tornar cada vez maiores. Nossa maior fazenda hoje já está perto de 70 mil hectares plantados. Há 20 anos, não imaginávamos ser possível, mas a tecnologia está redefinindo nossos limites. Além disso, temos uma visão de futuro de abundância, não de escassez. Acreditamos que a produtividade agrícola crescerá ao mesmo ritmo, ou talvez até mais, do que a população e a renda. As inovações tecnológicas em todas as frentes são impressionantes. Com tantas inovações, estamos confiantes de que não faltará comida.
 

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