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Ecossistema avançou, mas temos chão pela frente, diz CEO do Cubo
Paulo Costa, do Cubo, esteve em Porto Alegre na semana passada, e participou do Sounds of South Summit
FERNANDA FELTES/JC
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Patricia Knebel
O CEO do Cubo Itaú, um dos maiores hubs de inovação da América Latina, Paulo Costa, esteve recentemente em Porto Alegre para uma semana de agenda cheia: o Innovation Leaders Summit, corealizado pela Numerik, a IE University, o Instituto Caldeira e o próprio Cubo, e para o South Summit Brazil. Aproveitamos a presença de Costa para participar do Sounds of South Summit, uma iniciativa do Jornal do Comércio, Caldeira e a Radioativa. Ele falou sobre o momento do ecossistema de inovação nacional, os desafios de busca por investimento de risco e os caminhos na evolução da relação entre as grandes corporações e as startups.
O CEO do Cubo Itaú, um dos maiores hubs de inovação da América Latina, Paulo Costa, esteve recentemente em Porto Alegre para uma semana de agenda cheia: o Innovation Leaders Summit, corealizado pela Numerik, a IE University, o Instituto Caldeira e o próprio Cubo, e para o South Summit Brazil. Aproveitamos a presença de Costa para participar do Sounds of South Summit, uma iniciativa do Jornal do Comércio, Caldeira e a Radioativa. Ele falou sobre o momento do ecossistema de inovação nacional, os desafios de busca por investimento de risco e os caminhos na evolução da relação entre as grandes corporações e as startups.
Confira na íntegra a participação de Paulo Costa no Sounds of South Summit
Mercado Digital – Qual é a principal diferença do ecossistema de inovação hoje de quando o Cubo iniciou a sua história no Brasil?
Paulo Costa– Ainda estamos todos aprendendo bastante e recém chegando ao fim dos nossos primeiros ciclos. Quando a gente fala em venture capital no Brasil, por exemplo, agora estamos entrando no primeiro ciclo de desinvestimento. Há cerca de dez anos alguns fundos fizeram os seus primeiros aportes e agora começamos a ver os resultados disso. Quando olhamos para regiões mais desenvolvidas do mundo, como a Califórnia (Vale do Silício, EUA) e Israel, esses ciclos já iniciam e encerram há algumas décadas. Na medida em que temos o fim dos primeiros ciclos, por exemplo, começamos também a ver as falhas e aprender com elas. Passamos a ter os second timers ou third timers empreendedores (fundadores em seus segundo ou terceiro negócios). Já tem aquela galera que errou ou que teve sucesso, e aqueles que erraram e já tem um pouquinho mais de visibilidade do que não fazer ou do que fazer. Esse amadurecimento não é só por causa do tempo, mas por causa dessa jornada de erros e acertos que tivemos, principalmente, nos últimos 15 anos na nossa região. Então, o empreendedor vem amadurecendo e está sendo um pouco mais diligente inclusive com o crescimento, mas ainda temos bastante chão pela frente.
Mercado Digital – Quais são as startups que, na sua visão, devem se destacar nos próximos anos?
Costa– É difícil falar, até pela nossa posição. Mas, sou muito aderente ao comportamento humano e não à tecnologia A ou B. Então, eu acompanho muito isso. Temos verticais de aposta. Uma delas é ESG, não dá para fugir deste tema, especialmente, do carbono zero. Criamos um hub de ESG há um ano e meio e saímos de duas ou três startups, que estavam lá por acaso, e agora são quase 50. No Hub Agro é a mesma coisa: tinha duas lá perdidas no Cubo e estamos passando de 40 startups nesse setor. O Cubo é um pouco a cara do Brasil. Somos reativos a grandes movimentos econômicos e isso acaba refletindo até no nosso funil, na nossa relação. Mas, vou puxar a sardinha para duas startup que estão aqui no Rio Grande do Sul, no Caldeira, e também no Cubo, que é a Pix Force, startup referência em inteligência artificial e premiada internacionalmente, e a Grilo, de mobilidade.
Mercado Digital – Há alguns anos, quando começou esse movimento das grandes corporações se aproximarem das startups, tivemos períodos de incertezas sobre o papel de cada um desses elos nessa relação. Hoje em dia, ultrapassamos essa barreira?
Costa – Eu diria que sim. Não dá mais para as grandes empresas olharem só para dentro. É preciso olhar para fora e entender como o brilhantismo da sua companhia com o brilhantismo de uma startup, por exemplo, vai ser capaz de criar algo novo para a sociedade. Isso é o Open Innovation. Esse movimento ganhou muita força no Brasil, e um conceito que tem 20 anos, mas ainda é novo. Quando você olha para a maturidade, para o perfil dos profissionais que rodam esse negócio, 30% estão entre dois e cinco anos de experiência de mercado. E 50% está com menos de dois anos no negócio. Então, temos um conceito em amadurecimento, profissionais que estão em desenvolvimento e financiadores desse negócio querendo produto novo e resultado de curto prazo. Vai demorar mais. Se fizermos um paralelo com as próprias startups, que estão criando produtos e serviços novos para o mercado, uma empresa em growth stage (estágio de crescimento) tem entre três e cinco anos de fundação, mas aí vem a grande empresa e quer rodar um programa de Open Innovation e, com seis meses, já espera o resultado que uma startup, que é natural daquele negócio, está levando entre três e cinco anos. As grandes empresas ainda precisam aprender bastante sobre esse dinamismo e sobre ter paciência, mas já evoluímos bastante.
Mercado Digital – A nova economia traz uma nova lógica da relação entre empresas e instituições, que é a da colaboração. É o que tem acontecido entre o próprio Caldeira e o Cubo, que poderiam estar simplesmente competindo, mas estão na verdade criando sinergias. Como você encara isso?
Paulo Costa – A minha visão é que temos que nos conectar com o propósito. Quando falamos do propósito do Instituto Caldeira, que é transformar a região e o ecossistema do Rio Grande do Sul, gerar valor e conectar as pessoas, vemos que está muito conectado com o propósito do Cubo, que é transformar a sociedade através do empreendedorismo tecnológico. Os nossos propósitos são muito alinhados. Essa é a primeira parte que nos conecta, que nos atrai. Depois tem uma parte que é como esse propósito está sendo desenvolvido. A pergunta chave é "Para que eu existo"? Fica mais fácil esse olhar quando a gente tem uma legitimidade no que está fazendo. Não sabemos como o futuro será, mas a gente olha para o negócio e se tem a ver com o que a gente faz. É incrível o que o Caldeira tem feito nos últimos três anos. Eu estou nesse negócio de ecossistemas e startups em várias cadeiras há bastante tempo, mais de décadas, e é sensacional o que está acontecendo aqui. Então, se a gente quer participar de um ecossistema de inovação pulsante, faz muito sentido a gente ter esse tipo de parceiro.