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Patricia Knebel

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Publicada em 06 de Maio de 2024 às 21:55

Criação de empreendedores exige novo modelo de formação

Susana Kakuta, Alsones Balestrin e Juliana Suzin, cofundadores da Startup Academy

Susana Kakuta, Alsones Balestrin e Juliana Suzin, cofundadores da Startup Academy

Eduardo Carneiro/Divulgação/JC
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Na era do empreendedorismo, os modelos educacionais são desafiados a acompanhar as novas dinâmicas do mercado, o que pode ser extremamente complexo em um cenário de acelerada transformação digital. É desse contexto que as discussões sobre a formação empreendedora se aprofundam.
Na era do empreendedorismo, os modelos educacionais são desafiados a acompanhar as novas dinâmicas do mercado, o que pode ser extremamente complexo em um cenário de acelerada transformação digital. É desse contexto que as discussões sobre a formação empreendedora se aprofundam.
Mesmo para quem não deseja ter o próprio negócio, desenvolver as habilidades necessárias a um empreendedor é algo cada vez mais relevante para alcançar boas posições profissionais. Para isso, é preciso repensar os processos de aprendizagem, considerando as demandas da atualidade.
O sistema educacional precisa mudar, isso é fato. E isso abre espaço para novos modelos, como o da Startup Academy. A edtech, investida pela Atitus Educação, está se posicionando como a primeira instituição de ensino a oferecer uma graduação chancelada pelo Ministério da Educação voltada à criação de startups. As aulas iniciam em maio, e as inscrições estão abertas. Na prática, a metodologia abrange os pilares de formação que são essenciais para os empreendedores, abrangendo desde a formulação do plano de negócios às habilidades digitais e comportamentais alinhadas ao novo cenário corporativo. Dessa forma, se desafia a ir além.
Para falar um pouco mais sobre essa transformação do ensino, os fundadores da Startup Academy, Juliana Suzin e Alsones Balestrin, e o CEO da Atitus, Eduardo Capellari, participaram do podcast Sounds of South Summit, uma iniciativa do Jornal do Comércio em parceira com o Instituto Caldeira e a Radiativa.
Educação superior e o desafio de acompanhar as transformações
Eduardo Capellari, CEO da Atitus Educação
Basicamente, durante o século 20, frequentar uma universidade era a melhor forma de ascensão social. Os jovens investiam na formação e com um diploma de curso superior iam para o mercado de trabalho arranjar algum emprego ou empreendiam e, em alguns anos após a formatura, tinham recursos suficientes para pagar todo o investimento realizado. Dos anos 1990 para cá, isso vem mudando, gradativamente, e esse período pré e pós-pandemia acelerou um gap em que o diploma não confere mais ao aluno (egresso do ensino superior) uma condição de ter retorno financeiro sobre o capital que ele investiu. Isso é estrutural. No Brasil, nós temos 40% dos jovens com um curso superior em um subemprego ou em atividade que não tem nenhum vínculo ou, então, muito longe da formação que realizou, com sub-salários, salários muito baixos. E mesmo na maior economia do mundo que são os Estados Unidos, você tem já dois movimentos nos últimos três anos e o perdão da dívida universitária demonstrando que mesmo que você frequente as 100 melhores universidades do mundo, ainda assim não consegue pagar a dívida do teu financiamento estudantil. Isso está levando ao fato que a universidade como o modelo que é, uma instituição centenária de 200, 300, 400 anos, não se reorganizou com a agilidade necessária para dar conta de uma das maiores transformações do mundo do trabalho num curto espaço de tempo. Então, o tipo de formação, a grade curricular, a forma que o aluno cursa uma graduação, não confere a ele condições mínimas para disputar o mercado de trabalho que é cada vez mais digital, com um conjunto de competências que são mais diversas do que as grades curriculares apresentam.


Habilidades e competências potencializam as chances de sucesso
Alsones Balestrin, co-fundador da Startup Academy
Sabemos que startup é um negócio nascente que depende muito da qualificação e das habilidades do empreendedor. Ao mesmo tempo, os maiores fundos de investimento estão com um apetite muito elevado para investir em startups. Mas, quem é que está formando esses empreendedores? Quem é que está, de certa forma, esculpindo esse empreendedor com as competências para que ele não falhe? Muitos empreendedores gostam de dizer: eu já quebrei dez startups, aprendi bastante. Então, parece que quem já faliu mais startups é o cara! E isso é uma tremenda bobagem, porque quem coloca o dinheiro numa startup não quer que ela quebre, né? O investidor quer que essa startup dê certo. É melhor para o empreendedor se ele der certo na primeira startup, sem quebrar, obviamente. Sabemos que muitas das startups quebram porque o seu fundador não tem as skills necessárias, então, é preparando ele que temos que atuar.
LEIA MAIS: Investir em startups exige estômago para risco, diz diretor da Gerdau

Formação empreendedora se ajusta à realidade de qualquer empresa
Juliana Suzin, co-fundadora e CEO da Startup Academy
Costumo dizer que o nosso curso não é nada tradicional: não temos disciplina e nós não medimos o aprendizado por carga horária. O aluno aprende fazendo e organizamos o currículo de modo que ele vai entrar no primeiro dia da sua formação e trabalhar de forma aplicada no seu modelo de negócio até o dia 730. Por que a gente organizou isso dessa forma? Porque acreditamos que precisamos transformar. Além do que a gente está trazendo como tese é ir muito além do que o aluno está pensando em termos de tirar a sua ideia do papel. A ideia é que a gente também transforme essas pessoas que estão dentro das empresas, que a gente transforme esse mindset empreendedor. Então a lógica de você ter um plano de negócio ao longo da sua jornada, não necessariamente significa que você vai querer ser um empreendedor. Mas você vai ser transformado para um mindset empreendedor para que também possa colaborar com as empresas, trabalhar, saber recrutar, identificar lideranças, trabalhar como um líder real e percebemos que se precisa trabalhar competências.

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